7 de dezembro de 2015

Break Dance

André Ruivo regressa com um terceiro livro de desenhos - se ignorarmos os vários volumes mais modestos no mundo dos fanzines e edição de autor que entretanto saíram - desta vez sob chancela da MMMNNNRRRG. 

A parceria com esta editora de "só para gente bruta" parece óbvia, os desenhos de Ruivo exploram um grafismo descomprometido e espontâneo que só se encontra no mundo da Art Brut.

Neste grosso volume aparecem dezenas de desenhos que tropeçam na flânerie de Ruivo pelas ruas de Londres com o gozo estético Ruivo pelo Yellow Submarine e o gosto pelos gestos mundanos à Tati. Daí que no livro de folhas de cadernos pautados e quadriculados cabem todas extravagâncias e absurdos, de homens-canídeos-vestidos-vai-chover, burkas-para-fumadores, swingers-pouco-convictos, gente-desconfiada-armada-em-mimos, enfim uma multidão de personagens anónimas que ninguém quererá abordá-las - nunca!.

Parece ser um livro "fixe" mas não é! A MMMNNNRRRG só edita má onda... e se calhar este deveria ser o nosso segundo slogan!

Feedback: I like it a lot. a true/false sketchbook Jean-Christophe Menu ... Liberdade! Coisa única para o homem e respectiva sobrevivência. É esta a demonstração oferecida pelo recente livro de André Ruivo. Break dance. Mas tomem atenção, muita atenção! Não leiam estas ilustrações como desperdício infantil que ocupa muito do espaço psicanalítico da Arte com redes paternalistas de segurança ou acusações iradas contra um passado qualquer. As páginas finais, suspensas nos traços compactos de esferográfica preta, são dessa história prova e redenção! As pontes executadas pelos traços, ilusoriamente descomprometidos e insconscientes, lançam para dentro de nós as hifas de um futuro que gostamos de ter na mão. Doa a quem doer!

sobre o autor: 

Nasceu em 1977 em Lisboa onde reside. Licenciado em Design de Comunicação pela FBAUL. Colaborou como ilustrador para o Público, O Independente, Combate, Visão, Ler e Op. Tirou Mestrado em Cinema de Animação pelo Royal College of Art em Londres, Inglaterra (Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian) e realizou os filmes A Fantasista (2003), Art (2005), A First year Film (2005), A Second year Film (2006), Januário e a Guerra (2008), It´s Moving (2010), O Dilúvio (2011) e O Campo à Beira Mar (2014).

Como músico é mais conhecido pela banda Rollana Beat e editou dois discos a solo. Editou o fanzine Camaleão (1993), participou nas CriCa Ilustrada com ilustração e BD, fez a capa de Algumas Pessoas Depois (de Rafael Dionísio) e participou no Futuro Primitivo com BD e música.
No dia 1 de Abril 2012 foi lançado o livro Mistery Park, um caderno de desenhos realizados em Londres em 2006, pela Chili Com Carne e The Inspector Cheese Adventures.

Bibliografia: Sleuth Hound Song = A canção do cão raivoso (colecção 7", The Inspector Cheese Adventures; 1998), Bug (col. Imagens de Bolso; Bedeteca de Lisboa; 2001), Biblioteca (The Inspector Cheese Adventures; 2011), Mystery Park (colecção CCC, Chili Com Carne + The Inspector Cheese Adventures; 2012), Gangsters (The Inspector Cheese Adventures, 2012), Há uma altura do dia (The Inspector Cheese Adventures; 2014), Breakdance (MMMNNNRRRG + The Inspector Cheese Adventures; 2015) colectivos: Ilustração Portuguesa (Bedeteca de Lisboa; 1998-2004), Mis primeras 80.000 palabras (Media Vaca; 2002), Futuro Primitivo (colecção CCC, Chili Com Carne; 2011) 


Break Dance, André Ruivo, Ed. MMMNNNRRRG, 120 pp., 18 €

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