“Começa uma nova era para o Homem de Ferro, pela mão do célebre Warren Ellis, com ‘Homem de Ferro: Extremis’ ao qual se junta ao artista Adi Granov para redefinir o mundo do Vingador Dourado para o séc. XXI, num panorama de assustadoras novas tecnologias que ameaçam dominar a frágil humanidade. O que é o Extremis, quem é que o desencadeou e o que anuncia a sua emergência ao mundo?”
Stan Lee criou o Homem de Ferro em 1963, embora o argumento da primeira história tenha sido escrito pelo seu irmão, Larry Lieber. Desde o início, foi uma personagem ambígua e paradoxal. Super-herói capitalista e militarista, era o oposto da contra-cultura que emergia então e que influenciava muito os fãs da Marvel, que pertenciam à geração do ativismo anti-guerra, dos direitos humanos, dos hippies… Lee definiu a sua nova personagem como “uma espécie de Howard Hughes, inventor e aventureiro, playboy, bilionário, mas sem ser maluco”. O Homem de Ferro estreou-se nas páginas da revista Tales of Suspense, e só anos mais tarde, em 1968, teve a sua própria revista: The Invincible Iron Man. A sua primeira armadura, concebida por Don Heck e Jack Kirby era pesada e cinzenta, mas no segundo número estreou-se a armadura vermelha e amarela, mais elegante, desenhada por Steve Dikto.
Homem de negócios capitalista, génio industrial militar e playboy, perturbado e cheio de dúvidas sobre si mesmo, atormentado pelo alcoolismo, Tony Stark, o Homem de Ferro, é um super-herói com o qual é difícil identificar-se pelo menos em teoria. No entanto, as suas aventuras já abrangeram outros mundos, outros tempos, e boa parte dos países do nosso planeta, capturando a imaginação de gerações de leitores ao longo de quase cinco décadas. O Homem de Ferro é um dos principais heróis da Casa das Ideias, que salvou o dia e granjeou inúmeros louvores com três filmes de grande sucesso, que realçaram a sua popularidade como ícone dos comics. Por fora, é invulnerável, quase intocável, mas por dentro o nosso Vingador Dourado é uma figura ferida com uma consciência, e é este contraste na sua psique que tanto diz a tantos leitores pelo mundo fora.
O escritor desta história, Warren Ellis, pertence a uma geração de escritores britânicos que tiveram grande impacto nos comics americanos. Ellis tem trabalhado para as grandes editoras, imprimindo o seu cunho pessoal às histórias que escreve: uma dimensão politicamente radical, uma preocupação com temas complexos da ficção-científica como a nanotecnologia ou a tecnobiologia, e uma personalidade simultaneamente cínica e cética, e otimista e utopista. Assim, quando Ellis foi incumbido de escrever uma história moderna do Homem de Ferro, não podia ter havido melhor “casamento”, sobretudo com o estilo único e glorioso da arte de Adi Granov a complementar a visão de Ellis. Extremis é tão gratificante para fãs de longa data como para leitores novos, e é a história do Homem de Ferro que inspirou visualmente os filmes, colocando em evidência as origens da personagem e partilhando uma visão do porvir (foi Ellis que pela primeira vez colocou as origens do Homem de Ferro na guerra do Afeganistão tirando-o do Vietname), para além de ter sido uma das histórias que mais contribuiu para o argumento do terceiro filme da personagem.
Uma história totalmente auto-conclusiva e que pode ser lida por leitores casuais como uma boa introdução à saga do Homem de Ferro.
Este volume inclui também um dossier sobre Warren Ellis, e uma entrevista a Adi Granov, bem como um guia visual da evolução da armadura do Homem de Ferro.
Colecção Oficial de Graphics Novels da Marvel #49: Homem de Ferro - Extremis, Warren Ellis e Adi Granov, Salvat, 160 pp., cor, capa dura, 11,99€
Este volume reúne as edições 1 a 6 da revista Invincible Iron Man (vol. 4) e é uma reedição do volume #3 dos Heróis Marvel, uma edição do Público/Levoir de 2012.