O protagonista desta história está perdido. Quase consegue perceber onde está, mas não sabe como chegar onde quer ir. Está perdido num estranho mundo surreal, com perigos diversos e ameaçadores. Na sua jornada, por mero acaso ou por conveniência narrativa, encontra uma figura tão ou mais perdida que ele. Por vezes, um sentimento de camaradagem e de pertença fazem a diferença no nosso alento para seguir em frente.
Há histórias que ganham o seu próprio sentido e personagens que têm a sua própria vontade, que parece sobrepor-se àquelas que um narrador lhes quer imprimir.
Fábio Veras (Prémio Revelação Amadora 2019) ilustra magnificamente esta história estranha e algo meta-ficcional escrita pelo argumentista Tiago Barros, que se estreia aqui em álbum, propondo-nos um conto onírico e que questiona o lugar da narrativa nos sonhos das nossas personagens, e dos nossos. Primeira parte de duas de um romance gráfico com um toque de surreal e mistério, e que é um verdadeiro tour-de-force visual, acompanha o percurso de um conjunto de personagens que parecem não saber qual o seu papel real nesta narrativa, com excepção do misterioso e terrivelmente auto-confiante Andy, que se desloca entre dois mundos, o nosso, e um mundo paralelo para onde vai arrastar o grupo...
Fábio Veras nasceu em 1997 e licenciou-se em Desenho pela Faculdade de Belas-Artes. Venceu o primeiro prémio do concurso do Amadora BD de 2016 e de Odemira em 2018. Foi em Maio do mesmo ano que lançou a sua primeira BD a solo Jardim dos Espectros. Colaborou com histórias curtas e ilustrações em inúmeras publicações. Em 2019 lançou Filhos do Rato (editado na colecção Comic Heart), que lhe valeu o prémio Revelação do 30º Festival Amadora BD. Actualmente trabalha como ilustrador freelance, e não tem planos de parar de fazer o que mais gosta.
Nascido em Lisboa, crescido na Amadora, Tiago Barros vive há 4 anos no Porto. Em criança costumava ler banda desenhada à mesa (prendia o livro aberto entre o prato e o copo). Pedia a adultos desconhecidos para fingirem ser seus pais na fila do Amadora BD para poder entrar. Achavam que ia seguir artes e desenhar BD, mas acabou por seguir Psicologia, e em vez do desenho, ocupou-se com a escrita. Dizem que anda por cá há 32 anos, mas na verdade passou a maior parte desse tempo noutros mundos.
O Homem de Lugar Nenhum, Fábio Veras e Tiago Barros, A Seita, Colecção Comic Heart, 136 pp., cor, capa dura, 19€
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