Emilio, é um antigo executivo bancário de 72 anos que ao começar a sofrer os primeiros sinais de Ahlzeimer, confundindo a casa com o banco e os familiares com os clientes, é internado num lar de idosos. Ali conhece outros idosos, cada um com o seu passado e com uma história de vida que já não interessa a ninguém. Miguel um dos utentes fica encarregado de lhe mostrar a casa e a rotina do lar, é deste modo que vamos conhecendo mais personagens como Antónia, ou Modesto, que está num avançado estado da doença e que brevemente subirá para o segundo piso da residência para onde vão as pessoas na fase final da doença.
A memória, esse componente tão frágil do corpo humano. Tão igual em todos os seres humanos e ao mesmo tempo tão diferente em cada um é tratada neste livro de um modo comovente, não sem por vezes com algum toque de humor negro provocando sorrisos no leitor.
Ao desenhar um casal de idosos num anúncio publicitário, Paco Roca vê-se na obrigação de os eliminar a pedido da agência que tinha encomendado o trabalho, porque os considerava antiestéticos. Explicaram-lhe que ninguém quer ver “velhos”. É então que o autor se dá conta de uma tremenda verdade: se a publicidade, que é o reflexo da sociedade vira as costas à velhice é porque o resto da sociedade também o faz. Para se vingar faz uma novela gráfica repleta de anciãos. Assim nasce Rugas.
Jiro Taniguchi refere-se deste modo à obra de Paco Roca. “Fiquei surpreendido com Paco Roca pela valentia e a sua técnica para abordar temas difíceis como a demência senil e a vida nos lares. Rugas é uma grande obra que se manifesta no poder que a arte do comic tem”
Rugas, Paco Roca, Levoir, 112 pp., cor, 21,90€
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