29 de setembro de 2013

Os 60 anos do Detective de Hollywood


Foi em 29 de Setembro de 1983 que Hippolyte Flynn (Le Privé d'Hollywood) apareceu pela primeira vez aos leitores da revista belga Spirou. Tendo como cenário os bastidores do cinema de Hollywood, esta série de suspense e intriga policial decorre nos anos 30 do século passado.

Hippolyte é o tipo de detective dandy, amante do mundo do jet-set. Acompanhado da charmosa assistente Connie, Flynn não perde nenhuma gala ou cocktail das grandes vedetas de Hollywood.

Os seus autores são os argumentistas José-Louis Boucquet e François Rivière e o desenhador Philippe Berthet que conseguem construir uma obra cinematográfica com um grafismo claro e elegante.

Contudo, a série foi efémera com apenas três aventuras, editados entre nós pela ASA nos anos 90 do século passado.

Eis a bibliografia portuguesa:

  • O detective de Hollywood (Le privé d'Hollywood), 1983, Álbum ASA [1991]
  • Amérika (Amérika!), 1986, Álbum ASA [1991]
  • O regresso do fogo (Retour de flamme), 1989, Álbum ASA [1992]




25 de setembro de 2013

Beaux Arts dedicada aos 75 anos do Spirou

Celebrando os 75 anos de Spirou, festejados este ano, a revista francesa Beaux Arts editou um número especial (o #26), com capa dura, totalmente dedicado àquele herói belga.

A obra divide-se em dois capítulos. O primeiro intitula-se «Spirou, un monument de la BD belge», onde se descreve a génese do herói, assim como da revista que o acolheu e baptizada com o seu nome. Seguidamente, historia as várias fases de Spirou com os vários autores que lhe deram vida (Rob-Vel, Jijé, Franquin, Fournier, Nic e Cauvin, Tome e Janry, Morvan e Muñuera e Yoann e Vehlmann).
No segundo capítulo («L'univers de Spirou») encontramos uma enciclopédia dos personagens e artigos como a ciência, a arte, a arquitectura e o design são retratados nas aventuras de Spirou.

Esta excelente obra apresenta-nos dois portfólios: «Les voyages de Spirou autor du monde» e «Les meilleurs gags». No final, elenca-se os 53 álbuns de Spirou publicados em 75 anos de aventuras.

Beaux Arts, HS, «Spirou a 75 ans - Les aventures d'un géant de la BD», Setembro de 2013, 128 pp, 8,40 €

20 de setembro de 2013

Versão inédita do «Caranguejo das Tenazes de Ouro»

O jornal belga Le Soir editou em livro as tiras das aventuras de Tintin«Du crabe rouge au crabe aux pinces d'or» publicadas naquele diário aquando da ocupação nazi do matutino em plena 2ª Guerra Mundial.

«O Caranguejo das Tenazes de Ouro» é a nona aventura do Tintin, o famoso herói criado por Hergé, publicado a preto e branco em tiras diárias de 17 de Outubro de 1940 a 18 de Outubro de 1941 nas páginas do Soir Jeunesse, suplemento de jornal Le Soir.

A colaboração de Hergé com o Le Soir, quando este era dirigido pelos nazis ocupantes, tornou-se um dos momentos problemáticos da biografia do autor de Tintin, sendo acusado por alguns biógrafos como colaborador dos ocupantes. Contudo, Hergé foi ilibado judicialmente desta eventual colaboração, continuando a sua carreira na revista Tintin.

Além d' «O caranguejo das tenazes de ouro», Hergé publicou no Le Soir mais quatro episódios: «A estrela misteriosa», «O segredo do Licorne», «O tesouro de Rackham, o Vermelho» e «As 7 bolas de cristal». Os três últimos episódios já foram em três livros em 2006, 2007 e 2012.


19 de setembro de 2013

Tintin et les forces obscures

A partir do próximo dia 3 de Outubro encontra-se à venda mais um número hors-serie das revistas Le Point/Historia sobre o Tintin. Desta feita, esta obra vai dedicar-se ao estudo do impacto nas aventuras de Tintin dos sonhos, telepatia, extraterrestres, sociedades secretas...

Vamos estar atentos às prateleiras dos nossos quiosques...

18 de setembro de 2013

Un Opéra de Papier - Les mémoires de Blake et Mortimer

Un Opéra de Papier, editada originalmente em 1981 e há muito esgotada, é uma obra autobiográfica de Edgar Pierre Jacobs, onde o autor de Blake e Mortimer nos relata como se iniciou no desenho, os seus primeiros empregos no comércio e na banca, o ingresso como barítono na ópera e o encontro com Hergé.

Com a libertação da Bélgica, ocupada pelos nazis na 2ª Guerra Mundial, Jacobs é um dos fundadores da epopeia da revista Tintin, e na primeira pessoa conta-nos os acontecimentos que marcaram o lançamento deste grande feito da imprensa juvenil europeia.

A obra continua com os curriculum vitae de Mortimer, Blake e Olrik e com os bastidores de todos os episódios da dupla britânica desenhados por Jacobs, desde O segredo do Espadão até As 3 fórmulas do professor Sato.

A obra está profusamente recheada de desenhos e fotografias que fundamentam graficamente a biografia e a bibliografia de Edgar Pierre Jacobs.

Un Opéra de Papier - Les mémoires de Blake et Mortimer, Edgar Pierre Jacobs, Gallimard, 2013, 190 pp, 31,03 € (á venda em Portugal nas lojas FNAC)

16 de setembro de 2013

O 65º aniversário de Alix

A história inicia-se em 53 a.C. quando o jovem escravo gaulês de nome Alix descobre as suas origens após a morte de Honório, o seu senhor. Libertado da servidão e legal descendente de Honório, Alix conquista o estatuto de cidadão romano, participando activamente na construção do Império. Apesar da credibilidade e rigor histórico da série, o protagonista envolve-se em algumas aventuras, pelo menos, dois séculos fora da sua época.

A série, criada por Jacques Martin para o semanário belga Tintin e estreada em 16 de Setembro de 1948, transporta os leitores até Roma, à Gália, aos territórios teutónicos, à Mesopotâmia, África e Ásia Menor, chegando mesmo até à China. Júlio César, Cleópatra e Vercingétorix são algumas das grandes figuras históricas que tomam palco nas aventuras do jovem romano. A partir da segunda aventura («A esfinge de ouro»), um novo actor se junta à aventura: Enak, um jovem órfão egípcio, que se torna o principal amigo de Alix.

A progressão da miopia de Jacques Martin, obriga-o, em 1998, a delegar o desenho no seu primeiro assistente, Rafael Morales. Em 2006, chega a vez de passar o testemunho do argumento a François Maingoval. Desde então e, após a morte de Martin (14 de Dezembro de 2007), têm sido vários os autores a encarregarem-se da série: Patrick Weber, Christopher Simon, Ferry, François Corteggiani e Marco Venanzi.

Aproveitando o sucesso da série, em 1996 surge a colecção «Les Voyages de Alix» (36 tomos editados), uma série pedagógica que retrata os usos, costumes e a arquitectura dos povos da Idade Antiga.  Dentro da mesma ideia editorial, são editados três volumes da colecção «Alix raconte». Finalmente, em 2012, é lançado o «spin-off» Alix Senator, uma série paralela que nos leva a um Alix mais velho e membro do Senado Romano, contando-nos os meandros das intrigas políticas que circulam em Roma. Está prevista para este mês a edição do segundo episódio desta série.

Em Portugal, a série estreia-se na revista Tintin em 16 de Janeiro de 1971 com as primeiras pranchas do episódio «O túmulo etrusco», seguindo-se depois mais nove episódios. Mais tarde, as Edições 70 publica uma colecção de 19 álbuns e, posteriormente, a parceria Público/ASA reedita os mesmos álbuns, tendo a ASA editado mais três inéditos em Portugal.

Neste momento, estão publicados 32 episódios da série Alix, tendo Portugal registado a edição dos primeiros vinte, além do 23º e 26º episódios.

Deixo-vos a quadriculografia portuguesa completa de Alix:
  • Alix, o intrépido (Alix l'intrépide), 1948, Martin, Tintin #12 a #39/14º ano; Álbum Edições 70 [1981]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010] 
  • A esfinge de ouro (Le sphinx d'or), 1949, Martin,  Álbum Edições 70 [1981]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • A ilha maldita (L'île maudite), 1951, Martin,  Álbum Edições 70 [1981]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • A tiara de Oribal (La tiare d'Oribal), 1955, Martin,  Álbum Edições 70 [1982]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • A garra negra (Le griffe noire), 1957, Martin,  Álbum Edições 70 [1982]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • As legiões perdidas (Les légions perdues), 1962, Martin,  Álbum Edições 70 [1982]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O último espartano (Le dernier spartiate), 1966, Martin,  Álbum Edições 70 [1983]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O túmulo etrusco (Le tombeau etrusque), 1967, Martin, Tintin #34/3º ano a #16/4º ano; Álbum Edições 70 [1983]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O deus selvagem (Le dieu sauvage), 1969, Martin, Tintin #10 a #36/5º ano; Álbum Edições 70 [1983]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • Iorix, o Grande (Iorix le Grand), 1971, Martin, Tintin #12 a #38/6º ano; Álbum Edições 70 [1984]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O príncipe do Nilo (Le prince du Nil), 1973, Martin, Tintin #13 a #35/8º ano; Álbum Edições 70 [1984]; Álbum ASA [2010]
  • O filho de Espártaco (Le fils de Spartacus), 1974, Martin, Tintin #9 a #19/9º ano; Álbum Edições 70 [1985]; Álbum ASA [2010]
  • O espectro de Cartago (Le spectre de Carthage), 1976, Martin, Tintin #20 a #35/10º ano; Álbum Edições 70 [1986]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • As presas do vulcão/O deus vulcão (La proie du volcan), 1977, Martin, Tintin #17 a #38/11º ano; Álbum Edições 70 [1987]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010] 
  • A criança grega/Herkios, o jovem grego (L'enfant greg), 1979, Martin, Tintin #49 a #52/12º ano; Álbum Edições 70 [1989]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • A torre de Babel (La tour de Babel), 1981, Martin, Tintin #9 a #21/15º ano*; Álbum Edições 70 [1987]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O imperador da China (L'empereur de Chine), 1982, Martin, Álbum Edições 70 [1989]; Álbum ASA [2010]
  • Vercingétorix (Vercingetorix), 1985, Martin, Álbum Edições 70 [1989]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • O cavalo de Tróia (Le cheval de Troie), 1988, Martin, Álbum Edições 70 [1990]; Álbum Público/ASA [2010]; Álbum ASA [2010]
  • Ó Alexandria (Ô Alexandrie), 1996, Martin, Álbum ASA [2002]
  • O rio de Jade (Le fleuve de Jade), 2003, Morales e Martin, Álbum ASA [2004]
  • O ibero (L'ibère), 2007, Christophe, Martin, Mangoval e Weber, Álbum ASA [2011]


14 de setembro de 2013

A história das histórias da revista Tintin

A revista belga/francesa Tintin nasceu  em 26 de Setembro de 1946.

São várias as obras que historiam a revista nos seus 42 anos de existência.

A última, da autoria de Alain Lerman, é, sem dúvida, a mais marcante, dado o volume de informação que possui, desde todas as capas, passando pela listagem de todas as histórias, contos e dossiês. Além de documentar todo a edição belga e francesa da revista Tintin, o autor alarga o seu estudo a várias edições de outros países, como a portuguesa. O autor já havia publicado em 1979, pela editora Glenat,  a «Histoire du journal Tintin».

Em 2006, Dominique Maric edita «Le Journal Tintin - Les coulisses d'une aventure» com a chancela da Moulinsart.

No início da década de 80, com um prefácio de Hergé, é lançado a obra colectiva «35 ans du journal Tintin», com edição da Lombard e cinco anos mais tarde, Philippe Goddin, por ocasião do 40º aniversário da revista, propôe «L'aventure du journal Tintin», com a marca da mesma editora.

Em 1996, novamente a Lombard publica a sua história em três belos volumes com o título «Lombard - Un demi-siècle d'aventures», onde escalpeliza anualmente a história da sua pérola: a revista Tintin.

Finalmente, e para que possamos ter uma visão mais abrangente do impacto da revista, existe a obra de Hugues Dayez, «Le Duel Tintin-Spirou» da editora Luc Pire.

Quanto à edição portuguesa da revista Tintin, publiquei, há uns anos, o inventário da revista, estando disponível para os interessados neste post.








13 de setembro de 2013

24º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora

O mais famoso festival de BD do país está a chegar. Um dos pontos fortes são os concursos de Banda Desenhada e de Cartoon, cujos regulamentos já estão publicados e podem ser consultados na página do facebook do Festival http://www.facebook.com/amadorabd.

12 de setembro de 2013

Juvebêdê #54

Juvebêdê é uma revista de banda desenhada da Associação Juvemédia com dezassete anos de existência. Dependente dos apoios financeiros disponíveis, esta publicação não tem mantido, infelizmente, uma edição regular. Contudo, um novo número da Juvebêdê é sempre bem-vindo, tanto mais que é das poucas publicações portuguesas de informação sobre banda desenhada.

A edição #54 de Agosto de  2013 tem, além de várias informações editoriais, como destaque o 9º World Press Cartoon 2013 com uma extensa reportagem fotográfica.

Juvebêdê #54, Agosto 2013, 24 pp, distribuição gratuita

11 de setembro de 2013

dBD #76

Terminada as férias de Verão, eis o número de Setembro da revista francesa de informação de BD, a dBD.

Os destaques desta edição vão, além das inúmeras notícias sobre edições e exposições e o habitual caderno crítico das novidades editoriais, para as entrevistas a Michel Jans (acerca do lançamento da biografia de Hugo Pratt - «Je me souviens de Pratt»), a Zep, a Stephen Desberg (acerca das edições de Hell, IR$, Miss Octobre, John Tiffany e Cassio).

A recordação deste número de Henri Filippini vai para o desenhador francês do início do século XX, Louis Forton.

dBD #76, septembre 2013, 98 pp, 9,80 €

10 de setembro de 2013

Capitan faz 50 anos



A acção da série decorre no século XVII e retrata Capitan de Castaignac, um émulo de ArtagnanCapitan, assistido por Larose, o seu fiel valete, deixa Gascogne, terra natal e ruma à capital do império, Paris. Após alguns combates de capa e espada, Capitan torna-se um agente secreto às ordens do Cardeal Richelieu.


Os autores, o casal Lilliane e Fred Funcken, afirmaram que «é uma época que amam bastante, sendo uma oportunidade de explorar os nossos conhecimentos sobre a História dos Costumes. A nossa documentação neste domínio é das mais completas, com livros raros que nem existem na Biblioteca Nacional. Esta paixão vem do tempo que Hergé nos pediu a série Cavaleiro Branco». Aproveitando este acervo documental, o casal Funcken edita, anos mais tarde, uma apaixonante colecção em sete volumes sobre a história dos uniformes militares ao longo dos tempos.


O rigor histórico sempre conferiram uma grande credibilidade às séries do casal Funcken, como o Cavaleiro Branco, Harald o viking, Jack Diamond e Doc Silver, além dos inúmeros «one-shots» desenhados durante a sua carreira na revista Tintin.

Na série Capitan, alguns dos argumentos são de Yves Duval e Jacques Acar. A saga inicia-se em 10 de Setembro de 1963 no Tintin belga, prolongando-se até Junho de 1971, publicando-se a última aventura na revista Tintin Sélection.

Em Portugal, foram publicados cinco episódios repartidos pelas revistas Tintin, Mundo de Aventuras e Selecções do Mundo de Aventuras (nestas duas últimas, com os desenhos são a preto e branco).

A quadriculografia portuguesa da série Capitan é a seguinte:
  • Em guarda, Capitão! (En garde, Capitan !), 1963, Funcken, Zorro #156 a #161, Selecções do Mundo de Aventuras #192
  • Os conspiradores (Capitan contre les conspirateurs), 1964, Funcken, Selecções do Mundo de Aventuras #200
  • O homem da máscara de ouro (Capitan et le masque de cuir), 1965, Funcken, Selecções do Mundo de Aventuras #221
  • Uma aposta por Tornado (Pari pour Tornade), 1969, Funcken e Duval, Tintin #42/5º ano
  • O cofre de ébano (Capitan et le coffret d’ébène), 1968, Funcken, Mundo de Aventuras (2ª fase) #261

8 de setembro de 2013

Lone Ranger - 75 anos

A figura de Lone Ranger já teve direito neste blogue a um post bibliográfico. Contudo, não quisemos deixar de festejar o 75º aniversário do lançamento em BD da série [a primeira tira ocorreu em 11 de Setembro de 1948].


7 de setembro de 2013

Charles Mathelot [1923-2013]

O ano de 2013 viu desaparecer mais um grande desenhador que, apesar de uma carreira curta, foi bastante marcante na história da BD mundial.

Charles Mathelot, falecido no primeiro dia de Abril deste ano, nasceu na capital francesa em 14 de Abril de 1923.

A sua estreia na BD foi em 1941 no suplemento Hurrah! #91 com uma experiência não muito feliz para a série Fanfan la Tulipe e uma adaptação de Gavroche. Só três anos mais tarde, um desenho de Mathelot é publicado, com notórias melhorias, com a história «Le dramatique croisière de la 'Josette'». Em 1942, é recrutado para as edições EFR, onde faz um pouco de tudo: capas, títulos, montagens e algumas histórias completas. Foge aos alemães para escapar ao trabalho obrigatório e, após a libertação de Paris, trabalha para o editor Marcel Daubin, onde assina capas para a série «Titans du Pacifique». O seu talento torna-se notório e Mathelot é aconselhado por Daubin a trabalhar com Marijac.

O primeiro trabalho com Marijac é uma história de aviação intitulada «Les géans du ciel». Segue-se a apaixonante adaptação à BD «Le grand cirque» de Closterman.

Em 1949, Mathelot substitui Raymond Poyvet na série Colonel X, um herói da resistência francesa. Os episódios são publicados na revista Coq Hardi durante dois anos. Nos anos seguintes, sempre com os argumentos de Marijac, Mathelot desenha várias histórias completas, desde epopeias marítimas («Le fils du boucanier») a temas de antecipação («Alerte a la Terre»).

No jornal Mireille, com a colaboração de Marijac, inicia a série Liliane hôtesse de l'air (1954-58) e L'orpheline du cirque (1954).

Em 1958, após terminar o último episódio de Liliane e uma história de automobilismo («Miss Cambouis»), Mathelot retira-se da BD, inconformado com a falta de benefícios económicos, aliado a uma insegurança de um trabalho liberal sem segurança social. Decide abrir um negócio e tornar-se um representante comercial.

Em Portugal, a obra de Mathelot é publicada nas revistas do Cavaleiro Andante, publicações da Empresa Nacional de Publicidade, durante a década de 50 do século passado.

Fica aqui um ensaio da quadriculografia portuguesa de Christian Mathelot:

  • A corrida Alaska-Terra do Fogo (Le raid Alaska-Terre de feu), arg. de Marijac, Cavaleiro Andante (Nº Especial) de Março 1954
  • A estrela do circo (L'orpheline du cirque), arg. de Marijac, Cavaleiro Andante #327 a #456
  • Alarme no Planeta! (Alerte a la Terre), arg. de Marijac, Cavaleiro Andante #8 a #55
  • Ases do volante (Miss Cambouis), Álbum do Cavaleiro Andante #58
  • O filho do flibusteiro (Les fils du boucanier), arg. de Marijac, Cavaleiro Andante #76 a #122
  • O segredo do Monte Branco (La derniére cordée), Cavaleiro Andante #27 a #58
  • Viagem a Marte (L'étrange croisière du Squalis ), arg. de Marijac, Cavaleiro Andante (Nº Especial)  de Dezembro 1953
  • O fim do mundo é para amanhã!, Boletim do Clube Português de Banda Desenhada #120
Lili, hospedeira do ar (Liliane hôtesse de l'air)
  • Três num avião (Saigon-Abidjan), Cavaleiro Andante (Nº Especial) de Abril 1955
  • [st], Cavaleiro Andante #495 a #510





6 de setembro de 2013

Hop! #138

Recebi a revista de informações e de estudos sobre a BD, a Hop!, número de Junho de 2013 da série Actualité BD.

Os dossiês deste número são dedicados ao autor espanhol José Ortiz, que inclui a habitual biografia e bibliografia francesa, além de uma entrevista; e a Joe Kubert, segunda parte, incidindo sobre a série Sgt. Rock, além da continuação da bibliografia francesa do autor norte-americano.

Contamos com a habitual e extensa informação editorial francesa e o obituário dos artistas falecidos recentemente.

Hop! #138, juin 2013, 64 pp, 7,60 €

5 de setembro de 2013

A BD e o cinema (III) - Jim das Selvas

Jungle Jim (o «nosso» Jim  das Selvas) começou a ser distribuído em tira diária nos EUA pela King Features Syndicate em 7 de Janeiro de 1934. Jungle Jim foi a resposta da King ao Tarzan, na altura distribuído por outro sindicato, a United Feature, que estava a ter um retumbante êxito.

Alex Raymond, com apenas 25 anos, mas já com currículo invejado, através da grande criação de ficção científica, Flash Gordon, é o escolhido pela agência para desenhar uma uma série de aventuras nas selvas asiáticas, escritas por Don Moore.

Jungle Jim é Jim Bradley, explorador e combatente de todo o tipo de traficantes. A companhia feminina é a charmosa Lil' de Ville ou Shangai Lil. Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Jim incorpora-se nos marines dos EUA. Terminado o conflito, torna-se agente do FBI.

Também mobilizado para a guerra (1944), Raymond cede o lugar a John Mayo que, por sua vez, em 1948, é substituído por Paul Norris, que assegura a série até 8 de Agosto de 1954.

Em Portugal, a série foi editada em publicações da Agência Portuguesa de Revistas e Portugal Press e álbuns das editoras Presença e Futura.

No cinema, Jungle Jim tem em 1937 uma série de episódios interpretado por Grant Withers, com realização de Ford Beebe e Cliff Smith. Por outro lado, Johnny Weissmuler, que já havia interpretado Tarzan, é Jungle Jim em doze grandes metragens e uma série para TV.

A lista de filmes de Jungle Jim é a seguinte, com os títulos em português dos filmes estreados em Portugal:

  • Jungle Jim, USA, 1937 (12 episódios) de Ford L. Beebe e Clif Smith com Grant Withers
  • Jungle Jim (O rei da floresta), USA, 1948 de William Berke com Johnny Weissmuler
  • The lost tribe, USA, 1949, idem
  • The captive girl (Prisioneira da selva), USA, 1950, idem
  • Fury of the Congo (Fúria na selva), USA, 1950, idem
  • Mark of the gorilla (A marca do gorila), USA, 1950, idem
  • Pigmy island (Perdidos na floresta), USA, 1950, idem
  • Jungle manhunt (Na terra dos monstros), USA, 1951, de Lew Landers com Johnny Weissmuler
  • Jungle Jim in the forbidden land, USA, 1952, idem
  • Jungle man-eaters, USA, 1954, de Lee Sholem com Johnny Weissmuler
  • Jungle moon men (A deusa da Lua), USA, 1955, de Charles Gould com Johnny Weissmuler
  • Devil Goddess, USA, 1955, de Spencer Bennett com Johnny Weissmuler
  • Jungle Jim, USA, 1955, série de 26 episódios de 20 minutos para TV, com Johnny Weissmuler
  • Cannibal attack, USA, 1964, de Lee Scholen com Johnny Weissmuler




3 de setembro de 2013

Cães na BD (I) - Bill [Boule et Bill]

Bill é o cocker spaniel de Boule, um jovem traquinas. A primeira aventura deste duo intitula-se «Boule e Bill et les mini-requins» com 32 pranchas e apareceu na revista Spirou em 24 de Dezembro de 1959. Após esta breve história, o duo só reaparece em 31 de Março de 1960 com um episódio de quatro pranchas e depois a partir de 8 de Setembro do mesmo ano em gags de uma página. Em números especiais da revista, Boule & Bill têm direito a pequenas histórias completas.

A série passou pelas páginas do concorrente Journal du Mickey e na revista inglesa Valiant com o baptismo It's a Dog's Life com Bill a ter o nome saxónico de Larry e Boule de Pete.

Boule & Bill tem a assinatura de Jean Roba e os seus gags retratam o ambiente escolar e familiar do jovem Bill, descrevendo com humor as peripécias de uma criança traquinas e um cão irrequieto.

O sucesso do duo foi rentabilizado em duas séries de filmes de animação (1975 e 2004) e este ano numa longa metragem francesa com resultados bastante modestos.

Roba faleceu em 2006, desejando que a série tivesse continuação, tendo apontado Verron como seu sucessor.

Em Portugal, a série estreou-se no Álbum do Cavaleiro Andante #107 de Abril de 1963 (baptizada por Ric e Roque), passando pelas revistas Zorro, Jacaré, Mundo de Aventuras (2ª fase) e Jornal da BD.

Deixamos aqui a prancha de estreia de Boule & Bill em Portugal:


2 de setembro de 2013

Quadriculografia de José Ruy em álbum


Com a edição recente de mais uma obra biográfica em banda desenhada, «João de Deus - A magia das letras» (Editora Âncora, 2013), José Ruy é o autor português com mais álbuns editados em Portugal. Aproveito este feliz acontecimento editorial para um ensaio da quadriculografia das obras editadas em álbum por este artista nascido na Amadora:

  • A história do Diário de Notícias em BD, Diário de Notícias
  • Infante D. Henrique, edição do autor, 1960
  • Ubirajara, Editorial Futura, 1982
  • Os Lusíadas (3 volumes), Editorial Notícias, 1982-1984 (Integral em 2000 [Editorial Notícias] e 2009 [Âncora])
  • As aventuras de 4 lusitanos e 1 porca, arg. de Paulo Madeira, Editorial Futura, 1984
  • Jorge Dimitrov, herói internacionalista, Caminho, 1985
  • A história da Cruz Vermelha, arg. de Jean-Jacques Surbeck, International Committee of the Red Cross, 1985
  • O auto das barcas, Editorial Notícias, 1986
  • Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação adaptada em BD, Meribérica-Líber, 1987
  • As aventuras de Porto Bomvento - Homens sem alma, Editorial Notícias, 1988
  • Auto da Índia e Farsa de Inês Pereira, Editorial Notícias, 1988
  • A vida maravilhosa de Charles Chaplin, Editorial Notícias, 1988
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bomvento no Castelo da Mina, Edições ASA, 1988
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento no Cabo da Boa Esperança, Edições ASA, 1989
  • O bobo - Adaptação da obra de Alexandre Herculano, Editorial Notícias, 1989
  • História de Macau, Asa, 1989 (existe uma edição em mandarim)
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento no Brasil, Edições ASA, 1990
  • Como apareceu o medo e outras histórias de animais em BD, Editorial Notícias, 1990
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento nas Terras do Labrador, Edições ASA, 1991
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento no Cataio, Edições ASA, 1991
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento na Austrália, Edições ASA, 1991
  • As aventuras de Porto Bomvento - Bom vento recorda a infância, Edições ASA, 1992
  • Levem-me nesse sonho! - História da cidade da Amadora em BD, Asa, 1992
  • Mataram o rei!... Viva a República!, Asa, 1993
  • Alves dos Reis - Uma burla à portuguesa, arg. de Alexandre Honrado, Asa, 1994
  • Aventura do passado perdido - Vida e obra de Francisco Martins Sarmento, Asa, 1994
  • A jóia no vale - História do Mosteiro de Pombeiro, Asa, 1995
  • O juíz de Soajo - História da vila de Soajo em BD, Editorial Notícias, 1996 (existe edições em francês e inglês), reedição da Âncora em 2014
  • A casa e o infante - Memórias da velha alfândega do Porto, Asa, 1996
  • Sintra, o encantado monte da lua - A história da vila de Sintra em banda desenhada, Editorial Notícias, Maio 1997 (existe uma edição em inglês, francês e castelhano)
  • Nicolau Coelho  - Um capitão dos descobrimentos, Editorial Notícias, Novembro 1997
  • Nascida das águas - História da cidade de Caldas da Rainha em Banda Desenhada, Asa, Março 1999
  • Almeida Garrett e a cidade invicta, Âncora, Setembro 1999
  • Levem-me nesse sonho... acordado! - História da cidade da Amadora em BD, Âncora, 2000 (reedição)
  • Pêro da Covilhã e  a misteriosa viagem, Âncora, Março 2000
  • Operação Óscar - Outra maneira de contar o 25 de Abril, Asa, Abril 2000
  • Aristides de Sousa Mendes - Herói do holocausto, Âncora, 2001 (existe edições em inglês e hebraico)
  • A ilha do futuro, Meribérica-Líber, Outubro 2004
  • Humberto Delgado - O general sem medo , Âncora, Maio 2005
  • Porto Bomvento [integral], Edições ASA, 2005
  • Peter Café Sport e o vulcão do Faial,  Marginália, 2007
  • Mataram o rei!... Viva a República!, Âncora, Abril 2008 (reedição)
  • Mirandês - História de Uma Língua e de Um Povo, Âncora, Maio 2009 (existe uma edição em mirandês)
  • Amarante  - A heróica defesa da ponte, Âncora, Setembro 2009
  • Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos, Âncora, Novembro 2011
  • João de Deus - A magia das letras, Âncora, 2013 (existe uma edição em francês)
  • A brincar vamos associar, Fundação Montepio, 2015
  • Histórias de Valdevez, Âncora, 2016
  • Carolina Beatriz Ângelo – Pioneira na Cirurgia e no Voto, Âncora, 2016
  • Nascida das águas e o 16 de Março de 1974 - História da cidade de Caldas da Rainha em Banda Desenhada, Âncora, Março 2018
  • A ilha do Corvo que venceu os piratas, Âncora, 2018 (existe uma versão em inglês)



1 de setembro de 2013

50º aniversário das aventuras do Comissário San-Antonio em BD

O Comissário San-Antonio é uma série de romances policiais da autoria de Frédéric Dard, sob o pseudónimo de San-Antonio, um comissário de polícia que na primeira pessoa narra as suas aventuras. Foram publicados 175 volumes, entre 1949 e 2001.

Mais tarde, em 1963, e sob adaptação de Roger Mallat e desenhos de Henry Blanc, as aventuras do comissário são editadas em BD através de uma tira diária no jornal France Soir. O sucesso da série é enorme, sendo publicadas 3588 tiras diárias de Les Enquêtes du Comisssaire San-Antonio até Março de 1975.



Paralelamente, as edições Fleuve Noir editaram sete álbuns com argumento de Patrice Dard (filho de Frédéric Dard) com o grafismo assegurado pelos Estúdios Henri Declez, nomeadamente, pelo jovem Franz Drappier (futuro desenhador de Jugurtha e Lester Cockney), que dava os primeiros passos na banda desenhada.


Em Portugal, as aventuras do Comissário San-Antonio foram parcialmente editadas pela Distri Editora.

  • San-António na Escócia (San-Antonio en Écosse), 1972, Distri Editora
  • San-Antonio na Grécia (San-António chez les grecs), 1973, Distri Editora