Bernard Hislaire
Desenhador, argumentista
(Bélgica) 11 de Janeiro de 1957 Autor, desenhador e pioneiro digital que se reinventa a cada projecto, mudando de estilo, suporte e assinatura (Yslaire, Hi-slaire, iSlaire, Sylaire...). Através dessas metamorfoses, surge um artista que questiona o seu tempo ao longo da História.
A sua estreia na banda desenhada aconteceu na revista Spirou, aos 16 anos, e três anos depois, em 1978, lançou a série Bidouille et Violette.
Em 1985, em parceria com Balac (pseudónimo de Yann), desfeita após o primeiro álbum, dava início à tragédia romântica dos Sambre, aclamada pela crítica e pelo público como uma das grandes obras da década. Essa saga prosseguiu, de forma intermitente até aos dias de hoje, em oito álbuns e três ciclos paralelos. Destes últimos, Yslaire apenas escreveu o argumento, entregando o desenho a Jean Bastide e Vincent Mézil (La guerre des Sambre - Hugo & Iris), Marc-Antoine Boidin (La guerre des Sambre - Maxime & Constance e La guerre des Sambre - Werner & Charlotte).
Em paralelo, na década de 1980, foi co-fundador do teatro de vanguarda Ideal Standard, publicou caricaturas de imprensa no diário La Libre Belgique, ilustrações humorísticas no Le Trombone Illustré e produziu conteúdos para a RTBF, o Théâtre Impopulaire e o Rideau de Bruxelles. A partir de 2000, multiplicou os encontros criativos, em colaborações com os realizadores Jaco van Dormael e Didier Roten, para o cinema, Jacques Neefs e Alain Populaire, para o teatro, e o arquitecto Francis Metzger, para cenografias públicas.
Numa notável antecipação, a partir de 1997 criou, programou, produziu e dirigiu uma das primeiras web-séries: Mémoires du XXe ciel, que opõe o olhar mudo de um anjo fotógrafo e as memórias de um velho psicanalista sobre a história do século XX.
Le Ciel au-dessus du Louvre, com o escritor Jean-Claude Carrière, ou Úropa, uma revista digital lançada sob a forma de apps para iPad e iPhone, são outras das realizações de um autor inquieto que questiona constantemente a História, passada e presente, utilizando e explorando os mais diversos meios, do papel ao digital ou do desenho à fotografia.
Yslaire regressa à editora Dupuis, em 2021, onde assina um álbum memorável na colecção “Aire libre”: trata-se de Menina Baudelaire (Mademoiselle Baudelaire, no original), no qual nos conta a história de amor frustrado entre o poeta Charles Baudelaire e sua amante Jeanne Duval, conhecida como a “Vénus Negra”. Soberbamente desenhado e narrado, este álbum foi objecto de uma edição de coleccionador nos 3 volumes dos Cahiers Baudelaire.
A obra de Yslaire foi galardoada com quinze prémios internacionais e tem sido objecto de múltiplas exposições em várias galerias e museus internacionais, em cidades como Paris, Bruxelas, Tóquio, Praga, Seul, Taiwan, Barcelona, Lausanne… Em 2009, o Ministério Francês da Cultura nomeou Yslaire Cavaleiro das Artes e das Letras e, em 2015, elevou-o ao posto de oficial.
Yslaire é, desde 2017, presidente da Victor-Rossel Comics Academy.
Séries publicadas em Portugal:
Sambre One-shots publicados em Portugal:
[actualizado em 08.02.23]