AGOSTO na El Pep vai significar a mostra de originais de dois novos autores nacionais de BD bastante diferentes - a música seria o seu único elo de ligação mas até nisso são equidistantes os seus trabalhos.
O que lhes une, nesse caso serão os lançamentos do segundo número da Molly de Rudolfo e O Subtraído da Vista, livro de estreia de Filipe Felizardo.
Venham conhecer estes autores e publicações que ficam entre o mundano do dia-a-dia e a cosmogonia, estão convidados e não serão lambidos!
Filipe Felizardo (Lisboa, 1985) é músico e artista visual. Dedicou-se a instalações ópticas e investigações patafísicas ao longo de uma residência prolongada na Galeria Zé dos Bois, de 2009 a 2013, o que culminou no livro de cópia única O Olho Ôco, um trabalho de pesquisa pessoal sobre as presunções da percepção. Está neste momento a preparar o seu próximo disco, Volume IV - The Invading Past and other Dissolutions a sair na editora suiça three:four records, e uma nova publicação em banda desenhada, sobre pedras e sombras, resultado da residência Contra o Dia no Moinho da Fonte Santa.
Na exposição: Os trabalhos expostos são originais de Filipe Felizardo que pertencem ao corpo do livro O Subtraído à Vista. Com esta pequena mostra pretende-se mostrar como o livro que agora é editado pela Chili Com Carne surgiu de diversos retalhos e explorações, tanto de texto como de desenho. O miolo foi trabalhado intermitentemente ao longo de 9 meses, tempo durante o qual a técnica mudou de maneira acentuada - daí que se mostrem as primeiras e últimas versões das páginas iniciais. Sem grandes aventuras no medium da BD, este trabalho serviu para arrumar ideias e uma metafísica muito pessoal.
Rudolfo é um mestre de todos os ofícios e mais algum. Faz bonecos desde sempre, mas foi em 2007, quando tinha 16 anos, que começou a editar os seus fanzines de BD que entretanto se viram misturados com toda a sua raiva emocional através dos seus discos carregados de Hate Beat e concertos cheios de espasmos, caos, fritaria e bastante rabetice... Do seu pequeno percurso hiperactivo contam-se uma série de fanzines próprios (ninguém quer saber de fanzines!), participação em várias antologias de BD da Chili Com Carne ou oriundas de outros países/continentes, ilustrações para aqui e para acolá (fez imenso lixo para a Vice) e também alguns discos em formato CD-R/MP3. No entanto, os seus feitos mais importantes podem ser reduzidos a uma lista: a criação e morte da antologia de BD trimestral e internacional Lodaçal Comix, entre 2011 e 2013 através do selo Ruru Comix; ter sido a primeira e talvez a única pessoa a ser expulsa do Milhões de Festa; ter criado o bootleg mais másculo de sempre daquele rato amarelo que dá choques (Musclechoo); e, mais recentemente, do seu trabalho contínuo a ilustrar Negative Dad, uma BD escrita pelo Nathan Williams (Wavves) e o seu amigo, Matt Barajas (Heavy Hawaii). Ah, também tem andado a fazer bimestralmente a sua nova revista de bd, Molly!
Na exposição: Molly é uma antologia de autor, uma revista de banda-desenhada que faz lembrar os bons anos 90 onde títulos como Eightball (de Daniel Clowes) ou Dirty Plotte (de Julie Docet) reinavam supremos. Mas esses anos já lá vão, e Molly é um reflexo da contemporaneidade e do universo de Rudolfo. Estarão expostos originais do segundo número que explora ainda mais a psique do autor e das suas obsessões, com a ocasional dose de escatologia, claro.
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