O Jogo da Morte conta uma história real de heroísmo frente à barbárie. Em 9 de Agosto de 1942, em Kiev, disputou-se um jogo de futebol que fez murchar o sorriso dos ocupantes nazis. Dentro de campo, eram 11 contra 11, mas a diferença de circunstâncias entre as duas equipas era enorme.
Durante a Segunda Guerra Mundial o FC Start, equipa de futebol ucraniana disputou diversos jogos ao longo do ano de 1942 durante a ocupação nazi do país, contra equipas formadas por membros de diferentes sectores dos exércitos alemão, húngaro e romeno que ocuparam o território durante a Operação Barbarossa. Derrotaram-nos apesar das adversidades.
A equipa era formada por jogadores do Dínamo de Kiev e do Lokomotiv. Os seus sucessos foram vistos pela população local como pequenas vitórias morais contra o exército invasor, algo que era desconfortável para o aparelho de propaganda nazi, uma vez que punha em causa a alardeada superioridade da raça ariana.
Assim, com o objetivo de lhes infligir uma derrota que acabasse com as esperanças da população civil, organizaram um jogo contra uma equipa da Luftwaffe, que já tinha perdido com o FC Start anteriormente. Para garantir a vitória nazi contaram com um árbitro membro das SS. Os jogadores da selecção ucraniana foram prevenidos sobre os problemas que a vitória lhes causaria. O jogo entrou para a história com o nome de O Jogo da Morte, pelas terríveis consequências que trouxe para os jogadores da seleção ucraniana.
A luta pela manutenção da dignidade é a única coisa que resta aos derrotados, algo que muitas vezes acaba transformando pessoas comuns em heróis extraordinários apesar de saberem que estão condenados a um destino terrível por defenderem os seus princípios.
A abrir esta novela gráfica está o prólogo do ex-futebolista argentino Mario Alberto Kempes, figura maior da equipa que levou a selecção Albiceleste ao título mundial em 1978 e dois textos introdutórios de Pablo Herranz, o primeiro sobre as versões cinematográficas realizadas sobre o tema e o segundo sobre a Operação Barbarossa.
Pepe Gálvez tem uma longa trajectória como crítico de banda desenhada e argumentista, publicando tanto em revistas generalistas como especializadas. Escreveu vários ensaios e tem colaborado em diversos livros colectivos.
Guillem Escriche licenciou-se em História da Arte na Universidade de Barcelona. Desenhador de videojogos e de storyboards, director de arte é autor de banda desenhada para diferentes publicações.
O Jogo da Morte, Pepe Gálvez e Guillem Escriche, Levoir, 112 pp., cor, capa dura, 14,90€
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