Durante séculos, o avançado reino africano de Wakanda tem sido protegido pelo Pantera Negra, o seu nobre rei-guerreiro. Agora, T’Challa, o rei atual, vê-se forçado a proteger o seu povo de um novo grupo de forasteiros que desejam explorar as suas terras e os seus vastos recursos.
O Pantera Negra é uma das mais marcantes e importantes personagens do Universo Marvel, e foi também o primeiro super-herói negro nos comics. Mais que isso, ele surgiu como uma personagem negra extraordinariamente original e muito contra a corrente da época: era rico, era rei da sua própria nação, um pequeno país africano tecnologicamente avançado, e o próprio nome que ostentava garantia alguma controvérsia, especialmente quando os Panteras Negras de Malcolm X se tornaram famosos nos anos seguintes à sua primeira aparição nas páginas dos comics (em Fantastic Four #52–53, de 1966). Desde aí tornou-se um membro de pleno direito do mundo Marvel, e as suas aventuras nunca mais deixaram de ser publicadas, com alguns hiatos e interrupções. Algumas das suas mais significativas aventuras fizeram história: uma luta contra o Ku Klux Klan, numa história que causou alguma controvérsia (em Jungle Action #19–24, de 1976), apareceu como “artista convidado” nas páginas de quase todos as revistas da Casa das Ideias, e já nos anos 90 integrou os Vingadores (para melhor os poder espiar e controlar, já que receava que se pudessem tornar numa ameaça para o seu país!), lugar em que a maioria dos fãs o viram recentemente no filme Capitão América: Guerra Civil, que marca a estreia de T’Challa no grande ecrã e no universo cinemático da Marvel, onde o veremos em breve num filme a solo.
O presente volume representa um relançar da personagem pelas mãos de um cineasta afro-americano, Reginald Hudlin, que em 2005 tomou nas mãos a revista Black Panther. E é um ponto ideal para entrar na história desta personagem, já que Hudlin aproveita para rever a história de Wakanda, a ligação dos seus monarcas à terra de que são originários, e a própria origem do Pantera.
Hudlin tentou uma modernização ambiciosa da personagem, usando como fonte de inspiração toda a parafernália da moderna cultura pop afro-americana, desde os filmes de Spike Lee, o rap e as figuras públicas de rappers como Jay-X e P.Diddy, o hip-hop... tudo para dar à personagem, segundo as suas próprias palavras, street cred — credibilidade de rua, credibilidade junto dos jovens, cool, badass. Secundado por John Romita Jr., um dos grandes desenhadores dos comics americanos — que vimos também no anterior volume Eternos — este primeiro arco de história coloca o Pantera Negra face a uma tentativa de invasão de Wakanda por um velho inimigo, e é uma excelente história auto-contida, que foi um sucesso de vendas quando saiu, em 2005.
Finalmente, e para responder à pergunta colocada no título do livro, Quem é o Pantera Negra? Deixemos as palavras ao próprio Reginald Hudlin:
“O Pantera Negra é o Capitão América Negro. Ele personifica os ideais de um povo. Enquanto Americanos, sentimo-nos bem quando lemos acerca do Capitão América, porque nos recorda do potencial da América para fazer coisas boas, se, é claro, todos se regerem pelos mesmos princípios que são a base da fundação deste país. Enquanto Africano, o Pantera Negra deveria representar o potencial de uma nação Mãe Africana. E foi assim que o mostrei nas minhas histórias.”
Pantera Negra: Quem é o Pantera Negra?, Reginald Hudlin e John Romita Jr., Salvat, Colecção Graphic Novels da Marvel #19, 160 pp., cor, cartonado
Este volume reúne as histórias publicadas originalmente nas edições Black Panther (Vol. 4) 1 a 6.
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