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20 de fevereiro de 2024

Mafalda - Feminino e Singular

A obra de Mafalda está toda publicada em Portugal, pelo que a editora Iguana decidiu republicá-la em pequenos volumes temáticos.

A Mafalda, a irreverente menina que encantou gerações com a sua visão bem-humorada do mundo em que vivemos, é uma das mais ilustres feministas do nosso tempo. As tiras reunidas neste Feminino Singular dão bem conta do carácter feminista desta criança que, aos seis anos, questiona o papel da mulher no mundo, e que não está disposta a tornar-se uma dona de casa de classe média dedicada às tarefas domésticas.

Sessenta anos após a sua criação, e com a luta pelos direitos das mulheres mais do que nunca no centro das atenções, a leitura que a Mafalda faz do mundo mantém-se extremamente actual. As vinhetas do genial Quino assumem hoje uma força extraordinária e ajudam-nos a tomar consciência do caminho percorrido e a percorrer para alcançar a igualdade entre homens e mulheres.

Mafalda - Feminino e Singular, Quino, Iguana, 112 pp., p&b, capa dura, 13,95€

16 de novembro de 2020

Quino - Ensaio de quadriculografia portuguesa

Argumentista, desenhador
Joaquín Salvador Lavado Tejón 
(Argentina) Mendoza, 17 de Julho de 1932 — Mendoza, 30 de Setembro de 2020)

Quino, pseudónimo de Joaquín Salvador Lavado é filho de imigrantes espanhóis originários de Fuengirola (Málaga).

Uma vez terminados os estudos em Belas-Artes, Quino tenta a sua sorte como desenhador na capital argentina, Buenos Aires, quando tinha 18 anos. Não conseguindo trabalho, regressa a casa e realiza diversos cartazes publicitários nos seus primeiros anos de trabalho, até que se muda para Buenos Aires, em 1954, onde o seu trabalho acabaria por, a pouco e pouco, ser devidamente reconhecido.

Começa a trabalhar como ilustrador para títulos tão diversos como Avivato, Esto Es, Que, Siete Dias, Tia Vicenta, Vea y Lea, entre outros, fazendo abundante número de caricaturas. Nos seus primeiros trabalhos nota-se que sofreu influências plásticas de Walt Disney e do argentino Guillermo DivitoMundo Quino, título do seu primeiro livro, foi editado em 1963.

Em 1964 surge a sua personagem emblemática, Mafalda, a contestatária, série de banda desenhada publicada nos jornais em tiras (curta sequência de quadradinhos), que inicialmente tinha sido imaginada para uma campanha publicitária a electrodomésticos e que, entretanto, acabou por ser recusada. Inicialmente, Mafalda é publicada no suplemento de humor da revista Leoplán, com três tiras, passando a surgir regularmente em Primera Plana (1964), depois no El Mundo (1965) e finalmente no Siete Dias (1967), terminando em 1973, apesar do grande sucesso alcançado em diversos países. Esta decisão prende-se com o desejo do autor de se dedicar inteiramente ao desenho de humor, à caricatura, por um lado, e de não cair na sempre dificilmente inevitável armadilha da repetição de ideias. As popularidade e actualidade da Mafalda continuam, apesar da BD desta personagem ter terminado há décadas. Para além disso, está associada a séries de desenhos animados e a diversos produtos derivados.

A obra de Quino é muito vasta, encontrando-se editada nas principais línguas. Os seus cartoons, aparentemente tão simples, retratam como poucos os inacreditáveis meandros da burocracia, a sempre surpreendente estupidez humana, a prepotência dos mais fortes sobre os mais fracos, entre outras célebres evocações que são recorrentes da sua obra, marcada por um humor e um grafismo sem igual.
O autor, que em Portugal tem um grande número de livros editados pela Dom Quixote, Bertrand e Teorema, já se deslocou ao nosso país para encontros com os jornalistas e os leitores portugueses em 2001 e em 2003.

Foi distinguido várias vezes, destacando-se: o Troféu Palma de Ouro do Salão Internacional de Humorismo de Bordighera (1978), "Desenhista do Ano" a nível mundial (1982), o Prémio B' nai B' rith Derechos Humanos (1998) e o Prémio Quevedos de Humor Gráfico (2001). Foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias na categoria de Comunicação e Humanidades em 2014.

Séries publicadas em Portugal:
Mafalda

One-shots publicados em Portugal:
  • [Colectânea] Gente, Álbum Publicações Dom Quixote [1978]
  • Quino show, Lobo Mau #9
  • [Colectânea] Comes e bebes, Álbum Publicações Dom Quixote [1982]
  • [Colectânea] Artes e partes, Álbum Publicações Dom Quixote [1982]
  • [Colectânea] Penso, logo existo, Álbum Publicações Dom Quixote [1983]
  • [Colectânea] Mundo Quino, Álbum Publicações Dom Quixote [1984]
  • [Colectânea] Não me grite, Álbum Publicações Dom Quixote [1985]
  • [Colectânea] Homens de bolso, Álbum Publicações Dom Quixote [1990]
  • [Colectânea] Potentes, Prepotentes e Impotentes, Álbum Publicações Dom Quixote [1990]
  • [Colectânea] Pecados de gula, Álbum Publicações Dom Quixote [1991]
  • [Colectânea] Quinoterapia, Álbum Publicações Dom Quixote [1992]; Álbum Teorema [2006]
  • [Colectânea] Condições humanas, Álbum Publicações Dom Quixote [1992]
  • [Colectânea] Bem, obrigado, e você?, Álbum Publicações Dom Quixote [1993]
  • [Colectânea] Sim... meu amor !, Álbum Publicações Dom Quixote [1995]
  • [Colectânea] Quanta bondade, Álbum Teorema [2003]
  • [Colectânea] Que presente tão inapresentável, ÁlbumTeorema [2006]
  • [Colectânea] A aventura de comer, Álbum Teorema [2008]
  • [Colectânea] Quino - 60 anos de humor, Álbum Documenta [2017]
[actualizado em 16.11.2020]

1 de outubro de 2020

Quino [1932-2020]


O autor argentino Quino, célebre por ter criado a contestatária personagem de banda desenhada Mafalda, morreu ontem em Mendoza, na Argentina, aos 88 anos, revelou a agência Efe.

De acordo com o jornal argentino Clarín, Quino morreu na sequência de um acidente vascular cerebral que sofreu na semana passada.

Filho de espanhóis, nascido em Mendoza, em 1932, Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.

Ficou célebre, porém, por uma personagem que se tornou numa das mais improváveis comentadoras políticas da atualidade, Mafalda, uma menina que detestava sopa, adorava os Beatles e tinha monólogos preocupados e existencialistas, em frente a um globo terrestre.

Quino imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de eletrodomésticos, para o qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.

A banda desenhada não chegou a ser publicada, mas Quino recuperou a personagem Mafalda quando o convidaram para publicar no Primera Plana, na altura um jornal que procurava fazer uma reflexão crítica da actualidade argentina e internacional. Foi a 29 de Setembro de 1964 que Mafalda surgiu.

Das tiras de Quino saíam comentários sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.

Quino deixou de desenhar Mafalda em 1973, admitindo ter ficado extenuado, e continuou a desenhar e a publicar outros desenhos de humor, compilados em diversos álbuns, mas foi a criança contestatária que mais fez espalhar o seu nome e o seu trabalho pelo mundo.

Em 2014, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em França, e o AmadoraBD dedicaram exposições a Quino, a propósito dos 50 anos da criação de Mafalda.

O diário El País descreve-o como "o cartunista mais internacional e mais traduzido em língua espanhola, e talvez o mais cativante", com centenas de tiras publicadas na imprensa de todo o mundo, e recorda que, em 2014, Quino foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades.

O jornal espanhol recorda ainda a resposta de Quino quando lhe perguntaram como seria Mafalda, na actualidade. Segundo o El País, Quino contrapôs que provavelmente essa "menina sábia" estaria morta, porque seria um dos desaparecidos da ditadura militar argentina (1976-1983).

Em 2016, numa entrevista à agência Efe, por ocasião da Feira do Livro de Buenos Aires, Quino afirmava que o mundo actual seria para a personagem Mafalda "um desastre e uma vergonha".

"Olhando as coisas que fiz todos estes anos, percebo que digo sempre as mesmas coisas e que continuam atuais. É terrível… não?", referiu Quino, a propósito dos seus temas de sempre: "A morte, a velhice, os médicos e outras coisas", como as injustiças sociais, a pobreza.

Profundamente tímido e reservado, Quino reconheceu na mesma entrevista que gostaria de ser recordado como "alguém que fez pensar as pessoas sobre as coisas que acontecem".

Lusa

6 de maio de 2017

Quino - 60 anos de humor

Aproveitando o evento Cartoonxira, a decorrer em Vila Franca de Xira até 28 de Maio, a editora Documenta, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, editou o álbum "Quino – 60 anos de humor".

Eis a sinopse da editora:

O humor de Quino é antiutópico. Este mundo não lhe permite alentar qualquer esperança. Ele não pode oferecer vidros coloridos. Que o façam os outros. Ele expõe a impossibilidade do homem no mundo mercantilizado, mecanizado, caótico, doente, egoísta, competitivo e frio do capitalismo. As suas notas também atingem a massificação e o autoritarismo dos regimes coletivistas. […]

Se o mundo é assim como Quino diz que é, é preciso fazer algo. E aqui reside a glória de um grande artista: mostrar-nos o horror do dia a dia, o intolerável do que é aceite, o pesadelo que habita o sonho, a impossibilidade – neste mundo já decidido – de tudo o que podemos amar. Quino não desenha utopias. Não acredita – suponho – que o futuro trará certamente algo de melhor. No entanto, o impiedoso presente que desenha só nos pode levar a querer mudá-lo. Toda a mudança implica imaginar um futuro diferente. Quino impele-nos a isso: ao futuro, à coragem, às nossas mais verdadeiras potencialidades. Assim, e não paradoxalmente, a sua negrura, o seu impiedoso ceticismo transforma-se em prática. [José Pablo Feinmann]