“Putain de Guerre – A Guerra das Trincheiras”, de Jacques Tardi
Considerado um dos mais importantes autores de Banda Desenhada franceses e um dos mais influentes do mundo, Jacques Tardi apresenta nesta exposição trabalhos de três álbuns do autor dedicados à Primeira Guerra Mundial: “Putain de Guerre”, “C’était la Guerra des Tranchées” e “Chansons contre la Guerre”.
As cartas e os diários, os testemunhos de soldados nas trincheiras, as fotografias, as imagens dos uniformes, o armamento, são segundo Carlos Pessoa “outros tantos elementos que permitem a Tardi recuperar a “sua” atmosfera da guerra, enriquecida com a experiência de deslocação pessoal a muitos locais das batalhas. Tudo isto para tornar possível ao leitor impregnar-se do ambiente quotidiano do soldado e apreender o tremendo sofrimento físico e emocional dos combatentes. As histórias de Tardi são curtas narrativas de situações vividas por homens deprimidos e roídos pelo medo nas trincheiras ou na terra de ninguém – a exceção é “Putain de guerre!”, em que o autor privilegia uma perspetiva cronológica. Não há heróis, mas apenas soldados que são vítimas de uma guerra absurda e sem o menor sentido. Graficamente, apresentam-se muitas vezes como meras silhuetas, simples reflexos, sem profundidade, de seres que há muito perderam a condição de homens livres. Vivem esmagados pelo peso das mochilas e do armamento que transportam às costas, mas sobretudo pelo próprio conflito, que lhes assenta sobre os ombros com todo o peso do mundo.
A denúncia dos horrores da guerra, a afirmação de um pacifismo radical e o desmascaramento do papel “redentor” da religião no conflito, vão a par com um olhar sarcástico sobre a liturgia e a simbólica patrióticas, com os seus monumentos evocativos ao soldado desconhecido, cerimónias comemorativas, medalhas, desfiles de antigos combatentes e outras evocações com que foi construída uma certa memória colectiva do conflito”, conclui.
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