Ficha técnica:
26 de outubro de 2025
Living Will - Ensaio de quadriculografia portuguesa
Ficha técnica:
Sou um anjo perdido - Um policial em Barcelona
Um dos seus pacientes, João, 19 anos, estrela em ascensão do futebol, desapareceu. O clube responsabiliza-a e exige que ela o encontre em seis dias. Para o bem e para o mal, Eva pode contar com as «vozes» que a acompanham, as de suas antepassadas, falecidas há muito tempo, mas ainda muito presentes! E ainda mais presentes quando Eva visita sua mãe no hospital psiquiátrico ou quando se aproxima um pouco demais dos neonazistas…
Jordi Lafebre teve a excelente ideia de voltar a reunir as personagens de Je suis leur silence para uma nova investigação! Alterna o suspense e o humor em diálogos irresistíveis, sem deixar de evocar as neuroses que se transmitem de geração em geração… Um regresso inesperado e mais do que bem-sucedido!
Sou um anjo perdido - Um policial em Barcelona, Jordi Lafebre, Arte de Autor, 128 pp., cor, capa dura, 29,50€
25 de outubro de 2025
Living Will
No centro da narrativa está Will, um homem idoso que, após a morte do seu cão — o seu último elo afectivo —, se confronta com o vazio e o peso do tempo. A partir desse momento, decide pôr em ordem os assuntos da sua vida, revisitando memórias, arrependimentos e relações passadas. O “testamento” a que o título alude não é apenas legal, mas sobretudo existencial: trata-se de um balanço moral e emocional de uma vida que se aproxima do fim. Em torno de Will orbitam outras personagens — como Betty, uma apresentadora de televisão, ou Terry, um médico —, cujas histórias se cruzam subtilmente, compondo uma teia de solidão, perda e redenção.
O texto de André Oliveira é contido e poético, explorando o silêncio e a sugestão mais do que o diálogo explícito. A estrutura episódica dos fascículos reforça a sensação de fragmento e memória, como se cada parte fosse uma peça de um puzzle emocional. O argumento recusa o melodrama fácil, optando por uma melancolia contida, profundamente humana e universal.
Living Will distingue-se ainda pela coragem formal e temática. Publicar uma banda desenhada portuguesa em inglês, em fascículos de pequena tiragem, foi um gesto ousado e quase artesanal — um verdadeiro acto de resistência artística num mercado dominado por traduções e formatos comerciais. A obra afirma-se, assim, como um exemplo de banda desenhada de autor, introspectiva e literária, que trata temas universais — a passagem do tempo, o sentido da vida, a necessidade de deixar algo de si — com sensibilidade e inteligência.
A reedição integral em português, mais de uma década após o início da publicação, confirma Living Will como uma referência na BD portuguesa do século XXI. É uma história sobre envelhecer, sobre o que significa ter vivido — e sobre a persistente vontade de ser lembrado, mesmo quando tudo o resto se apaga.
A edição apresenta-se com duas capas, um capítulo adicional desenhado por Joana Afonso, uma galeria de imagens por 13 autores convidados: Jorge Coelho, Miguel Rocha, Filipe Abranches, Inês Galo, Carline Almeida, Kachisou, Paulo Monteiro, Carla Rodrigues, Francisco Sousa Lobo, Catarina Paulo, Pedro Brito, Joana Mosi e Filipe Andrade. A obra encerra com uma entrevista aos autores, por Gabriel Martins.
24 de outubro de 2025
Astérix na Lusitânia
O argumento surgiu das visitas dos autores a Portugal, inspirando-se em locais à beira-mar, luz, cores e tradições portuguesas, e na história de Viriato e na produção de garum. O enredo inclui ainda uma personagem lusitana que já apareceu no álbum O Domínio dos Deuses (1971), servindo de elo entre os álbuns.
O álbum, com 48 páginas, levou um ano e meio a ser produzido, mantendo o estilo clássico de Uderzo e apresentando paisagens e personagens portuguesas. A tiragem mundial será de cinco milhões de exemplares em 19 línguas, sendo lançada em Portugal pela editora ASA com 80.000 exemplares, e apresentada no dia 27 de outubro no El Corte Inglés, com o humorista Hugo van der Ding.
Astérix na Lusitânia, Fabcaro e Didier Conrad, ASA, cor, 48 pp., cor, 11,50€
Butterfly Beast II – Volume 5: Segredos no coração do Xogunato
A história segue Ochô, uma kunoichi (ninja feminina) que vive entre dois mundos: o da noite e o do poder. Neste volume, ela é enviada numa missão quase suicida — infiltrar o castelo de Edo, a sede do xogunato Tokugawa.
O objectivo parece simples: descobrir quem anda a vazar informações secretas para shinobi fora da lei. Mas, como em toda boa intriga, nada é o que parece. No interior das muralhas, Ochô encontra-se cercada por cristãos clandestinos, guerreiros convertidos e até pelas atenções inquietantes do próprio xógum.
O resultado é um enredo denso, onde cada personagem carrega segredos e cada gesto pode ser fatal.
Yuka Nagate volta a provar que Ochô é uma das protagonistas femininas mais fascinantes do manga histórico contemporâneo. Bela, letal e profundamente humana, ela não é uma simples guerreira: é uma mulher em conflito com o seu próprio papel num mundo que a usa como arma e a teme como ameaça.
No castelo, vemos um lado mais vulnerável da personagem — a dúvida, o medo, o desejo — elementos que a tornam mais real, e que transformam a história em algo mais do que pura ação ninja.
Este volume destaca-se também pela introdução de cristãos escondidos, um tema raramente explorado em mangas de ação. Durante o período Edo, o cristianismo era proibido, e os que mantinham a fé viviam nas sombras. Nagate aproveita este pano de fundo histórico para questionar o que significa acreditar — e trair — num tempo de proibições.
Entre os conspiradores e os leais, há também os “shinobi reconvertidos”: antigos espiões que mudaram de lado, levantando uma questão central no manga — em quem se pode confiar quando todos são mestres da mentira?
Com este quinto volume, Butterfly Beast II chega a um momento decisivo. A protagonista deixa de agir nas margens do poder e entra, finalmente, no coração do império, onde cada erro pode custar-lhe a vida.
Nagate conduz a narrativa com mão firme — equilibrando acção e introspecção, erotismo e política — e prepara o terreno para o que promete ser o clímax da saga.
Butterfly Beast II – Volume 5, Yuka Nagate, A Seita, 216 pp., p&b, capa mole, 11,99€
O Profeta, de Khalil Gibran — adaptação de Zeina Abirached
A linguagem de Gibran é simultaneamente simples e espiritual, profundamente simbólica, marcada por um lirismo que combina o misticismo oriental e a filosofia universal. A sua mensagem, intemporal e humanista, procura inspirar uma vida guiada pelo amor e pela compreensão do divino em cada gesto quotidiano.
Quase um século depois, a ilustradora e autora libanesa Zeina Abirached — conhecida pelas suas obras autobiográficas em banda desenhada, como A ovelha ou A Dança das Andorinhas — apresenta uma adaptação gráfica integral de O Profeta, publicados na edição portuguesa em dois volumes pela Levoir com o apoio do jornal Público.
Nesta versão, Abirached não reescreve nem simplifica o texto: preserva a totalidade das palavras de Gibran, acompanhando-as de uma narrativa visual que amplifica o sentido espiritual e poético do original. O resultado é uma fusão entre palavra e imagem, em que o traço preto e branco da autora cria uma atmosfera de recolhimento, silêncio e contemplação.O desenho de Zeina Abirached é caracterizado por fortes contrastes de luz e sombra, composições geométricas e uma estética próxima da caligrafia árabe. As suas imagens evocam a arquitectura das cidades do Médio Oriente, os gestos do quotidiano e os espaços interiores onde o pensamento se recolhe.
Esta abordagem visual não serve apenas para ilustrar o texto — é uma interpretação poética das palavras de Gibran. A artista transforma conceitos abstractos, como “liberdade” ou “morte”, em cenas simbólicas que convidam o leitor a parar, a respirar e a escutar.
Os temas centrais de O Profeta mantêm hoje uma extraordinária actualidade. Falam-nos da necessidade de equilíbrio entre o corpo e o espírito, da relação entre o indivíduo e a comunidade, do amor como força criadora e libertadora. Na adaptação de Abirached, essas ideias ganham nova vida através da imagem: o olhar do profeta, os rostos dos habitantes, o movimento do mar e das sombras tornam visível o que o texto sugere — a busca de sentido num mundo em mudança.
Por ser também libanesa, a artista estabelece uma ponte afectiva com Gibran, resgatando uma herança cultural comum e traduzindo-a para o contexto contemporâneo da arte e da banda desenhada.
O Profeta, Zeina Abirached, 2 volumes, Levoir, p&b, 192 pp. cada volume, capa dura, 15,90€ por volume
23 de outubro de 2025
AmadoraBD 2025: mais dias, mais autores e novas iniciativas
22 de outubro de 2025
“Cadáver Esquisito”: A maior banda desenhada colectiva portuguesa ganha nova vida em livro
O projecto teve início em 2008, muito antes de as webcomics se tornarem tendência. Na altura, Daniel Maia decidiu criar um blogue próprio para acolher uma banda desenhada colectiva, construída página a página por diferentes autores. A regra era simples e inspirada no jogo surrealista cadavre exquis: cada autor ou dupla (argumentista e desenhador) acrescentava uma nova página, dando continuidade ou subvertendo a narrativa anterior, enquanto Daniel Maia assegurava uma coerência narrativa que unificasse o resultado final.
O resultado é uma história tão improvável quanto fascinante: “Um incidente num hotel precipita situações insólitas que revelam uma intriga. Uma trindade de Papas faz testes à inovadora tecnologia U.M.D. (Unidade Molecular Destemporizadora), criada pelo Prof. Octávio, que suspende o espaço-tempo numa área limitada.”
Entre 2008 e 2015, a obra foi sendo publicada online, atraindo uma comunidade crescente e diversificada de criadores. Muitos dos participantes eram nomes já reconhecidos da BD nacional, enquanto outros deram aqui os seus primeiros passos. Entre os mais de 50 autores estão André Caetano, Daniel Henriques, Diogo Carvalho, Miguel Mendonça, Kati Zambito, Zé Burnay, Hugo Jesus, Maria João Careto, Sónia Oliveira e Pedro Nascimento, entre muitos outros.
A edição agora lançada em livro reúne 58 páginas da versão original do webcomic, complementadas por uma nova narrativa intitulada A Vingança do Cadáver, que funciona como epílogo e encerra este ciclo criativo de forma inédita.
A apresentação oficial acontece no sábado, no festival AmadoraBD, o maior evento nacional dedicado à banda desenhada.
Com esta edição, Daniel Maia — que fundou a Arga Warga há duas décadas — concretiza um dos projectos mais ambiciosos da BD portuguesa contemporânea.
O autor, nascido em Lisboa em 1978, tem um percurso que abrange criação, crítica, produção e edição, tendo colaborado com editoras como Marvel, Dark Horse Comics, Platinum Pub., Chiaroscuro Studios, Ala dos Livros e Saída de Emergência Edições.
Cadáver Esquisito é mais do que uma banda desenhada — é um manifesto colectivo de liberdade criativa, um retrato da imaginação nacional e da força da colaboração artística.
Cadáver Esquisito, colectivo, Arga Warga, 64 pp., p&b, capa mole, 10€
Solo Leveling #15
A escrita de Chugong mantém o seu ritmo intenso e cinematográfico. Cada combate é descrito como uma sinfonia de poder e de destruição, mas, sob o espectáculo da acção, esconde-se uma meditação mais sombria sobre o isolamento do herói. Jin-woo, transformado em monarca, compreende que a força absoluta cobra um preço: a distância entre si e a humanidade que jurou proteger.
Neste tomo, as revelações sucedem-se a um compasso quase apocalíptico. Os Monarcas revelam as suas verdadeiras intenções, e o protagonista descobre a natureza profunda do poder que nele desperta. O confronto deixa de ser apenas físico: é também uma luta contra o destino, contra a fatalidade inscrita no próprio sistema que o elevou.
O autor aproveita este volume para aprofundar o universo mítico da série. A distinção entre Caçadores e Monarcas, entre Luz e Escuridão, adquire um sentido filosófico; o mundo deixa de ser um simples cenário de aventuras e converte-se num campo de batalha metafísico. As motivações das entidades superiores, antes difusas, tornam-se mais nítidas, e o leitor entrevê o verdadeiro alcance da guerra que se aproxima.
Apesar da grandiosidade dos acontecimentos, há espaço para a introspecção. Chugong regressa, por instantes, à dimensão íntima de Jin-woo: o filho, o irmão, o homem que deseja, apenas, uma vida comum. Essa tensão entre a humanidade perdida e o poder divino é o que confere a este volume a sua densidade emocional.
O desfecho do volume XV deixa o leitor suspenso — não apenas pelo destino do protagonista, mas pelo significado do que ele representa. Solo Leveling já não é, aqui, a história de um simples caçador que se fortalece; é a parábola de um homem que ascende acima de todos e, por isso mesmo, se vê condenado à solidão.
Solo Leveling #15, Dubu e Chugong, Editorial Presença, 180 pp., cor, capa mole, 16,90€
Saga #12: Um novo capítulo na odisseia de Alana e Hazel
O enredo volta a centrar-se em Alana e na filha Hazel, sobreviventes de um conflito galáctico interminável entre dois mundos inimigos. Agora, as duas enfrentam novas ameaças e dilemas morais que põem à prova o legado de Marko — personagem cuja ausência continua a marcar profundamente a história.
Neste volume, Vaughan retoma o tom agridoce que define Saga: uma fusão de ficção científica, fantasia e drama familiar. As cenas oscilam entre momentos de ternura e sequências de violência crua, reflectindo a contradição que está no centro da obra — a tentativa de construir uma vida pacífica num universo dominado pelo ódio e pela guerra.
Os temas de luto, maternidade, resistência e empatia surgem com força renovada. Vaughan mantém o seu talento para o diálogo inteligente e emocional, enquanto Fiona Staples entrega uma arte visualmente deslumbrante: criaturas de design ousado, planetas vibrantes e expressões humanas que comunicam mais do que mil palavras.
Com o volume 12, Staples mostra mais uma vez a sua mestria em criar emoção num cenário de fantasia cósmica, provando que Saga é tão sobre sentimentos quanto sobre mundos alienígena.
Para os leitores assíduos, este é um volume de reconciliação e amadurecimento. Para os novos leitores, é uma excelente oportunidade para descobrir por que Saga é considerada uma das melhores séries de banda desenhada contemporâneas.
Saga #12, Brian K. Vaughan e Fiona Staples, G. Floy Studio, 152 pp., cor, capa dura, 23€
Undertaker #8: O mundo segundo Oz
Jonas Crow, o coveiro errante que carrega o peso de um passado sangrento, regressa para mais uma viagem ao limite da redenção. Desta vez, o cenário é uma comunidade isolada, regida por um profeta carismático que se proclama a reencarnação do próprio Oz. A promessa de um “mundo novo” onde todos poderão renascer em pureza esconde, porém, um ambiente de fanatismo, manipulação e medo. Numa pequena vila do Texas arruinada e destruída pela Guerra da Sucessão, Sister Oz, guru da chamada Liga da Virtude, convenceu a população de que conseguiriam recuperar a sua boa fortuna aos olhos do divino se fizessem justiça pelas próprias mãos… e impedissem Eleonor Winthorp de fazer um aborto. Para isso, todo os meios são justificados: humilhação, intimidação, chantagem e, porque não, matar Randolph Prairie, o médico que se oferece para praticar a operação?
Mas Jonas Crow, o Undertaker, ergue-se para proteger aquele que é, apesar de tudo, o seu rival amoroso a fim de permitir a Eleonor que escolha o seu próprio destino.
Dorison constrói aqui um retrato inquietante de uma sociedade à beira do delírio, onde a fé se mistura com o desespero e onde as pessoas se deixam conduzir por líderes que vendem salvação a troco de obediência. É um espelho cruel, mas fascinante, da condição humana — e Jonas, com a sua habitual lucidez cínica, é o observador perfeito desse teatro de ilusões. A escrita de Dorison mantém-se cortante e precisa, equilibrando a dureza do western com momentos de introspecção e ironia. Já a arte de Ralph Meyer continua a ser absolutamente deslumbrante: cada página parece uma pintura, onde a poeira, o suor e o desespero se misturam com a luz dourada do deserto. A cor, assinada por Caroline Delabie, dá vida a esse mundo árido e belo, onde até a morte parece respirar.
O mundo segundo Oz encerra o quarto ciclo de Undertaker, considerada como uma das melhores séries de western da BD europeia.
Esta série, difundida em mais de 14 países entre os quais se inclui Portugal, obteve desde o início da sua publicação em França, em 2015, numerosos prémios e distinções. Salientam-se, o Prix Saint Michel 2015 du Meilleur Dessin, o Prix Le Parisien 2015 de la Meilleur BD, o Prix 2015 des rédacteurs de scenario.com e ainda a distinção Album preferé des lecteurs de BD Gest 2015.
Undertaker #8: Um Mundo Segundo Oz, Xavier Dorison e Ralph Meyer, Ala dos Livros, 64 pp., cor, capa dura, 19,95€
Amadora BD 2025 - Lista de exposições no Núcleo Central do certame
O Amadora BD 2025, o maior festival dedicado à banda desenhada em Portugal, arranca já a 23 de Outubro e decorre até 2 de Novembro, no Parque da Liberdade, na Amadora. Durante dez dias, o evento promete um programa recheado de exposições, lançamentos, conversas, debates, sessões de autógrafos e workshops.
21 de outubro de 2025
Bea Lema no AmadoraBD
A protagonista, Vera, cresce ao lado de uma mãe profundamente religiosa e com uma doença mental não tratada, enfrentando o estigma e a incompreensão da sociedade. Lema combina desenho e bordado manual — uma técnica que evoca a história da mãe costureira e simboliza a imperfeição e as segundas oportunidades.
Trabalhada ao longo de quase dez anos, a obra foi distinguida com o Prémio do Público em Angoulême 2024 e o Prémio Nacional de BD de Espanha 2024. Além da exposição de originais no AmadoraBD, Bea Lema prepara também uma curta-metragem de animação baseada no livro, a estrear em Novembro.
“Ainda há muito por fazer e por falar sobre saúde mental”, afirma Bea Lema — e Corpo de Cristo é um passo corajoso nesse caminho.
20 de outubro de 2025
Jantar Astérix, organizado pela Tacitus, com o apoio da LeYa
Uma vez que as inscrições para este jantar ultrapassaram muito a lotação do mesmo, já está marcado um novo jantar para dia 30 de Outubro, organizado, tal como o primeiro, pela TACITUS e com o apoio da LeYa.
Neste jantar que será também uma apresentação do livro, haverá vários pratos, em que o javali é rei e Joel Cleto falará sobre a Lusitânia e os povos que aí (e na Calecia) resistiram aos romanos, enquanto Pedro Cleto, destacado especialista e crítico de banda desenhada, abordará a história desta famosa criação.
A sessão, contará também com a colaboração do Cônsul Honorário de França no Porto e da DALVA e com a presença do editor do Astérix em Portugal, Vítor Silva Mota.
Informações e inscrições: visitas@ph-tacitus.pt
Ataque dos Titãs #
Desde as primeiras páginas sente-se uma tensão que ultrapassa o campo de batalha. As relações entre os membros da Tropa de Exploração começam a fragmentar-se, corroídas pelo segredo e pela dúvida. Personagens que outrora combatiam lado a lado começam a ser olhadas com suspeita; o inimigo já não se encontra apenas fora das muralhas, mas também dentro delas.
É neste volume que o leitor começa a entrever o mistério da verdadeira natureza dos Titãs e da origem do poder que os controla. Isayama conduz esta descoberta de modo gradual e inquietante, deixando no ar uma sensação constante de ameaça. A acção alterna entre combates ferozes e momentos de introspecção, em que o peso da verdade se abate sobre os protagonistas.
A arte mantém a crueza e a energia características da série: os rostos deformados pelo medo, os cenários em ruínas e a violência quase física do traço de Isayama contribuem para a atmosfera opressiva. Mas é na narrativa que se sente a maturação do autor. A história deixa de ser apenas um relato de resistência e converte-se numa reflexão sobre a identidade, a traição e o destino.
Eren, Mikasa, Armin e os restantes membros da Tropa enfrentam, neste volume, não apenas os Titãs, mas também as contradições do próprio sistema que os criou. A pergunta que ecoa em cada capítulo é perturbadora: quem é, afinal, o verdadeiro inimigo?
O volume 9 consolida Ataque dos Titãs como uma obra que ultrapassa o género da acção e da fantasia. É uma parábola sobre o medo e o poder, sobre o preço do conhecimento e a fragilidade da confiança humana. No final, o leitor fica com a sensação de que, quanto mais se rasgam as muralhas, mais abismos se revelam dentro das pessoas.
Ataque dos Titãs #9, Hajime Isayama, Distrito Manga, 196 pp., p&b, capa mole, 9,99€
18 de outubro de 2025
Alérgica a Pessoas
Publicada originalmente em inglês sob o título Adulthood Is a Myth, a obra apresenta-nos uma protagonista — uma espécie de alter ego da autora — que atravessa as pequenas tragédias e absurdos da vida adulta: a dificuldade em lidar com pessoas, o desconforto social, o amor pelos gatos, o fascínio e o medo da Internet, e o eterno conflito entre a vontade de ser produtiva e o desejo de permanecer na cama.
A ironia é o traço dominante. Sarah Andersen não ridiculariza os seus temas; antes ri-se de si própria e convida o leitor a reconhecer-se nos mesmos dilemas. Cada tira, embora breve, contém uma verdade emocional: o embaraço nas interacções sociais, a procrastinação, o cansaço perante as expectativas do mundo. É por isso que o livro, sob o véu do humor, fala de questões muito sérias — a ansiedade, a solidão e a auto-aceitação.
Visualmente, as ilustrações de traço preto e branco acentuam a simplicidade do discurso: o essencial está na expressão e no gesto. O contraste entre o desenho leve e o peso emocional dos temas cria um efeito de empatia imediata. Não é necessário ser “alérgico a pessoas” para compreender a sensação de desconforto perante a vida adulta — basta ser humano.
Alérgica a Pessoas é, assim, mais do que um conjunto de piadas. É um retrato terno e divertido da fragilidade contemporânea, da tentativa constante de conciliar vulnerabilidade e humor. Sarah Andersen mostra-nos que rir de si próprio pode ser, afinal, uma forma de sobrevivência.
Alérgica a Pessoas, Sarah Andersen, Desrotina, 136 pp., p&b, capa mole, 16,75€
17 de outubro de 2025
Blacksad Stories: Weekly
Uma história no universo Blacksad, que conta como Dustin se tornou no repórter Weekly, companheiro de John Blacksad.
Blacksad Stories: Weekly, Giovanni Rigano e Juan-Diaz Canalès, Ala dos Livros, 64 pp., cor, capa dura, 19,95€
16 de outubro de 2025
Les Cahiers de la BD nº 32 — “Quel avenir pour la BD franco-belge ?”
A BD franco-belga enfrenta desafios reais: envelhecimento de público, competição de outros formatos (mídias digitais, comics americanos, manga), custos de produção elevados. No entanto, há um sentido de revivalismo, não só nostálgico, mas criativo: renovar o clássico sem perder a identidade, reinventar os formatos, atrair novos leitores, explorar o humor, o legado gráfico, etc. O número sugere que o futuro da BD franco-belga talvez dependa de equilíbrio: valorizar tradição gráfica e narrativa, ao mesmo tempo em que se adaptam às novas expectativas de público e meios de consumo.
Neste número, podemos ler um dossier por Wilfried Salomé que traça as origens da BD franco-belga — com um olhar para revistas históricas como Spirou, Tintin, Vaillant, e também Pilote.
Também tem entrevistas ou contribuições de autores de diferentes gerações, como François Walthéry, François Rivière, Lewis Trondheim, Bastien Vivès e Dino Attanasio. Os autores debatem questões ligadas ao género, suposta marginalização, mas também às oportunidades que novas gerações e novos formatos podem trazer.
Termina com uma seleção comentada de páginas icónicas clássicas da BD franco-belga, para mostrar o que foi feito e como isso ainda inspira.
Para além do tema central, o número oferece:
• Perfil de Cosey, num abecedário ilustrado, coincidente com a publicação de seu novo álbum Yiyun.
• Destaque para Franck Biancarelli, nome emergente, com o seu álbum Green Witch Village, e reflexões sobre as influências dos autores americanos de BD de pós-guerra.
• Um artigo para celebrar os 50 anos de Fluide Glacial, explorando as diferentes “famílias” de humor dentro da revista.
• Críticas, entrevistas e crónicas variadas: sobre autores históricos, festivais, exposições, e temas como o papel e os desafios atuais dos editores e autores da BD.
Les Cahiers de la BD nº 32, out-dec 2025, 162 pp., 13,90€
Naruto #58: Naruto vs. Itachi!!
Estamos no meio da Quarta Guerra Mundial Shinobi. Os shinobi da Aliança enfrentam hordas de inimigos ressuscitados (via Edo Tensei), inclusive figuras poderosas como Nagato Pain e Itachi Uchiha.
Neste volume teremos revelações sobre os Zetsu brancos: cientistas como Sakura e Shizune descobrem ligações genéticas destes clones com o Primeiro Hokage, e as implicações desse facto para o campo de batalha.
Gaara confronta fantasmas do passado — nomeadamente seu próprio pai, o Quarto Kazekage, e as memórias de sua infância difícil; cenas emotivas que ajudam a entender melhor a evolução pessoal de Gaara.
Finalmente, teremos o confronto direto entre Naruto, Killer Bee, Itachi e Nagato: batalhas, dilemas internos e estratégias de combate intensas. Itachi levanta questões importantes a Naruto sobre Sasuke e sobre a verdade, e Naruto vai revelando o seu próprio crescimento e resolução.
Este volume funciona como ponto de viragem numa das fases mais intensas de Naruto. Em termos de narrativa, Kishimoto equilibra bem momentos de ação com momentos emocionais, evitando que o leitor se sinta esmagado apenas pelas batalhas. A forma como são exploradas as motivações interiores de personagens como Itachi e Gaara contribui para tornar o conflito mais do que “bons contra maus” — há nuances, peso de escolhas passadas, arrependimentos, esperanças e sacrifícios.
Naruto #58: Naruto vs. Itachi!!, Masashi Kishimoto, Devir, 208 pp., p&b, capa mole, 9,99€
Thomas Piketty em Banda Desenhada: “Uma Breve História da Igualdade”
Agora, essa reflexão ganha uma nova vida: a adaptação para banda desenhada. A linguagem gráfica oferece outra forma de aproximação ao público, transformando conceitos densos em imagens claras e narrativas visuais cativantes. Ao invés de gráficos complexos e longas séries de dados, o leitor encontra personagens, metáforas visuais e sequências que permitem compreender de modo intuitivo a evolução da igualdade ao longo dos séculos.
Mais do que uma simplificação, esta adaptação representa um convite: pensar a economia e a política como parte de uma história comum, feita de avanços e retrocessos, de conquistas democráticas e de lutas sociais que moldaram o mundo em que vivemos. A banda desenhada amplia o alcance de Piketty, abrindo caminho para novos leitores – especialmente jovens – que talvez não se aproximassem de um tratado económico, mas que reconhecem na arte sequencial uma forma envolvente de aprender e reflectir.
Ao folhear esta obra em BD, percebemos que a igualdade não é apenas uma questão de números ou estatísticas: é uma narrativa humana, feita de escolhas colectivas. E talvez seja justamente aí que reside a força desta adaptação – mostrar que a luta por uma sociedade mais justa pode ser contada como uma história, e que todos nós somos parte dela.
Uma Breve História da Igualdade. Sebastien Vassant e Stephen Derberg, Temas e Debates, 104 pp., capa mole, cor, 19,90€
15 de outubro de 2025
Blue Exorcist #29
Neste tomo, “o próprio tempo começa a contorcer-se” sob o poder destrutivo de Satan, e a autora leva a tensão narrativa a um novo patamar.
Os Cavaleiros da Cruz Verdadeira intensificam o assalto às forças demoníacas, enquanto Rin enfrenta Satan frente a frente, suportando ferimentos que desafiam a própria morte. A sua natureza demoníaca permite-lhe regenerar-se e continuar a luta, mas o preço é cada vez mais alto.
Entretanto, Shemihaza prepara um ritual arriscado para cristalizar e aprisionar Satan, com a ajuda crucial de Shiemi, cuja importância na história atinge aqui o seu auge. À medida que o poder de Satan cresce, o tempo e a realidade começam a distorcer-se, mostrando vislumbres de futuros possíveis — e impossíveis — para todos os envolvidos.
Em contraste com volumes mais pausados, o 29 é puro clímax. É o momento em que promessas antigas se cumprem e segredos são revelados. O ritmo é mais acelerado e o tom mais sombrio. Há uma clara sensação de aproximação ao desfecho da saga.
Blue Exorcist #29, Kazue Kato, Devir, 220 pp., p&b, capa mole, 9,99€
Snoopy: A Descolar! – Um novo voo para o lendário beagle
Este livro convida o leitor a embarcar nas aventuras imaginativas de Snoopy. Neste volume em particular, destaca-se a sua persona icónica como Ás da Aviação da I Guerra Mundial, voando no seu Sopwith Camel na eterna missão de enfrentar o temido Barão Vermelho.
Além disso, o livro reafirma o caráter multifacetado de Snoopy: ele não é apenas um cãozinho relaxado, mas um ser com uma imaginação vibrante — ora encarna abutre, ora piranha, ora Joe Cool...
A edição portuguesa funciona como porta de entrada para novos leitores e como celebração nostálgica para fãs antigos, oferecendo um texto acessível e fiel ao espírito de Schulz.
Snoopy: A Descolar!, Charles Schulz, Nuvem de Letras, 176 pp., cor, capa mole, 15,95€
Kaiju Nº 8 #9: Preparar para a Catástrofe
No presente tomo Reno torna-se o primeiro utilizador compatível do Kaiju Nº 6 na história, o que o coloca numa posição inédita de poder e responsabilidade. Por outro lado, Kafka Hibino continua o seu treino sob orientação de Hoshina, aprendendo técnicas de combate em esquadrão, algo que vai muito além do seu papel anterior como responsável pela limpeza no campo de batalha.
Kikoru ganha autorização de Narumi para herdar uma arma poderosa que pertencia à sua mãe — um momento que ressoa emocionalmente, ligando passado e legado. Também paira sobre todos o espectro do Kaiju Nº 9, cuja ameaça cresce e obriga a Força de Defesa a se reorganizar, treinar, preparar-se para algo que pode ser catastrófico.
Kaiju Nº 8 chega num momento em que temas como crise climática, desastres naturais e deslocações (físicas ou morais) assumem cada vez mais relevância. Ver “monstros gigantes” atacar terrenos humanos é uma metáfora potente – para quem vive num país que já sente os efeitos ambientais ou extremos climáticos, isso pode ressoar.
A noção de “defender” terras ameaçadas, de enfrentar algo que parece maior do que nós, ou “preparar-se para o pior” através de cooperação, treino, sacrifício — esses são temas universais, mas que ganham significado diferente num contexto português, onde há debates sobre resiliência, desastre natural (incêndios, cheias), responsabilidade coletiva.
Também o legado, a herança, a memória são conceitos muito presentes na cultura portuguesa – pensar em família, nas gerações anteriores, no peso da história. Momentos como o de Kikoru herdar algo da mãe trazem uma ressonância extra num leitor português que valoriza esse elemento identitário.
No campo da banda desenhada/manga, Kaiju Nº 8 representa bem o que muitos leitores procuram: acção bem construída, monstros, visuais fortes, mas também personagens com motivações reais, dilemas morais – não só “lutar para vencer”, mas “lutar para preservar”, “lutar para ser quem sou”.
Kaiju Nº 8 #9, Naoya Matsumoto, Devir, 192 pp., p&b, capa mole, 9,99€
Fenómeno de popularidade da BD japonesa "Sailor Moon" sai em Portugal
Esta é a primeira edição oficial em português europeu, baseada numa adaptação e revisão da versão brasileira da JBC Brasil.
A série acompanha Tsukino Usagi, uma adolescente que descobre possuir poderes mágicos e a missão de proteger o mundo das forças do mal. Misturando fantasia, ação e humor, Sailor Moon tornou-se um símbolo de empoderamento feminino e foi pioneira na representação de personagens queer.
Desde a sua estreia nos anos 1990, o universo de Sailor Moon expandiu-se para séries animadas, filmes, espetáculos e videojogos, mantendo-se um fenómeno cultural global.
Com esta publicação, Salor Moon junta-se ao catálogo da Distrito Manga, que inclui outros clássicos da banda desenhada japonesa como Ataque dos Titãs, Ghost in the Shell e Akira.
13 de outubro de 2025
Anaïs Nin - No mar das mentiras
Publicado originalmente em 2020 pelas Éditions Casterman, em francês, e depois traduzido para várias línguas, conta com uma edição de luxo com extras (desenhos preparatórios, story-boards, etc.). Agora, é publicado em português pela Devir.
A narrativa focaliza os anos de formação de Anaïs Nin, principalmente no início da década de 1930. É um período anterior à fama literária plena, em que ela vive entre Paris e outras cidades, casada com Hugo Guiler, mas em profunda inquietude interior.
O diário íntimo de Nin funciona como um fio condutor da narrativa: ponto de fuga, instrumento de autoconhecimento, confidente, espelho e, simultaneamente, instrumento de ambiguidade. Através de encontros decisivos — em especial com Henry Miller — ela começa a libertar-se de convenções literárias e sociais, explorando erotismo, sexualidade, desejo, relações intensas e também tensões familiares (incluindo episódios controversos, como o relacionamento com o pai, como relatado nos diários) que moldam sua identidade e escrita.
O estilo de desenho de Bischoff é delicado, com traços finos, contornos suaves; uso de lápis com mina multicolorido para dar vibração cromática silenciosa. Usa uma paleta de cores que oscila entre tons pastéis e momentos mais sombrios, consoante os estados emocionais de Anaïs. A natureza, elementos florais, formas orgânicas, o mar, imagens marinhas, metáforas visuais são recorrentes.
A obra foi bem recebida, tanto pela crítica literária e especializada em BD, como pelo público. Contudo, alguma crítica aponta que, embora seja uma leitura intensa e bela, pode incomodar pela crueza de algumas revelações íntimas (incesto, múltiplas relações, inclusive os conflitos morais internos de Nin).
Anaïs Nin - No mar das mentiras, Léonie Bischoff, Devir, 192 pp., cor, capa dura, 22€
9 de outubro de 2025
Crónicas de Enerelis #7
Enquanto isso, forças misteriosas começam a mover-se nas sombras. Peças invisíveis entram em jogo, despertando monstros adormecidos e ameaçando o equilíbrio. Que segredos ocultam as Almas Incarnadas? E como reagirão os maegian perante o despertar de uma nova força que promete alterar tudo o que conhecem?
As Crónicas de Enerelis foram criadas por Patrícia Costa, fortemente influenciada pela fantasia épica e pelo estilo manga. A obra distingue-se pelo mundo imaginado, pelas criaturas e forças sobrenaturais, e por um protagonista jovem que embarca numa longa jornada repleta de magia, mistérios e crescimento pessoal.
A ideia para Enerelis começou a formar-se entre 2008 e 2015.
Em 2018, Patrícia Costa frequentou um Curso de Iniciação à Arte Sequencial com Susana Resende, onde começou a transformar grande parte do argumento em arte sequencial. O primeiro volume, intitulado Prelúdio, foi financiado através de crowdfunding na plataforma PPL, tendo ultrapassado o objectivo inicial.
Enerelis é um dos três mundos paralelos à Terra. Nele coexistem duas forças opostas: Nox e Aether, cuja influência determina a magia, as raças e as capacidades sobrenaturais do mundo. Após cerca de quinze anos de paz, antigos conflitos voltam a emergir, marcando o início dos acontecimentos narrados nas Crónicas.
8 de outubro de 2025
Gannibal #5
A história retoma o fio da investigação do agente Daigo Agawa, que continua a tentar desvendar o desaparecimento da jovem Yuki e o verdadeiro segredo que assombra a isolada aldeia de Kuge. O que antes eram apenas suspeitas começa agora a ganhar contornos cada vez mais concretos — e macabros.
A cada página, Ninomiya aperta o cerco, expondo as fissuras da comunidade e o peso da tradição que esconde crimes antigos sob uma máscara de normalidade. A aldeia parece um organismo vivo, sufocante, que devora aqueles que ousam questioná-la.
Mais do que uma simples história de canibalismo — literal ou simbólico — Gannibal é uma parábola sobre o medo, a violência e a corrupção da moral quando a sobrevivência é posta à prova. No quinto volume, o autor faz-nos confrontar uma pergunta inquietante: até onde pode ir um homem, convencido de que está a agir pelo bem?
Daigo, que começou como um herói determinado, começa a revelar fendas — não apenas físicas, mas mentais. O terror já não vem apenas dos outros: vem dele próprio, do seu desespero, da sua obsessão, do seu confronto com o abismo.
Masaaki Ninomiya continua a demonstrar uma mestria notável na construção do suspense. As vinhetas alternam entre o silêncio tenso e explosões de brutalidade quase cinematográficas. O uso do contraste — entre a tranquilidade rural e o horror absoluto — é o que dá ao manga a sua força visual e emocional.
O traço, cru e expressivo, acentua a sensação de desconforto. Cada olhar, cada sombra, cada gota de sangue parece ter peso e intenção.
Gannibal #5, Masaaki Ninomiya, A Seita, 192 pp., p&b, capa mole, 11,99€
Tokyo Revengers #7
Neste ponto da narrativa, Takemichi continua determinado a impedir o trágico destino de Hinata e a evitar que a Tokyo Manji Gang (Toman) se afunde nas trevas. Contudo, o ambiente dentro do grupo está longe de ser harmonioso. As tensões entre Mikey e Draken, a chegada de novos inimigos e as repercussões de acontecimentos anteriores transformam este volume num verdadeiro ponto de viragem.
O sétimo tomo é um mergulho profundo nas relações entre os membros da Toman. Ken Wakui explora a fragilidade dos laços de amizade e o impacto das decisões impensadas, revelando que, por detrás da imagem de “delinquentes”, existem jovens à procura de um propósito e de um lugar a que pertençam.
Takemichi, por seu lado, começa finalmente a crescer. Já não é apenas o rapaz frágil e hesitante que conhecemos nos primeiros volumes — o peso das viagens entre o passado e o presente começa a moldar-lhe o carácter. Cada derrota e cada perda o aproximam mais do herói que deseja ser, mesmo quando tudo parece perdido.
Ken Wakui mantém o equilíbrio perfeito entre a acção e a emoção, com cenas de combate intensas, expressões faciais marcantes e um ritmo que prende o leitor do início ao fim. A arte é vibrante e cinematográfica, captando com mestria tanto o impacto físico das batalhas como a dor emocional das personagens.
7 de outubro de 2025
Casemate #194
P.8-12 Au nom du Père et des Fils Kennedy… Pelaez ausculte la dynastie
P.14-16 Les Sentiers d’Anahuac au chevet de la culture et des rites aztèques
P.18-20 Souvenirs d’un journaliste de l’AFP dans l’enfer de la guerre d’Indochine
P.22-24 France profonde pénètre dans le cinéma porno des années 1970
P.26-28 Journorama, revue de presse de l’actu BD
P.30-32 L’Écho des Rézos, le meilleur de Facebook, X, Bluesky, Instagram…
P.34-37 Riffaud libère Paris façon trompe-la-mort avec Morvan et Bertail (+2 planches)
P.38-43 Bablet exorcise les peurs profondes en compagnie de Silent Jenny (+4 planches)
P.44-49 Un Lucky Luke peu chanceux traverse l’Ouest dans Dakota 1880 (+4 planches)
P.50-59 Bilal fracasse son Bug dans une guerre du Bien contre le Mal (+4 planches)
P.60-69 Une sélection de 25 BD à découvrir en octobre
P.70-75 Agenda : les 340 sorties d’octobre, les festivals et les expos
P.78-81 Valero se fait une toile dans l’Espagne liberticide de Franco (+2 planches)
P.82-85 Lafebre confronte sa psychiatre perchée à des nazis gratinés (+2 planches)
P.86-91 Les Davodeau sur les sentiers des trous de mémoire (+4 planches)
P.92-95 Pagnol sous toutes les coutures et sur grand écran, par Chomet
P.96-97 Cosset se met à table dans la confortable cuisine de Larsson
P.98 Le courrier du mois à la loupe
Casemate #194, octobre 2025, 100 pp., cor, 9,95€








































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