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26 de outubro de 2024

Clássicos da Literatura Portuguesa em BD #12: Peregrinação II

O segundo volume de Peregrinação, tal como o primeiro tem argumento da responsabilidade de João Miguel Lameiras e é ilustrado por Miguel Jorge, além do dossier ser da autoria de Paulo Silva Pereira.

Trata-se de um dos grandes clássicos da literatura de viagens. Editado pela primeira vez em 1614, tornou-se logo num sucesso editorial notável, sendo ainda hoje um dos livros portugueses mais traduzidos no mundo. E o caso não é para menos: trata-se de um relato excepcional não apenas pelo seu inegável merecimento literário, mas também por constituir um documento histórico de incalculável valor para se conhecer a vida e os costumes dos povos orientais no século XVI, bem como os meandros da presença portuguesa na Ásia, descrita sem condescendência por Fernão Mendes Pinto.

A obra trata da chegada e da estadia de Fernão Mendes Pinto no Oriente, apresentando o relato das expedições dos descobridores e conquistadores portugueses. A imagem dos navegadores portugueses que perpassa nesta obra é sobretudo picaresca, assumindo-se como um anti-herói, capaz das piores façanhas para lograr os seus objetivos, geralmente pilhar e roubar as populações nativas para enriquecer e regressar à pátria no alto da penha.

Fernão Mendes Pinto (1510?-1583) nasceu em Montemor-o-Velho e faleceu em Almada. Pouco se sabe da vida real deste autor. Pensa-se que era um comerciante que negociava no Índico, entre o Japão, a Índia e a China. Regressou a Portugal por volta de 1557 e casou com D. Maria Correia Brito, instalando-se numa quinta do Pragal.

Clássicos da Literatura Portuguesa em BD #12: Peregrinação II,  João Miguel Lameiras e Miguel Jorge, Levoir/RTP, 64 pp., cor, capa dura, 15,90€

31 de maio de 2024

Clássicos da Literatura Portuguesa em BD #6 - Peregrinação (vol. 1)

Publicado originalmente em 1614, mais de trinta anos depois da morte do seu autor, que o escreveu entre 1569 e 1578, Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, é um clássico da literatura de viagens e um dos livros portugueses mais traduzidos no mundo inteiro. Um relato épico de uma vida aventurosa, vivida em cenários exóticos, por um homem que foi soldado, escravo, pirata, mercador, náufrago, peregrino, diplomata, mas acima de tudo um atento observador e um grande escritor. Neste primeiro de dois volumes, acompanhamos a vida de Fernão Mendes Pinto desde o seu rapto por piratas franceses ao largo de Setúbal, ainda na adolescência, até aos primeiros anos da sua estada na Índia, onde trava contacto com personagens fascinantes, como o Capitão António de Faria.

Clássicos da Literatura Portuguesa em BD #7: Peregrinação I,  Miguel Jorge e João Miguel Lameiras, Levoir/RTP, 64 pp., cor, capa dura, 15,90€

3 de agosto de 2022

O fado ilustrado

Estamos no virar do século XIX. A Europa foi assolada por uma vaga de atentados anarquistas. Em Portugal, a Carbonária, uma facção terrorista, pretende derrubar o regime monárquico. Nas artes, o ambiente também é de crise. Os «Vencidos da Vida» já não se reúnem no Hotel Bragança, e o «Grupo do Leão» perdeu pujança. O povo antevê a mudança, e a monarquia está inquieta. Ramalho Ortigão, e sobretudo Eça de Queirós, escrevem obras de uma acuidade perturbadora acerca do que irá acontecer...

Através da história de uma das pinturas mais icónicas da história da arte em Portugal, O Fado, de José Malhoa, Jorge Miguel traça-nos uma maravilhosa e fascinante imagem do Portugal dos finais da Monarquia e inícios da República.

Jorge Miguel tem neste álbum um dos trabalhos que o afirmou claramente como um autor maior da banda desenhada portuguesa, quer como artista, quer como argumentista. E o facto de ele ter rumado a França pouco depois para construir a sua carreira como desenhador no mercado franco-belga, com uma mão-cheia de álbuns de sucesso (de que a Arte de Autor e A Seita editaram já anteriormente dois, Shanghai Dream, com argumento de Philippe Thirault, e Sapiens Imperium, com Sam Timel) foi certamente uma perda para o nosso mercado nacional, tão necessitado de uma variedade de obras, desde as mais “alternativas” ou “independentes”, até às que poderíamos apelidar de mainstream, capazes de tocar um público nacional bem mais alargado, de que O Fado Ilustrado é um excelente exemplo. Cruzando vários fios narrativos, uns ficcionais - as personagens que acabaram por inspirar Malhoa na criação do seu quadro e que aparecem nele - e outros históricos, reais, Jorge Miguel reconstitui “uma” história de como o quadro surgiu, e juntamente com ela traça-nos um fresco do Portugal do virar do século 19 para o início do século 20, fugindo aos clichés normais da BD histórica.

Editada pela primeira vez há mais de dez anos pela Plátano, a nova edição em parceria da Arte de Autor e d’ A Seita inclui uma capa nova, bem como uma revisão do texto feita em conjunto com o autor, e uma cronologia da época, e aproveita a edição conjunta polaca com a Timof Comics.

Nascido na Amadora em 1963, Jorge Miguel iniciou a sua carreira artística como ilustrador, tanto no campo editorial, como na pintura. Na BD a sua estreia deu-se com uma biografia de Camões, e desde 2012 que trabalha exclusivamente para o mercado francês, na mítica editora Humanoïdes Associés, em livros que abordam temáticas tão diversas como o terror, em Z comme Zombies, o thriller em Seul Survivant e Arène des Balkans, o drama histórico em Shanghai Dream, e a ficção científica em Les Décastés d’Orion ou Sapiens Imperium. O Fado Ilustrado é uma das obras de estreia de Jorge Miguel, que é aqui reeditada numa nova edição melhorada.

“Por entre as boas re-edições históricas, experimentações variadas, e emulações de “mangá” e “comics” que marcam a BD nacional, tem de haver um lugar de maior destaque para Jorge Miguel, que não seja apenas uma espécie de limbo não catalogável. Esta é claramente uma voz inovadora em construção na banda desenhada, que merece ser ouvida.”

João Ramalho-Santos, Jornal de Letras

O fado ilustrado, Jorge Miguel, co-edição Arte de Autor e A Seita, 48 pp., cor, capa dura, 16,50€

2 de novembro de 2021

Amor de Perdição - Colecção Clássicos da Literatura em BD #14

Para fechar a colecção Clássicos da Literatura em BD, disponível hoje, a Levoir e a RTP escolheram a obra máxima de Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, que se junta a Os  Maias de Eça de Queirós.

A colecção é composta por 14 volumes, dois dos títulos são de autores portugueses. O argumento tem adaptação de João Miguel Lameiras, que  considera ter sido um belo desafio. As ilustrações são da autoria de Miguel Jorge. Este volume é completamente português. O dossiê tem a participação do Professor João Paulo Braga, e nele encontra informação sobre o escritor, o romance e o contexto histórico em que foi escrito e para as imagens contámos com a colaboração da Casa de Camilo.

Camilo Castelo Branco foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX e o primeiro escritor profissional em Portugal. Os seus romances passionais fazem do escritor o representante típico do Romantismo em Portugal.  A sua vida atribulada foi tema de inspiração para os seus romances. A sua produção literária é extensa, contando com mais de uma centena de obras. Escreveu poesia, teatro, historiografia, contos, romances e novelas históricas, de aventuras e passionais.

Amor de Perdição, é uma novela composta em 1861, durante o tempo em que o autor esteve preso por adultério na cadeia da Relação do Porto.

Baseada num episódio real da vida de um tio seu, Simão Botelho, que lhe teria sido contado por uma tia, e cujo registo o autor teria encontrado nos livros de assentamentos da cadeia. No entanto, a manipulação e a ficção, por parte de Camilo, são de tal forma livres, que o converteu na novela sentimental mais famosa do Romantismo português.

É uma narrativa passional e trágica, onde o amor, o ódio e a vingança, nos seus múltiplos cambiantes surgem extremados.

Simão e Teresa, são  filhos de duas famílias inimigas de Viseu, os Botelhos e os Albuquerques, que se  apaixonam. A conselho de Baltasar Coutinho, primo e prometido da jovem,  despeitado pelo ciúme, Tadeu de Albuquerque decide encerrar a filha no convento de Monchique, no Porto. Simão espera-os à saída de Viseu, trava-se de razões com Baltasar e mata-o a tiro, entregando-se logo à justiça. Preso na cadeia da Relação do Porto, é condenado ao degredo.

Miguel de Unamuno, filósofo e escritor espanhol, diz sobre Amor de Perdição: “a novela de paixão amorosa mais intensa e profunda que alguma vez se escreveu na península ibérica.”

Colecção Clássicos da Literatura em BD #14: Amor de Perdição, João Miguel Lameiras e Miguel Jorge, Levoir/RTP, cor, capa dura, 64 pp., 10,90€