Este é um lançamento da colecção Aleph, que já conta para além destes dois volumes, com uma história de Dampyr ("O Suicídio de Aleister Crowley", que mete também em campo como herói o poeta Fernando Pessoa, e que foi um dos grandes best-sellers d' A Seita, já quase esgotada) e cinco volumes de Dylan Dog.
Um vive em Londres e é um detective do pesadelo, investigador do paranormal, melancólico, introspectivo e sonhador. O outro é filho de uma humana e de um vampiro, e viaja pelo mundo para combater o mal, utilizando o seu sangue letal, capaz de queimar e matar os vampiros. Nunca se tinham cruzado, porque o mundo é demasiado grande e os seus mistérios infindáveis. Até ao Verão de 2017, quando a Sergio Bonelli Editore publicou o seu primeiro crossover, uma aventura que junta Dylan Dog e Dampyr numa luta lado a lado contra as criaturas do Mestre da Noite Lodbrok!
Harlan Draka, o Dampyr, e Dylan Dog, cruzam-se finalmente a tempo da chegada de um conjunto de visitantes estranhos – e perigosos! - a Craven Road, que irão mergulhar Londres no terror. E qual o papel do temível Lodbrok, um dos arqui-vampiros que Draka persegue incansavelmente? Dylan Dog acaba por fazer uma promessa que não pode quebrar à morta-viva Lagertha, inimiga jurada de Harlan Draka, o caçador de vampiros. Nas remotas ilhas Hébridas, para onde viajaram em busca de resolver o mistério de Lodbrok, o Senhor da Noite, os nossos dois heróis terão de sobreviver a uma multidão de personagens horrendas, dragões, vikings mortos-vivos, e outras criaturas sobrenaturais.
Dylan Dog e Dampyr são, no entanto, bem diferentes enquanto personagens e séries. Numa entrevista concedida há uns anos, Mauro Boselli sublinhou que no caçador de vampiros sobressai um lado algo realista, uma vez que as suas aventuras devem dar a ilusão de que acontecem no nosso mundo, na nossa realidade. Ao contrário do que acontece com Dylan Dog, onde o fantástico pode ser apresentado repetidas vezes com contornos menos realistas e onde tudo é possível. Por seu lado, Roberto Recchioni acrescenta que a maneira como os dois heróis lidam com o horror também é diferente: de um lado a dureza e intransigência de um Dampyr pragmático frente aos monstros, qual herói clássico, em contraponto com a visão mais irónica, romântica e empática de Dylan Dog, anti-herói por excelência ou herói por acaso, que diz que os verdadeiros monstros somos nós, os seres humanos.
Duas personagens com pouco em comum, mas com um importante ponto de ligação entre ambas: o horror dos ambientes em que se movem. Como tal, não é de estranhar que, mais tarde ou mais cedo, acabariam por aliar forças, o que só não tinha acontecido antes porque, a acreditar nas palavras de Dylan, “o mundo é demasiado grande”.
O Detective e o Caçador vol. 1: A Noite do Dampyr, Roberto Recchioni, Giugli Antonio Gualtieri e Daniele Bigliardo, A Seita, 104 pp., p&b, capa dura, 13€
O Detective e o Caçador vol. 2: O Detective do Pesadelo, Mauro Boselli e Bruno Brindisi, A Seita, 104 pp., p&b, capa dura, 13€
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