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5 de julho de 2025

Sete Mulheres, Sete Musas: Lírica de Camões em BD

A obra reúne sete figuras femininas da lírica camoniana (Leonor, Dinamene, Bárbara, Violante, Francisca, Catarina e a Menina dos Olhos Verdes), reinterpretadas em BD contemporânea com objectivo de humanizar e dar voz a estas personagens, celebrando a diversidade social, étnica e cultural expressa nos versos de Camões — incluindo referências a uma escrava negra e a uma mulher de origem asiática.

Entre homenagem e reinvenção, a obra celebra a universalidade e intemporalidade da poesia camoniana, ligando o verso à imagem e desafiando os leitores a descobrir as múltiplas dimensões do feminino em Camões.

A coordenação do projecto é de Alexandra Lourenço Dias e as ilustrações de Amanda Baeza, Daniela Viçoso, Miguel Rocha, Jorge Marinho, José Smith Vargas, Rita Mota, e Susa Monteiro, com argumentos de Pedro Vieira de Moura, e textos de apoio de Cátia Verguete e Janek Scholz.

Encontra-se em preparação um segundo volume, centrado nas “Três Marias” (feminismo + literatura moderna).

Sete Mulheres, Sete Musas: Lírica de Camões em BD, Amanda Baeza, Daniela Viçoso, Miguel Rocha, Jorge Marinho, José Smith Vargas, Rita Mota, Susa Monteiro e Pedro Vieira de Moura, A Seita, 72 pp., capa mole, 12,99€

4 de julho de 2025

O corcunda de Notre Dame

A adaptação a banda desenhada de O Corcunda de Notre-Dame por Georges Bess, publicada pela A Seita no passado mês de Junho é uma obra em preto e branco de  216 páginas que interpreta o clássico de Victor Hugo.

Estamos perante uma arte em preto e branco, com traço livre e texturas intensas, recorrendo a hachuras, lápis e carvão, conferindo um tom sombrio e dramático adequado à atmosfera gótica da Paris medieval.

A fidelidade narrativa, mantendo o enredo original: Quasimodo, Esmeralda, Frollo, a tragédia cigana e o “Festival dos Tolos” são apresentados com uma grande riqueza de detalhe.

A obra, lançada em 2023, teve um reconhecimento da crítica especializada: adaptador reconhecido por trabalhos com Drácula e Frankenstein, a sua versão do Corcunda é tratada como “um épico histórico magnífico” com um fresco romântico que respeita tanto o espírito do texto original quanto o potencial expressivo da banda desenhada.

Integrado na colecção Nona Literatura, O Corcunda de Notre-Dame, é o terceiro livro de Georges Bess adaptado de clássicos da literatura, editado pel' A Seita, depois de Drácula e Frankenstein. A livraria Wook comercializa uma outra edição com uma capa diferente.

O corcunda de Notre Dame, Georges Bess, A Seita, 216 pp., p&b, capa dura, 26€

9 de junho de 2025

Batman & Dylan Dog: A sombra do morcego

A perigosa aliança entre o Joker e o Doutor Xabaras leva o Cavaleiro das Trevas à Londres do Detective do Pesadelo. Batman e Dylan Dog devem colocar de lado as suas visões divergentes sobre a natureza do Mal, e unir forças para eliminar a terrível ameaça arquitectada pelo Príncipe Palhaço do Crime!

Dylan Dog e Batman, Groucho e Alfred Pennyworth, o inspector Bloch e o comissário Gordon, com a participação de Madame Trelkovski e Catwoman, de John Constantine e do demónio Etrigan: homens e super-homens unidos para defrontar uma equipa de vilões letais, numa aventura vivida entre Londres, Gotham City e o próprio Inferno!

Uma aventura que junta pela primeira vez dois ícones da BD mundial, A Sombra do Morcego é uma história imperdível, tanto para os fãs da DC como da Bonelli, reunindo os talentos de Werther Dell’Edera (Something is Killing The Children) e Gigi Cavenago (Dylan Dog, Magic Order, Netflix’s Love Death and Robots) ao serviço do argumento de Roberto Recchioni. A presença de uma equipa criativa inteiramente italiana dá a esta história um sabor muito próprio, que poderá intrigar e surpreender os leitores de comics de super-heróis. Recchioni também utiliza de modo excelente as cidades de Gotham e de Londres como verdadeiras protagonistas, criando um mundo em que Batman é geralmente considerado como algum tipo de mito ou de lenda urbana para os que não conhecem a sua cidade, fazendo desse modo que a história não se perca em cenas em que as personagens perdem tempo a apresentar-se umas às outras, como se o Cavaleiro das Trevas sempre tivesse existido no universo do Detective do Pesadelo. São muitos os piscares de olhos aos leitores (sobretudo aos fãs de fumetti), e os desenhadores servem-nos páginas de uma elegância e competência imbatíveis, mas também de uma força emocional tremenda, incluindo algumas das mais perturbadores cenas dos comics, em que vemos toda a sociopatia de um dos vilões da história.

Nascido em Roma em 1974, Roberto Recchioni conta com uma extensa carreira na banda desenhada, como crítico e articulista em revistas de cinema e videojogos, mas também como escritor. A sua carreira nos fumetti é extensa e teve o seu início em 1993, e trabalhou para inúmeras editoras italianas ao longo das décadas seguintes, incluindo a Panini, Disney ou Bonelli.  Entre 2013 e 2023 foi o responsável pelo universo Dylan Dog na Bonelli, uma série à qual imprimiu um cunho muito pessoal, tendo redefinido inclusive as bases da personagem.

Gigo Cavenago nasceu em Milão em 1982, tendo estudado BD na Scuola del Fumetto de Milão e grafismo publicitário, antes de iniciar a sua carreira profissional em 2005, com uma curta história publicada no primeiro número da revista Strike da Star Comics. Entra na Sergio Bonelli Editore em 2008, começando por trabalhar em Cassidy e Orfani, tendo com esta conquistado em 2014 os prémios Gran Guinigi do festival Lucca Comics & Games para melhor desenhador, e o prémio Boscarato do Festival de Treviso. Ainda em 2014, torna-se o capista de Dylan Dog Old Boy, e em 2016 desenha o número de aniversário dos 30 anos de Dylan Dog, Mater Dolorosa, história escrita por Roberto Recchioni. Com esta aventura conquista o prémio Micheluzzi de melhor desenhador do Festival de Nápoles em 2017. Em 2019, é apresentado no Festival de Lucca o #0 do crossover de Dylan Dog e Batman. Em 2021, começa a trabalhar com Mark Millar, desenhando no ano seguinte a terceira mini-série de The Magic Order. Finalmente, em 2022 é publicado o crossover Dylan Dog & Batman, que Cavenago desenha com Werther Dell’Edera. Recentemente, foi director de arte de um dos episódios da 4ª temporada da série de animação da Netflix, Love, Death and Robots, que estreou em Maio de 2025.

Natural de Bari, Werther Dell’Edera parte para Roma onde frequenta a Scuola Romana dei Fumetti, tornando-se desenhador em 2003. Começa na mini-série Road’s End, da Magic Press, seguindo-se vários trabalhos para o mercado italiano. Inicia a sua colaboração com editoras norte-americanas, com o western Loveless, escrito por Brian Azzarello para a Vertigo. Ainda nesta editora colabora em House of Mystery, Greek Street e John Constantine. Trabalha para a Marvel em várias séries, além de realizar a novela gráfica Spider-Man: Family Business. Em Itália, realiza para a Sergio Bonelli Editore episódios para as séries Orfani, Dylan Dog e para a colecção Le Storie. Em 2019 cria com James Tynion IV a série Something is Killing the Children para a Boom! Studios, com a qual conquista o prémio Eisner de 2022 para a melhor história em continuação. Na sua biografia constam ainda o prémio Boscarato do festival de Treviso para melhor capa, em 2018; o prémio Coco para melhor desenhador italiano de 2019; e o Gran Guinigi do festival Lucca Comics & Games para o melhor desenhador italiano de 2021.

A edição portuguesa de Batman & Dylan Dog inclui um extenso caderno de extras, entre os quais desenhos inéditos, um guia das personagens dos universos DC e Dylan Dog, uma galeria das capas alternativas, e o prefácio de Luca del Salvio, da edição italiana.

Batman & Dylan Dog: A sombra do morcego, Roberto Recchioni, Gigo Cavenago e Werther Dell’Edera, A Seita, 224 páginas, cor, capa dura, 29,90€

5 de junho de 2025

Dom Quixote de la Mancha

Após a sua aclamada adaptação de O Inferno de Dante, os irmãos Paul e Gaëtan Brizzi regressam com uma nova obra-prima da literatura: Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. Esta adaptação em formato de novela gráfica é lançada em Portugal este mês, numa coedição entre as editoras Arte de Autor e A Seita.

Conhecidos pelo seu estilo expressivo e cinematográfico, os irmãos Brizzi trazem uma nova vida à história do cavaleiro da triste figura. A obra conta com 189 ilustrações a grafite sobre papel, capturando com mestria tanto os momentos épicos como os mais íntimos da narrativa. O traço dos Brizzi confere uma dimensão visual rica e envolvente à jornada de Dom Quixote e Sancho Pança

Dom Quixote de La Mancha, Paul e Gaëtan Brizzi, A Seita/Arte de Autor, 208 pp., p&b, capa dura, 31,50€

30 de abril de 2025

Os Filhos de Baba Yaga

A figura da Baba Yaga vem do folclore eslavo — uma bruxa poderosa, ambígua, que mora numa cabana com pernas de galinha e é tanto temida quanto respeitada.

Os Filhos de Baba Yaga é a nova obra de Luís Louro, que ansiosamente estamos aguardando, tanto mais que se trata de uma temática inédita do autor. 

Até onde podemos ir, quando a nossa sobrevivência está em causa? Estamos na Segunda Guerra Mundial, algures na frente russa, no meio das florestas percorridas por tropas alemãs e soviéticas e marteladas pelo estrondo constante da artilharia e o roncar dos motores dos tanques… onze crianças órfãs juntam-se por necessidade, empurradas pelas circunstâncias, e terão de fazer tudo para sobreviver à guerra, às rivalidades e traições, e ao General Inverno. Até onde poderemos ir quando temos fome? Uma novela gráfica muito dura, de grande fôlego, que mostra como a fome consegue quebrar as fronteiras morais, mesmo entre crianças.

A presente obra apresenta uma capa diferente para a edição exclusiva da Wook

Os Filhos de Baba Yaga, Luís Louro, A Seita/Arte de Autor, 132 pp., cor, capa dura, 32€

Batman/Dylan Dog: A Sombra do Morcego

A perigosa aliança entre o Joker e o Doutor Xabaras leva o Cavaleiro das Trevas à Londres do Detective do Pesadelo. Batman e Dylan Dog devem meter de lado as suas visões divergentes sobre a natureza do Mal, e unir forças para eliminar a terrível ameaça arquitectada pelo Príncipe Palhaço do Crime!

Dylan Dog e Batman, Groucho e Alfred Pennyworth, o inspector Bloch e o comissário Gordon, com a participação de Madame Trelkovski e Catwoman, de John Constantine e do demónio Etrigan: homens e super-homens unidos para defrontar uma equipa de vilões letai, com o temível e perturbado Christopher Killex à cabeça.

Uma aventura imperdível que junta pela primeira vez dois ícones da BD mundial!

Os universos narrativos das personagens da DC Comics e da Sergio Bonelli Editore encontram-se num crossover especial, escrito por Roberto Recchioni, para os desenhos de Werther Dell’Edera e Gigi Cavenago.

Batman/Dylan Dog: A Sombra do Morcego, Roberto Recchioni, Gigi Cavenago e Werther Dell’Edera, A Seita, 224 pp, cor, capa dura, 32€

7 de abril de 2025

Deadpool Samurai – Volume 2

Agora, como membro do recém-formado Esquadrão Samurai, Deadpool muda-se para Tóquio, onde rapidamente se vê envolvido em confrontos com algumas caras conhecidas. Seja a colaborar com novos heróis, a enfrentar deuses, a assistir a concertos ou a ser repetidamente desmembrado, Deadpool traz sempre consigo o caos e o seu característico sentido de humor!

Deadpool provou ser um membro essencial da equipa dos Vingadores Samurai, como seria de esperar de um herói tão amado, respeitado, eficiente e, claro, incrivelmente jeitoso. (Sakura Spider, Neiro e Kage também estão por lá.) Mas Loki continua à espreita, nas sombras, determinado a atrair Deadpool para o lado negro através dos seus esquemas maléficos.

Vamos ser directos: desta vez, é Deadpool contra Thanos, e tudo fica ainda mais bizarro a partir daí!!

Sanshiro Kasama é um argumentista japonês com uma extensa bibliografia de títulos da Marvel, incluindo títulos da série Edge of Spider-Verse e no recente Deadpool: Preto, Branco e Sangue, já publicado no nosso país. No Japão tem assinado histórias para as principais revistas de mangá, a mais recente das quais é Secret Steward, na revista Shonen Jump Plus.

Hikaru Uesugi é um artista de mangá com uma longa carreira na editora Shueisha, onde assinou spin-offs de séries principais. É colaborador habitual de Sanshiro Kasama em histórias da Marvel ambientadas no Japão, e é o ilustrador de Secret Steward para o mesmo argumentista.

Deadpool Samurai #2, Hikaru Uesugi e Sanshiro Kasama, A Seita, 232 pp., p&b, capa mole, 11,99€

30 de dezembro de 2024

O meu marido dorme no congelador

O Meu Marido Dorme no Congelador é um mangá de suspense psicológico, adaptado do romance de Misaki Yazuki, com desenho de Hyaku Takara. A obra foi publicada originalmente no Japão entre Abril de 2020 e Fevereiro de 2021, na aplicação MangaONE da editora Shogakukan, totalizando dois volumes. 

A história centra-se em Nana, uma mulher que sofre de violência doméstica. Desesperada, ela decide assassinar o marido e esconder o corpo no congelador da arrecadação do seu jardim. No entanto, no dia seguinte, ele reaparece como se nada tivesse acontecido, levando Nana a questionar a sua sanidade e a realidade dos eventos. 

O mangá foi publicado pela editora A Seita em Novembro, numa edição integral que compila os dois volumes originais. 

O meu marido dorme no congelador, Hyaku Takara, A Seita, 384 pp., p&b, capa mole, 18,99€

2 de dezembro de 2024

Na cabeça de Sherlock Holmes

Na cabeça de Sherlock Holmes (Dans la tête de Sherlock Holmes), escrita por Cyril Lieron e desenhada por Benoît Dahan, é uma releitura criativa e visualmente deslumbrante das aventuras do famoso detective criado por Arthur Conan Doyle.

Londres, 1890... numa típica manhã de sexta-feira, um agente da polícia bate à porta do nº 221B de Baker Street, acompanhado de um velho conhecido do doutor Watson, em condições lamentáveis. O estranho relato do indivíduo chama a atenção de um entediado Sherlock Holmes que, rapidamente, percebe estar diante de um mistério complexo. Um enigmático espectáculo de magia, bilhetes com ideogramas chineses, um pó totalmente desconhecido, e desaparecimentos aparentemente aleatórios, atiçam a curiosidade do maior detective do mundo.

A história vai desenrolando-se como uma investigação conduzida por Sherlock Holmes e o seu fiel amigo Dr. Watson. O caso envolve mistério, lógica e elementos de surpresa, típicos das narrativas de Conan Doyle, com a diferença na forma como a mente de Holmes é retratada: o leitor é literalmente “transportado” para dentro da cabeça do detective.

Por outro lado, a arte da série é um espectáculo à parte. Benoît Dahan utiliza layouts intrincados que lembram diagramas, mapas mentais e engrenagens, representando de forma visual e metafórica o funcionamento do cérebro de Holmes.

A história foi publicada originalmente em francês em dois volumes em 2019 e 2021. Contudo, os co-editores portugueses (Arte de Autor e a A Seita)  junta-os num só com o subtítulo O caso do bilhete escandaloso (L'Affaire du Ticket Scandaleux). 

Na cabeça de Sherlock Holmes, Cyril Lieron e Benoît Dahan, A Seita/Arte de Autor, 104 pp., cor, capa dura, 29€

30 de novembro de 2024

Minstrel Show

Este é quinto álbum da colecção d'A Seita dedicada ao justiceiro do Oeste Tex Willer. O presente episódio, Minstrel Show, foi publicado no ano passado no Speciale Tex Willer 6

Entre os artistas com o rosto pintado de negro da companhia dos Minstrels, há um que não precisa de se pintar: Joey Nelson, antigo escravo e amigo de infância de Tex. Quando, após a Guerra Civil, os rebeldes sulistas de Arch Clement e Jesse James atacam a cidade de Lexington, no Missouri, Tex e Carson vão defendê-la. Mas de que lado se posicionarão os artistas nascidos no Sul do Minstrel Show, do lado do seu companheiro Joey, negro livre, ou do lado dos irredentistas Sulistas? Uma aventura de Tex com música para banjo e colt!

Bibliotecário, tradutor, escritor, Mauro Boselli (nascido em 1953) começa a colaborar com a Sergio Bonelli Editore como assistente de Gianluigi Bonelli, o criador de Tex. Tal como o seu mestre, Boselli adopta como estilo o espírito heróico da aventura clássica e os temas épicos do western. Escreveu para inúmeros títulos, assinou uma história de Tex com Gianluigi Bonelli, e é também creditado pelo “renascimento” de Zagor, e em 2000 cria Dampyr com Maurizio Colombo. Em 2011, a editora Mondadori publica o seu Tex Willer – Il Romanzo della mia Vita. uma biografia do herói bonelliano em forma de romance (com ilustrações de Fabio Civitelli). Desde 2012 é o editor-responsável de Tex, personagem que continua a escrever com dedicação e empenho. Até hoje já escreveu mais de trinta e cinco mil páginas de BD!

Nascido em 1980, Marco Ghion forma-se em Geometria, mas é o desenho que o atrai, e que o leva à Scuola del Fumetto de Milão, em 2001, onde se diplomou como desenhador realista. Depois de trabalhar uns anos no sector da animação, Ghion conhece em 2009 Bruno Bozzetto, célebre realizador e animador, iniciando a sua colaboração no Studio Bozzetto, desenvolvendo uma forte paixão pela animação. Em 2015, inicia-se na BD, integrando o estúdio de Enea Riboldi, capista de Dampyr. Em Março de 2018, Ghion entra na equipa de desenhadores da Sergio Bonelli, estreando-se no álbum especial da série Tex Willer, lançado em Dezembro de 2019 com o título Fantasmi di Natale, seguido deste Minstrel Show, em Julho de 2023.

Tex: Minstrel Show, Marco Ghione Mauro Boselli, A Seita, 136 pp., p&b, capa dura, 22€

Fojo

É hoje lançada a nova obra de Osvaldo Medina, numa co-edição d'A Seita, Comic Heart e Kingpin Books

Um frio cortante, impiedoso. A neve abate-se, incessante, sobre uma aldeia quase isolada na montanha. 

Irrequietos, os lobos uivam sem descanso, adivinhando um passado sombrio que regressa para tormento dos locais, mergulhados em crendices obscuras da época, algures entre as duas Grandes Guerras.

A morte anda à solta, revolve segredos e atrai todos para o fojo: os lobos, o misterioso assassino e os próprios aldeões. Quem sobreviverá no fim à ancestral armadilha?

Um relato cru e brutal do quotidiano de uma aldeia de outrora, assaltada no seu falso sossego pelos traumas e recantos mais negros que só o ser humano é capaz de destapar. 

Na sequência dos dois volumes de Kong the King, Osvaldo Medina regressa a solo, desta feita numa história com diálogos, uma estreia para o premiado autor.

Fojo, Osvaldo Medina, A Seita, Comic Heart e Kingpin Books, 144 pp., preto e branco e vermelho, capa dura, 23,99€

28 de novembro de 2024

Muzinga

Muzinga, que personagem! Brasileiro, algo irrequieto, implicativo, e cheio de conhecimentos naquela cabeça de barba mal amanhada, até dizem que fala mais de cem línguas! Pudera, também dizem que tem quase duzentos anos. Duzentos anos a calcorrear o mundo todo e a viver aventuras surreais, em busca de dialectos extintos, e de segredos que o tempo se esforçou por apagar... 

André Diniz é um dos mais premiados e aclamados autores brasileiros de banda desenhada, e Muzinga é uma das suas mais brilhantes criações, que assina aqui como argumentista e desenhador, num estilo gráfico que é uma lição de narrativa visual.

Criado por André Diniz há já mais de dez anos, no âmbito de um projecto de BD digital bem ambicioso, que resultou num site com o nome do protagonista e em mais de uma dúzia de histórias curtas que apresentaram esta figura imperdível da banda desenhada  brasileira ao público, Muzinga é uma das personagens mais icónicas do autor. Este volume reúne duas histórias longas, inéditas, que em conjunto configuram um romance gráfico complexo, a meio caminho entre o realismo fantástico e o humor surreal, em que o aventureiro bicentenário vai enfrentar desafios audaciosos, numa jornada repleta de enigmas, culturas antigas e misteriosas, e descobertas que prometem surpreender até os leitores mais curiosos. Muzinga, o homem bicentenário. Aventureiro, linguista, caçador de tesouros e malandro!

Neste volume, a arte extraordinária de André Diniz atinge o seu ponto máximo, depois de evoluir ao longo dos anos em direcção a um estilo que mistura algo de cartunesco, com um sentido muito apurado da planificação gráfica de cada página de BD, extremamente fluida, em que as cenas se seguem de maneira escorreita num enquadramento muito livre.

Nas duas histórias deste livro, Muzinga lança-se pelo mundo em busca de aprender tudo o que puder sobre as mais estranhas culturas, e particularmente aquelas que estão em risco de ser esquecidas e de desaparecer, procurando também aprender as suas línguas. Irá encontrar as mais diversas e estranhas personagens, bizarros totems falantes, que ora julgam, ora protegem, ditadores e polícias secretas que procuram eliminar culturas inteiras, avós que são as últimas a falar uma língua (extraordinariamente complexa)... claramente, este não é o nosso mundo mas sim um mundo saído da cabeça de um dos grandes argumentistas de BD actuais, em que a personagem vai viver uma mistura de acção, aventura, fantasia e humor.

Como diz Dango Yoshio, “A escrita é a forma mais poderosa de vencer o tempo! E Muzinga é uma leitura muito divertida, com reflexões sobre a ancestralidade, a memória e a morte.” Ou, como diria o próprio Muzinga, “Duzentos anos a fazer merda pelo mundo fora, é surreal!

Não é necessário conhecer a personagem para ler este livro. A edição d’A Seita inclui extras sobre o processo criativo do autor, bem como duas pranchas icónicas (e algo mistificantes!) da série antiga de Muzinga.

André Diniz é argumentista e desenhador de BD. Tem mais de 30 títulos publicados por diversas editoras brasileiras, muitos dos quais também já editados em França, no Reino Unido, Polónia, Peru, e, claro, em Portugal, país onde vive hoje e onde obteve entretanto a nacionalidade. O seu trabalho foi também tema de exposições em França, na Polónia, Itália, Angola e Portugal. É um dos mais premiados autores brasileiros, tendo recebido desde 2000 mais de 20 prémios atribuídos pelas principais instituições e eventos brasileiros de BD. Entre os seus trabalhos mais conhecidos podem citar-se Morro da Favela e Malditos Amigos (Polvo) e a adaptação em BD de O Idiota, de Dostoievsky (colecção Novelas Gráficas, Levoir).

A edição portuguesa optou por mudar os diálogos do livro para um português com acentuação de Portugal, com excepção de Muzinga, claro, que fala com a sua pronúncia nativa do Brasil!

Muzinga, André Diniz, A Seita, 200 pp., p&b, capa dura, 25€

13 de novembro de 2024

Thorgal Saga #1

Adeus Aaricia é o primeiro título de Thorgal Saga, uma colecção que permite a autores conhecidos criar a sua interpretação do universo de Thorgal. Histórias fora da continuidade da série original, mas que respeitam o espírito do mito construído por Jean Van Hamme e Grzegorz Rosinski.

O tempo é o mais cruel dos deuses. Aaricia suspirou pela última vez. Sozinho na margem, no crepúsculo da sua vida, Thorgal observa o barco que transporta a sua amada para a sua última viagem, esmagado pela dor. É nesse momento que Thorgal vê ser-lhe oferecido pelo seu velho inimigo, a serpente Nidhogg, o anel de Ouroboros... Se o colocar no dedo, poderá voltar ao passado e rever o amor da sua vida. Uma tentação terrível, à qual nem o herói mais sensato consegue resistir. Começa então para Thorgal uma perigosa aventura cujo desafio não será apenas a sua vida e a daqueles que amou, mas a própria existência do seu destino.

Robin Recht é uma das estrelas actuais da BD francesa. Nascido na geração que se estreou nos role-playing games, como Dungeons & Dragons, e na fantasia heróica, Recht adora Thorgal, uma das séries da sua infância, e criou com este álbum uma história que tem as suas raízes no amor que une o herói a Aaricia. Graficamente, o desafio de assinar um álbum desta personagem está mais que conseguido, seguindo nos passos de Rosinski, com um desenho talvez ainda mais majestoso. Recht sai do formato clássico do álbum de 48 páginas franco-belga, libertando-se dessa limitação, com um livro que conta com cerca de cem pranchas belíssimas, no formato maior da BD franco-belga, com uma planificação generosa e imponente.

Quanto ao cenário, utiliza muitos elementos conhecidos, antes de virar para uma direcção inesperada. E o início não poderia ser melhor, dando-nos a ver um Thorgal idoso a contracenar com um Thorgal jovem, num enredo onde o amor e a aventura surgem interligados num maravilhoso cenário nórdico. A inclusão de uma viagem no tempo confere originalidade ao enredo e representa, de certa forma, um piscar de olhos à longevidade da saga. Jogando em dois espaços temporais diferentes, o autor permite contrapor um Thorgal solitário, no crepúsculo da sua vida, desgastado, mas mais maduro, com a essência da personagem, o Thorgal mais jovem, fresco e imaturo.

Quer gráfica, quer narrativamente, Adeus Aaricia destaca-se como um dos melhores títulos de Thorgal dos últimos anos. Tal como os álbuns mais recentes, este livro pode ser lido sem grande conhecimento prévio da série, e os fãs podem mergulhar directamente na leitura emocionante de uma narrativa que não se limita a copiar o original.

A edição portuguesa d’A Seita inclui um caderno final inédito na versão normal francesa, com uma dúzia de páginas, que inclui esboços e estudos gráficos, exemplos de planificação e ilustrações várias, e um conjunto de observações do autor.

Nascido em 1974, Robin Recht ingressou na École nationale supérieure des Arts Décoratifs de Paris, mas ainda antes de obter o seu diploma abandonou os estudos para se dedicar inteiramente à BD. Depois de alguns álbuns iniciais, em 2010 desenhou Julius (com Alex Alice e Xavier Dorison) uma prequela da famosa tetralogia O Terceiro Testamento. Aventurou-se também na escrita em 2012, assinando a adaptação do clássico Notre-Dame de Paris de Victor Hugo, com Jean Bastide como desenhador. Graficamente virtuoso e capaz de adoptar estilos muito variados, tornou-se mais conhecido ainda com os seus álbuns de heroic fantasy, em séries como Elric (com Didier Poli, série que obteve grande sucesso junto do público) ou A Filha do Gigante do Gelo (notável adaptação de um conto de Conan), mas também com um estilo menos realista de BD com Désintégration - Journal d'un conseiller à Matignon (com Matthieu Angotti em Delcourt em 2017), entre outros. Com Thorgal Saga: Adeus Aaricia, Recht regressa à sua paixão pela fantasia fantasia medieval.

Thorgal Saga #1: Adeus Aaricia, Robin Retch, A Seita, 120 pp., cor, capa dura, 28€

12 de novembro de 2024

Macho-Alfa - Livro 3

David Ferreira: cem vezes mais forte que o normal, pesa 980kg e estima-se que seja praticamente invulnerável. Exerce um constante auto-controlo para não magoar ninguém, evitando mesmo  apertar mãos ou dar abraços. David é o super-herói Macho-Alfa, a única pessoa com superpoderes em todo o mundo, mas... é desempregado, não tem amigos, e foi renegado por uma sociedade que sempre se aproveitou dos seus poderes para travar as suas guerras e tratar dos seus problemas mais complicados... será que alguma vez será aceite pela sociedade? Haverá lugar no mundo para um super-herói reformado? E a terapia, será uma solução para os seus super-problemas? E... pior que tudo... os super-heróis têm MESMO de pagar segurança social??   

O terceiro volume de uma das mais originais séries de BD de super-heróis recentes, da dupla Filipe Duarte Pina (BRK) e Osvaldo Medina (Kong the King, A Fórmula da Felicidade) marca uma viragem tremenda nesta saga: o tom mais humorístico (mesmo que de humor negro!) começa a dar lugar a uma atmosfera mais séria, e começam a revelar-se alguns dos segredos do passado de David, enquanto surge também pela primeira vez... a sua némesis, o vilão da série! Uma saga super-heróica, super-divertida e super... trágica! Sim, Macho-Alfa é uma tragicomédia em 4 tomos, com um final que ninguém imagina e que irá surpreender, previsto lá para o Outono de 2025.  Mas até lá, aproveitem para ler os primeiros três volumes de diversão, de humor negro e situações caricatas, hilariantes e tristes, do caminho de um herói trágico. Tudo está já em cena para o desenlace final no volume 4!

“...Pina e Medina começam esta saga como uma comédia, disparando alegremente em várias direcções da sociedade portuguesa, desde os media à natureza patriarcal e machista deste recanto. Mas depressa a “leveza” se revela ilusória - e Macho-Alfa, uma criatura de aparência épica e triunfal, torna-se, aos nossos olhos incrédulos, neste chocante anti-herói narcisista que acredita que fazer o Bem envolve naturalmente danos colaterais - até percebermos que a carreira deste super-socio-talvez-psicopata acaba por ser composta, sobretudo, por danos colaterais...”

- do prefácio de Nuno Markl

Os editores agradecem a Nuno Markl ter baptizado a dupla criativa do Macho-Alfa com aquele que será o seu nome definitivo, Pina & Medina, capaz de evocar as mais tugas das séries TV dos anos 1980!

Nascido em Angola, em Novembro de 73, Osvaldo Medina chega a Portugal no verão de 75. Vive em Lisboa desde então. Começa a desenhar e a ver as BDs que havia em casa muito antes de começar a primária. Ainda no ensino secundário começa a fazer "biscates" de ilustração que uma das suas professoras lhe encomendava. Em 1997 faz um pequeno curso de animação na produtora Animanostra (onde trabalha até hoje). Lança a sua primeira BD em 2009, A Fórmula da Felicidade, escrita por Nuno Duarte (e recentemente reeditada numa excelente edição integral pela Kingpin Books). Começa a dar aulas de animação em 2016 na Universidade Lusófona, isto sem deixar nunca de trabalhar em BD, animação, publicidade, ilustração, e em basicamente tudo o que envolva desenho.  

Filipe Duarte Pina nasce em 1979, e cedo pôs as mãos em videojogos, programando em BASIC algumas experiências para o ZX Spectrum. Co-fundador da Seed Studios e da Nerd Monkeys, produziu e lançou videojogos para Playstation, Nintendo DS, PC e mobile. Foi um dos pioneiros da moderna BD portuguesa, na sua qualidade de escritor e argumentista, com destaque para BRK, a BD que assinou com arte de Filipe Andrade e que marcou os anos 2000 do mercado da BD nacional. Venceu em 2018 o Prémio Amadora BD para Melhor Argumento de Álbum Português, pela sua curta Monstros (publicada na antologia The Lisbon Studio Series vol. 2: Silêncio), em conjunto com o desenhador Nuno Lourenço Rodrigues

Macho-Alfa - Livro 3, Osvaldo Medina e Filipe Duarte Pina, A Seita, 72 pp., cor, capa dura, 18,95€ 

11 de novembro de 2024

O Arauto #1

As planícies do Velho Oeste sempre foram palco das mais estranhas aventuras, e foram por vezes percorridas pelas criaturas e personagens mais surpreendentes e assustadoras... mas poucas tão estranhas e temíveis como as que seguem o Arauto, um pistoleiro sepulcral, e que incluem: o seu cavalo, Sombra, vindo de um tempo imemorial; um Corvo misterioso e que parece agir como observador e líder deste pequeno grupo; e um cão infernal e gigante, chamado Blasfémia. Este estranho cavaleiro percorre a vastidão da América, e tem um passado terrível, que mergulha na Antiguidade clássica e bíblica... e enfrenta inimigos quase sobrenaturais, e que se opõem à sua busca.  

O que persegue? Que segredo intemporal, vindo da passado, é o seu? E quem é o inimigo que o confronta quando menos espera?  O Arauto é o primeiro álbum de Ruben Mocho, uma saga em três volumes com um visual arrojado e dinâmico, e que nos mergulha num mundo sobrenatural, que não é bem o nosso. 

Ruben Mocho é um jovem artista de banda desenhada proveniente de Lisboa, com uma extensa experiência na produção visual de jogos de computador. Tem já vários trabalhos de BD publicados em formato comic nos Estados Unidos, nas séries Postmasters, com argumento de Garret Gunn e Christina Blanch, e Worlds Forgotten, escrito por John Schell. O Arauto,  lançado no 35º FIBDA, é o seu primeiro trabalho a solo (com apoio de Allen Dunford), e o início de uma saga de fantasia contemporânea, ambientada no Velho Oeste (e não só!). Previsto inicialmente para publicação em mini-série de comic nos EUA, os primeiros capítulos foram reunidos e publicados em português pel’A Seita/Comic Heart. A série está prevista para um total de seis comics, e um total de três álbuns de capa dura, o segundo dos quais sairá no Outono de 2025.

A edição d’A Seita inclui também um caderno extenso de extras, desde capas variantes e ilustrações especiais, até uma secção de esboços e estudos criada pelo autor para esta álbum.

O Arauto #1, Ruben Mocho, A Seita, 72 pp., cor, capa dura, 18,95€

16 de outubro de 2024

Novidades A Seita para o festival da Amadora!

 


A Seita envereda pela literatura infantil, com duas belíssimas novidades: O Corvinho, de Luís Louro, que nos conta as aventuras e desventuras do menino que queria vir a ser o super-herói lisboeta, o Corvo, e Fernando Pessoa – O Menino que Sonhava, uma introdução a Pessoa e aos seus heterónimos para os mais pequenos, com texto de André Morgado e arte de Tainan Rocha.

Quanto aos autores portugueses, estarão bem representados: lançamos o volume 3 de Macho-Alfa, de Filipe Duarte Pina e Osvaldo Medina, o penúltimo da série em que de repente entrevemos mais sobre a origem do Macho, David, mas também vemos surgir... a sua némesis! O primeiro volume de O Arauto é uma novidade do talentoso Ruben Mocho, que depois de ter assinado alguns comics como artista no mercado USA, tem aqui a sua primeira obra a solo, uma busca algo sobrenatural no Velho Oeste. Mas também André Diniz, que apesar de ser brasileiro, é também português, porque depois de residir no nosso país há quase uma década, acabou por se naturalizar ! Muzinga é o seu mais recente romance gráfico, as aventuras surreais de Muzinga, que dizem que tem 200 anos e fala mais de 100 línguas, e se dedica a percorrer o mundo em busca de segredos antigos.

O mangá também terá os seus destaques com o lançamento do divertido Deadpool Samurai, em que o herói mais maluco da Marvel viaja para uma aventura destrambolhada no país do Sol Nascente, e o terceiro volume de Butterfly Beast (Série II), que conclui parte do arco de história ligado aos missionários portugueses e às revoltas cristãs contra o Xogunato.

E finalmente, alguns dos lançamentos mais esperados do ano, a começar pelo fantástico Lucky Luke: Os Indomados, de Blutch, um dos nomes maiores da BD francesa, que assina aqui mais uma homenagem ao herói que dispara mais depressa que a sua sombra, num registo humorístico em que Lucky Luke terá que tomar conta de duas crianças endiabradas. Este livro terá uma edição muito especial pela Wook, com capa alternativa, e um número limitado de exemplares vendidos com uma caixa com um conjunto de prints exclusivos. Tex ganha mais um volume, Tex: Minstrel Show, uma história passada na juventude do nosso ranger e que o vê seguir um grupo de performers que cantam disfarçados de cantores negros, uma aventura que confronta Tex com o racismo e as sequelas da Guerra Civil, e com... Jesse James! Thorgal regressa com uma extraordinária aventura, a primeira da colecção Thorgal Saga, de homenagens ao herói por autores consagrados, em histórias autoconclusivas. Desta feita, o álbum Adeus Aaricia é assinado pelo grande Robin Recht, que faz regressar Thorgal a um passado em que poderá rever a sua amada, com consequências dramáticas.

E para acabar, Na Cabeça de Sherlock Holmes, um álbum que co-editamos com a Arte de Autor, dos franceses Cyril Liéron e Benoit Dahan, é um dos mais inovadores e originais livros de BD que já vimos, que nos faz mergulhar literalmente na cabeça do grande detective, e que nos apresenta em forma de BD os seus raciocínios e deduções à medida que ele resolve mais um dos seus casos complexos.

26 de setembro de 2024

Naturezas mortas

Vidal Balaguer i Carbonell (Barcelona 1873 - ?) foi considerado como um dos prodígios do modernismo catalão, tendo frequentado o cabaret boémio Els Quatre Gats, juntamente com o seu amigo Joaquim Mir. Membro de La Colla del Safrà, um célebre grupo de artistas catalães, Balaguer foi um homem controverso, que nunca conseguiu obter o reconhecimento que merece. 

Zidrou e Oriol assinam uma magistral novela gráfica, de uma riqueza visual e narrativa sem igual: um drama, uma busca existencial, uma reconstituição histórica, de uma sensibilidade excepcional, na verdade, um triunfo da Nona Arte.

Mar é uma jovem e bela musa para uma série de pintores que encantou e enfeitiçou, amantes de uma ou poucas noites... Mas o pintor Vidal Balaguer persegue-a com paixão, até ao dia em que ela desaparece misteriosamente, passando a assombrar os pensamentos e as noites daquele que foi o último a pintar o seu retrato, a célebre tela La mujer del mantón. No entanto, o mistério da desaparição de Mar não acaba aqui, e a polícia começa a suspeitar, não só de que ele é responsável pela sua desaparição, mas que terá feito desaparecer outras pessoas na Barcelona do final do século XIX que este álbum evoca.

Entre romance policial, exploração do mundo da pintura modernista espanhola, história de amor, fábula e biografia ficcional, Zidrou e Oriol tecem uma narrativa extraordinária em que a Terceira e a Nona Artes se cruzam de maneira brilhante. Desenhada num estilo que evoca o dos pintores modernistas catalães do grupo histórico La Colla del Safrà, que são os protagonistas desta história, esta obra brilha também pelas cores magistrais que Oriol usa para aumentar ainda mais a expressividade e sensibilidade das ilustrações, fazendo com que o leitor tenha a sensação de ter penetrado e de evoluir numa das pinturas dos mestres daquela época.

De seu nome verdadeiro Benoît Drousie, Zidrou é um dos mais prolíficos e talentosos argumentistas da BD franco-belga das últimas décadas. Conhecido pela sua imensa produção para a revista Spirou e para as Éditions Dupuis (de entre as quais destacamos A Fera, com o artista Frank Pé, já editado no nosso país pel’A Seita), colaborou também com as Éditions du Lombard, para onde criou com Godi a série Élève Ducobu, um dos seus maiores sucessos, para além de ter recuperado séries clássicas como Ric Hochet ou Clifton. Além desta produção mais comercial, Zidrou é também responsável por uma produção mais autoral, e que inclui séries como o premiado Verões Felizes, ou histórias soltas como Lydie e Emma G. Wildford, ou este Naturezas Mortas, todas já editados no nosso país. 

Oriol é um dos mais promissores autores espanhóis actuais. Estudou na Escola Joso de Barcelona entre 1996 e 2003, antes de iniciar uma carreira na área da animação. Trabalhou na produção de Donkey Xote, em que foi responsável pelo desenvolvimento gráfico, e desenvolveu também conceitos e cenários para o filme Nocturna. Hoje, ensina ilustração digital na Escola Joso. A sua carreira na BD foi construída em parceria com Zidrou, tendo-se lançado com uma curta de BD, Maman Noël, para um álbum colectivo. Também com argumento de Zidrou, publica La Peau de l’Ours, novela gráfica que nos leva numa viagem entre a Itália moderna e os Estados Unidos da década de 1930, e em 2015, um conto cruel, As 3 Frutas. Dois anos depois, voltaram a colaborar neste Naturezas Mortas, uma história de mistério passada na bela cidade de Barcelona. 

A edição d’A Seita e da Arte de Autor inclui um extenso caderno inédito de extras, com cerca de 30 páginas, único em todas as edições deste livro, que regista a magnífica pintura de Vidal Balaguer, tal como redescoberta por Oriol.

Naturezas mortas, Oriol e Zidrou, A Seita/Arte de Autor, 80 pp., cor, capa dura, 23€

6 de setembro de 2024

Boarding Pass

Lançado no festival Maia BD, este álbum de BD nacional já chegou entretanto a todo o mercado. E é um dos mais belos trabalhos de Ricardo Santo, autor que se fixou em Barcelona há já alguns anos, e que faz dessa cidade o palco desta obra. 

Num antigo bairro industrial em processo de gentrificação, na cidade de Barcelona, imigrantes das mais diversas proveniências vivem, prosperam ou sobrevivem como podem, no meio da especulação imobiliária galopante, dos despejos, da demolição, da reconstrução, e da ocupação de edifícios. Alianças oportunísticas e conflitos de interesses nascem e morrem entre os condomínios de luxo e edifícios de escritórios e hotéis acabados de construir, que convivem paredes meias com a degradação deliberada, a delinquência e o tráfico de droga. 

É neste ambiente que dois jovens cheios de sonhos e com um amor comum à música se conhecem, enquanto procuram um sentido para a sua existência e um lugar onde ficar. 

Poder emigrar é um direito, mas ter de emigrar é uma injustiça.

“Boarding Pass é, sem grande esforço, o melhor livro do autor até agora. E, acredito, um dos melhores livros de BD portuguesa deste ano!”

Hugo Pinto – Vinheta 2020

“...uma bela história pessoal de jovens diferentes, com origens, formações e sonhos díspares que, num país estrangeiro, em condições complicadas, nem sempre legalizados, sujeitos às pressões e extorsões de gangues, tentam concretizar os seus anseios musicais, artísticos ou apenas de relacionamento e realização pessoal...”

Pedro Cleto – As Leituras do Pedro

Nascido em 1976, Ricardo Santo vive há 10 anos em Barcelona, onde trabalha como designer industrial e faz banda desenhada nas horas livres. Tem vários prémios em concursos e festivais nacionais de BD e teve uma breve passagem pelo cartoon político, na imprensa regional, para além de ter criado e participado em vários fanzines. Estreou-se oficialmente em livro em 2017, com a auto-edição em crowdfunding de O Livro Sagrado. Em 2020 publicou o álbum Planeta Psicose (Escorpião Azul), que venceu o Prémio Revelação do Festival de BD da Amadora e o Prémio Adamastor do Fórum Fantástico. Em 2021 publicou Abandonos (Escorpião Azul). Em 2024, para além deste Boarding Pass, ilustrou a adaptação para BD do romance O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, para a colecção Clássicos da Literatura Portuguesa (Levoir/RTP), em conjunto com o argumentista André Oliveira.

Boarding Pass, Ricardo Santo, A Seita, 112 pp., capa dura, cor, 22€

4 de agosto de 2024

Made in Abyss #2

Está disponível para envio o tão esperado segundo volume de Made in Abyss, o mangá de culto de Akihito Tsukushi, havendo uma promoção especial para quem encomendar o livro durante a semana que vem! Assim, haverá um desconto exclusivo para os primeiros 30 aventureiros que encomendarem o livro diretamente: 10% OFF com o código aseitaoabismo e portes grátis! Basta visitarem o site aseita.pt e fazerem a encomenda. 

O Abismo – uma cratera imensa que mergulha nas profundezas da Terra, e oculta criaturas enigmáticas e relíquias de um passado longínquo. Qual a sua origem? Que mistérios se ocultam nas suas profundezas? Muitos exploradores foram engolidos pelas trevas, na tentativa de decifrar os seus segredos. Os seus exploradores mais corajosos, os Apitos Brancos, são considerados lendários pelos habitantes da superfície, e diz-se que quanto mais fundo um explorador descer, mais improvável é ele alguma vez conseguir regressar, porque misteriosos efeitos secundários atormentam todos os que iniciam a sua ascensão de volta à superfície.

Começa a odisseia de Riko e do misterioso rapaz robô Reg: a exploração do Abismo! Riko deseja apenas encontrar a mãe, uma exploradora e Apito Branco desaparecida desde o seu nascimento. Reg, que foi encontrado perdido num dos primeiros níveis do Abismo, quer poder descobrir as suas origens, encobertas pelo esquecimento. Estas demandas irão levá-los aos mais recônditos e perigosos cantos dos dois primeiros níveis do Abismo, onde irão encontrar aterrorizadoras criaturas selvagens, bem como Ozen a Impassível, o Apito Branco da Floresta Invertida, que irá começar a revelar a Riko a verdade sobre a sua mãe, e sobre o seu nascimento...

O misterioso abismo que surgiu há dois mil anos revelou-se uma fonte de descobertas imensas, de objectos de tecnologia avançada e misteriosa, mas também de perigos e horrores inimagináveis! Os exploradores que habitam na cidade de Orth, que surgiu pendurada à beira da imensa cratera do Abismo, e que estão divididos em várias classes de exploradores – apitos vermelho, azul, da lua, preto e branco – mergulham regularmente nas suas profundezas em busca dos tesouros que fazem da sua cidade uma das mais prósperas do mundo.

Neste segundo volume da série, os nossos protagonistas vão atravessar os dois primeiros níveis do Abismo, enfrentando os seus perigos, e começaremos a entender melhor a estrutura deste universo estranho e bizarro, bem como dos seus perigos. Um universo cruel, que contrasta terrivelmente com os desenhos fofinhos de Akihito Tsukushi, e que faz de Made in Abyss um mangá seinen, em que a arte que retrata os protagonistas, na maioria crianças, contrasta profundamente com muitas das cenas mais violentas e terríveis deste mundo inumano, negro e, ao mesmo tempo, estranhamente natural. É o encontro entre a inocência e uma Natureza sem filtros, e sem as protecções da civilização.

Made in Abyss (ou MiA) venceu o Prémio de Excelência do Mangá em 2023, atribuído pela Japan Cartoonists Association Award (Nihon Mangaka Kyōkai Shō), e tinha sido nomeado em 2018 para o Prémio da Crítica Francesa ACBD para a BD asiática. Foi também adaptado num anime de grande sucesso, que conta já com duas temporadas, e que venceu os prémios nas categorias de Melhor Anime do Ano e Melhor Banda Sonora nos Crunchyroll Anime Awards do ano de 2017.

Akihito Tsukushi é o pseudónimo de Shigeya Suzuki, nascido em 1979, um designer e ilustrador que trabalhou durante cerca de uma década em animação e design de personagens para a Konami. Foi só depois de deixar o seu trabalho na animação, em 2010, que se começou a dedicar exclusivamente à ilustração e ao mangá, primeiro em edições de autor com bastante sucesso, e depois para o site Web Comic Gamma da Takeshobo, uma importante editora de revistas mensais de mangá. Foi aqui que estreou a sua obra principal, Made in Abyss, que conheceu um sucesso crescente à medida que a sua popularidade foi aumentando de boca a orelha. 

Made in Abyss #2, Akihito Tsukushi, A Seita, Colecção Ikigai, 168 pp., p/b (4 pgs a cores), capa mole, 9,99€