25 de março de 2025

O fogo

O Fogo é uma novela gráfica do autor espanhol David Rubín, conhecida originalmente como El Fuego

A narrativa centra-se em Alexander Yorba, um arquitecto de renome que enfrenta uma crise pessoal e global. Com um asteróide em rota de colisão com a Terra, Yorba é incumbido de projectar uma colónia lunar para assegurar a sobrevivência humana. Paralelamente, é-lhe diagnosticado um tumor cerebral terminal, levando-o a abandonar o projecto e a procurar reconectar-se com a sua família. Esta decisão desencadeia uma série de eventos que o conduzem numa odisseia pessoal, explorando temas de mortalidade, redenção e sobrevivência. 

Obra vencedora do Prémio Zona Cómic - Todostuslibros para a Melhor BD do Ano (publicada em Espanha) 2022

O Fogo é uma grande banda desenhada, teria adorado ser eu a fazê-la. Penso que o mais difícil numa história de ficção-científica é encontrar um enredo humano que esteja à altura da grandiosidade do argumento fantástico. E para mim esta história consegue-o.” Paco Roca

O Fogo, David Rubín, Ala dos Livros, 256 pp., cor, capa dura, 44€

A borboleta

Borboleta é uma novela gráfica autobiográfica da autora franco-portuguesa Madeleine Pereira, publicada pela editora Sarbacane em 2024. A obra aborda a jornada da autora em busca de suas raízes portuguesas, explorando a história de sua família e a complexa relação com a identidade cultural.

Descendente de imigrantes portugueses, Madeleine cresceu na França sem um conhecimento profundo sobre o país de origem de sua família. O seu pai, marcado pelas memórias da ditadura de Salazar, evitava discutir o passado. Determinada a compreender suas origens, Madeleine inicia uma investigação que a leva de Paris a Lisboa, colectando relatos de familiares e amigos sobre a vida em Portugal durante o regime ditatorial e as experiências de imigração.

A narrativa de Borboleta entrelaça histórias pessoais com eventos históricos, oferecendo uma visão íntima das dificuldades enfrentadas pelos portugueses sob a ditadura e os desafios da integração em um novo país. A obra destaca temas como resistência política, identidade cultural e a importância da memória colectiva.

A arte de Madeleine complementa a profundidade do enredo, utilizando ilustrações evocativas que capturam a essência das paisagens portuguesas e a atmosfera das épocas retratadas. O título Borboleta, que significa “borboleta” em português, simboliza a transformação e a busca por liberdade, reflectindo a metamorfose pessoal da autora ao longo de sua jornada.

Borboleta recebeu reconhecimento significativo, sendo seleccionada para diversos prémios literários, incluindo o Prix Première Bulle do Festival Angers BD de 2024 e o Prix Coup de cœur do Festival BD em Périgord de Bassillac em 2024.  

A borboleta, Madeleine Pereira, ASA, 176 pp., cor, capa dura, 25,90€

22 de março de 2025

Les Coulisses d'une oeuvre #4

Cada álbum de Tintin esconde uma montanha de segredos do processo da sua criação, e são esses segredos que inspiraram a colecção Les coulisses d'une oeuvre. 

Esta semana foi lançado o quarto volume, dedicado ao episódio Os cigarros do faraó.

Estamos perante uma colecção de 23 volumes criada a partir da colaboração entre a Moulinsart e a Prisma, uma série de livros que nos permitem compreender plenamente a obra de um dos grandes mestres da banda desenhada: George Remi, que inclui reproduções de contos originais, fichas anotadas e análises de temas, personagens e contextos históricos que moldaram a obra de Hergé.

O autor, Phillippe Goddin, é especialista na vida e obra de Hergé, que conheceu pessoalmente. É autor de vários livros publicados pela Moulinsart, incluindo a monumental Chronologie d'une oeuvre

Les Coulisses d'une oeuvre #4: Les Cigares du Pharaon, Philippe Goddin, Moulinsart, cor, capa dura, 19,95€

19 de março de 2025

Ar-Men: O inferno dos infernos

No fim deste baixio gelado, um fuste de vinte e nove metros emerge das vagas. Ar-Men. O nome bretão do rochedo onde foi erigido.”

Finistère. Bretanha Francesa. Ao largo da ilha de Sein, o farol Ar-Men impõe-se às ondas. É o farol mais exposto e de mais difícil acesso da Bretanha e até mesmo do Mundo. Construído em 1867, chamam-lhe "O Inferno dos infernos". De construção difícil, dadas as características das rochas e a sua exposição aos elementos, a sua luz ilumina os navios e protege-os dos recifes ameaçadores, poupando-os a um naufrágio certo.

Sentinelas de uma costa acidentada que os marinheiros temem, ao longo dos tempos poucos foram os homens dispostos a ocupá-lo. Nos anos 1960, Germain é um desses guardiões temerários e solitários. Alheado do mundo, refugiado nesta construção isolada onde enfrenta a fúria dos ventos e das marés, Germain abriga também aí as suas feridas e as suas mágoas, as quais se misturam e dissolvem na história do farol e nas lendas celtas da Bretanha.

Ar-Men: O inferno dos infernos, Emmanuel Lepage, Ala dos Livros, 96 pp., cor, capa dura, 27,50€

Emmanuel Lepage - Ensaio de quadriculografia portuguesa

Argumentista e desenhador,
(França) Saint-Brieuc, 29 de Setembro de 1966

O encontro que tem, aos 13 anos, com o desenhador Jean-Claude Fournier (Spirou), será determinante. Fournier, tal como Franquin fizera consigo, ensinar-lhe-á os rudimentos da profissão.

Com formação em arquitectura, Lepage é sobretudo um viajante curioso - o que lhe interessa em primeiro lugar são as pessoas, a sua vida. O que não deixa de ser um estranho paradoxo, pois a sua notoriedade enquanto desenhador baseia-se, em grande parte, nas imensas paisagens, sublimes e líricas, que caracterizam os seus maiores sucessos: Muchacho, La Lune est Blanche, Ar-Men…. O seu olhar está, no entanto, num outro lugar, debaixo da pele das suas personagens, uma vida interior que explora com a acuidade, a sensibilidade e o talento de um desenhador generoso, sempre em busca da sua verdade gráfica.

O diário OUEST-FRANCE acolheu as suas primeiras ilustrações em 1983, tendo também publicado o seu primeiro álbum intitulado “La fin du monde aura-t-elle lieu?”.

Em 1990, na Lombard, publicou os dois volumes de O Enviado, escrito por Georges Pernin e baseado no romance de Huguette Carrière. Com textos de Dieter, surgiu então na editora Glénat a série Névé, que em 1992 ganhou o Prémio Ballon Rouge no festival de Saint-Malo.

A Terra Sem Mal (2000) reconstrói com notável autenticidade a vida dos índios da Amazónia, tal como percebida por um etnólogo francês na época em que a Segunda Guerra Mundial assolava a Europa. Esta obra, (que surgiu na colecção Aire Libre e conta com argumento de Anne Sibran), ganhou vários Prémios: Prémio do Júri Ecuménico de Banda Desenhada (Prémio Valores Humanos), Grande Prémio do Festival de Sierre, na Suíça, Prémio da Associação de Livrarias de Banda Desenhada.

A sua primeira grande história como autor completo, Muchacho, obteve o o Prémio Château de Cheverny da Banda Desenhada de cariz histórico.

Autor de inúmeras obras - de entre as quais algumas foram publicadas em Portugal - (como é o caso das que atrás mencionamos em Português ou ainda de OH! Miúdas!), Lepage recebeu, em 2018, o Grande Prémio no Festival BD-Boum de Blois pelo conjunto da sua obra.

Em Setembro de 2021, Emmanuel Lepage foi o primeiro autor de banda desenhada nomeado pintor oficial da Marinha pelo Ministro das Forças Armadas francesas.

Séries publicadas em Portugal:

Oh Miúdas!

One-shots publicados em Portugal:

  • O Enviado: Os Malditos em Maletor (L'Envoyé: Les Maudits à Maletor), 1990, Georges Pernin (arg.), 1990, ASA (Edições ASA) [1991]
  • O Enviado: A estátua de ouro viva (L'Envoyé: La Statue d'Or Vivant), 1991, Georges Pernin (arg.), 1990, ASA (Edições ASA) [1991]
  • A terra sem mal (La terre sans mal), 1999, Anne Sibran (arg.), Vitamina BD [1999]
  • Muchacho - Tomo 1 (Muchacho - Tome 1), 2004, ASA (Edições ASA) [2007]
  • Muchacho - Tomo 2 (Muchacho - Tome 2), 2006, ASA (Edições ASA) [2007]
  • Ar-Men - O inferno dos infernos (Ar-Men - L'enfer des enfers), 2017, Ala dos Livros Editores [2025]
[actualizado em 19.03.2025]


Coimbra BD 2025

O universo da banda desenhada e da cultura pop vai regressar a Coimbra de 25 a 27 de Abril, durante um festival que contará com a presença de mais de 40 autores e ilustradores nacionais e internacionais.

Daniel Henriques, Luís Louro, Osvaldo Medina, Patrícia Costa, Margarida Madeira, Gigi Cavenago, Arno Monin são alguns dos autores confirmados.

O programa do Festival Coimbra BD 2025 inclui várias exposições, como A Adopção, de Arno Monin, De Dylan Dog a Batman, de Gigi Cavenago, Os Filhos de Baba Yaga, de Luís Louro, Crónicas de Enerelis, de Patrícia Costa, Escritos em Coimbra: Os Clássicos da Literatura Revisitados em BD, de vários autores, E Depois do Abril", da editora Escorpião Azul, e “Fojo”, de Osvaldo Medina.

O cartaz do Festival Coimbra BD 2025 é da autoria de Daniel Henriques, criador português de banda desenhada com mais de uma década de experiência na indústria.

 Daniel Henriques trabalhou para editoras como Marvel, DC, Image e Dark Horse Comics com os títulos Spawn, The Last Shadowhawk, Venom, The Incredible Hulk, Batman: Detective Comics, Batman: Arkham Knight, Green Lantern, Justice League of America, Supergirl e Teen Titans e Aquaman. Recentemente, fez parceria com Frank Miller em Ronin Rising, com finalização e meios-tons na arte de Philip Tan e do próprio criador, e vai estrear-se em breve como argumentista e cocriador da nova série The Curse of Sherlee Johnson, da Todd McFarlane Productions.

Para esta edição do festival estão previstas novas áreas e conteúdos, com várias sessões de cinema, competições de card’ e board games, demonstrações de Warhammer e Dungeons and Dragons.

A área de Artists’ Alley continua a ser uma das de maior destaque, com dezenas de grandes talentos a mostrarem os seus trabalhos e arte, bem como a área comercial, onde vão estar presentes editoras com obras de banda desenhada e literatura e distribuidores de ‘merchandising’ com os mais variados produtos alusivos à cultura pop com personagens e títulos conhecidos.

O Festival Coimbra BD 2025 decorrerá no Convento São Francisco, com entrada livre durante os três dias.

Fonte: LUSA