19 de novembro de 2024

Verão índio

Estamos nos futuros Estados Unidos da América, mais precisamente em Massachusetts em 1625. Dois jovens índios encontram Shevah, a bela sobrinha do reverendo Black, nas dunas à beira mar. A violação da jovem rapariga quebra a convivência existente entre colonos e índios. Escondido na vegetação, Abner, que assiste a tudo, acaba por abater os dois jovens e recolher a jovem rapariga na cabana isolada onde vive com a sua família.

Mas os acontecimentos precipitam-se: os índios querem vingar a morte dos seus. Entretanto, começa a época do ano conhecida como o verão índio, que fica assim tingido pelo sangue da vingança e da morte.

Assinada por dois grandes mestres da Banda Desenhada Mundial, Hugo Pratt e Milo Manara, Verão Índio é uma história simultaneamente sensual e violenta, cuja acção decorre na América puritana dos primeiros colonos, e que a Ala dos Livros apresenta (de novo) aos leitores portugueses, alargando a Colecção Obras de Pratt a obras que o grande mestre veneziano efectuou com outros autores.

Verão índio, Milo Manara e Hugo Pratt, Ala dos Livros, 152 pp., cor, capa dura, 33€

Michel Vaillant (Nova Temporada) #13: Redenção

O cenário deste novo episódio é o Grande Prémio da Indycar, Flórida.

Elsa Tainmont, piloto canadiana do Team Vaillant, substitui Michel que deixou a competição para acompanhar Françoise, que sofre de cancro.

Mas o caso do “Senador Warson” mudará tudo.

Porque Steve voltará ao volante de um Vaillant pelas famosas 500 milhas! Uma manobra do FBI, que quer forçar o assassino que o persegue a sair das sombras, especialmente porque Michel e Elsa também estarão na corrida.

Warson não sabe, mas uma terrível revelação o aguarda.

Michel Vaillant (Nova Temporada) #13: Redenção, Denis Lapière, Eillam e Marc Bourgne, ASA, 56 pp., cor, capa dura, 14,95€

18 de novembro de 2024

Casemate #184

Já se encontra nas bancas portuguesas o número de Novembro da revista francesa Casemate, cuja capa é dedicada ao recente álbum de Lucky Luke. Eis o sumário deste número:

P.6-8 Bruneau remonte aux origines de La Belle au bois dormant
P.10-12 Mandel ausculte l’actu bouillonnante de façon Exemplaire !
P.14-18 Grégory, quand un tragique fait divers vire au fiasco judiciaire et médiatique
P.20-22 Journorama, revue de presse de l’actu BD
P.24-26 L’Écho des Rézos, le meilleur de Facebook, X, Instagram…
P.28-31 Humains et robots partagent une même conscience dans M.A.D. (+2 planches)
P.32-37 Nesme et Trondheim propulsent le Marsupilami au temps des conquistadors (+4 planches)
P.38-43 Les Vieux Fourneaux plongent dans leurs souvenirs, au cœur d’un été caniculaire (+4 planches)
P.44-49 Kong se déchaîne dans la jungle new-yorkaise brossée par Hérenguel (+4 planches)
P.50-59 Jul et Achdé mettent Lucky Luke sous pression dans les brasseries yankees (+4 planches)
P.60-69 Une sélection de 37 BD à découvrir en novembre
P.70-74 Agenda : les 255 sorties de novembre, les festivals et les expos
P.78-81 Anne Juillard raconte André, disparu le 31 juillet dernier (partie 2/2)
P.82-87 Dorison et Montaigne au cœur de l’horreur, avec les rescapés du Jakarta (+4 planches)
P.88-91 Grand Petit Homme, grande aventure petit format signée Zanzim (+2 planches)
P.92-95 Bonneau déambule dans ses carnets de nus, paysages et portraits
P.96-97 Garin plonge son regard dans celui d’un Courbet Désespéré
P.98 Le courrier du mois à la loupe

Casemate #184, novembre 2024, 100 pp., 9,95€

Tokyo Revengers #4

Neste volume assistimoa a que a missão de Takemichi de viajar no tempo para salvar Hinata sofre um revés inesperado quando Draken é atingido com uma faca por Kiyomasa. Takemichi entra em desespero diante do corpo desfalecido de Draken. Afinal de contas, será que é possível mudar o futuro? A verdadeira vingança de Takemichi começa agora!

Tokyo Revengers #4, Ken Wakui, Distrito Manga, 208 pp., p&b, capa mole, 9,95€

Aqui

Richard McGuire é um artista, ilustrador, designer, cineasta e autor norte-americano conhecido pelo trabalho inovador na BD, design gráfico e ilustração, tendo uma abordagem conceitual e experimental que desafia as convenções tradicionais de narrativa visual.

McGuire ganhou notoriedade com a publicação de “Here” na revista RAW em 1989, editada por Art Spiegelman e Françoise Mouly.

Esta BD de apenas seis páginas revolucionou a narrativa visual ao apresentar a mesma localização (um canto de uma sala) ao longo de milhares de anos, explorando o tempo como tema central.

Em 2014, McGuire expandiu “Here” para uma graphic novel de grande impacto, publicada pela Pantheon Books. O trabalho foi amplamente elogiado pela sua complexidade narrativa e design visual inovador.

Considerada uma obra de arte e publicada em mais de vinte países, Aqui, de Richard McGuire, revolucionou a novela gráfica, enquanto género literário e continua ainda hoje a influenciar novas gerações de artistas. A crítica é unânime: este é um dos melhores livros de literatura e de arte do século.

«Um trabalho de literatura e arte diferente de qualquer outro visto ou lido antes. Um livro como este aparece uma vez por década, se não por século.» - The Guardian

«Brilhante e revolucionário.» - The New York Times Book Review

Aqui recebeu o Prémio de Melhor Livro do Ano (Festival de Angoulême), o Melhor Livro da Década (Les Inrocks) e Um dos 100 Melhores Livros do Séc.XXI (El País).

Aqui, Richard McGuire, Cavalo de Ferro (Penguin Random House), 304 pp, cor, capa mole

Eden Zero #5

Neste volume, Shiki e os amigos submergem (digitalizam) em Digitaliz, o superplaneta virtual, para resgatarem Hermit, a terceira das Quatro Estrelas Cintilantes. Mas o perigo espreita, pois anda um maníaco assassino à solta no planeta! Além disso, a traição de uma amiga (?!) e uma nova inimiga (?!) deixam a situação ainda mais difícil…

Com tantos obstáculos, será que os nossos heróis conseguirão resgatar o coração de Hermit, despedaçado pela maldade inumana?

Edens Zero #5, Hiro Mashima, Distrito Manga, 192 pp., p&b, capa mole, 9,95€

17 de novembro de 2024

Rapariga-Leopardo - Ensaio de quadriculografia portuguesa

Leopard Girl
(EUA) Jungle Action #2, Setembro de 1954
Don Rico e Al Hartley
Outros artistas:
Gaylord Du Bois, Tom Massey, Nat Edson, Dan Spiegle
Estreia em Portugal: Tarzan (1ª série) #10, Janeiro de 1970

Leopard Girl, cujo nome verdadeiro é Gwen, foi criada para atrair leitores que se interessavam pelas aventuras no estilo da série Tarzan e outras figuras da “selva” populares na época. 
Leopard Girl era uma combatente ágil com grande habilidade de sobrevivência e combate corpo a corpo, podendo enfrentar caçadores, exploradores e outros vilões que ameaçavam o equilíbrio da natureza. Além de suas proezas físicas, tinha uma empatia particular com os animais, que a obedeciam e, muitas vezes, a ajudavam em momentos de perigo.
Mais tarde, apareceu como reserva nos quadrinhos de Tarzan durante a década de 1960. Esta versão de Leopard Girl, conhecida como Meru, desempenhou um papel coadjuvante em narrativas de selva com tema de aventura.

Quadriculografia portuguesa:

  • Sepultado vivo (Buried alive), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #10
  • O regresso de Meru (Meru's homecoming), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #11
  • O milagre de Munya (Munya's miracle), Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #12
  • O fruto da morte (The death fruit), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #13
  • Terror na noite (Terror in the Tower), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #14
  • O acusador (The accuser), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #15
  • Uma voz no céu (Voice from the sky), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #16
  • Caçador branco (White hunter), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #17
  • Equipa de salvamento (Rescue Team), 1967, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #18
  • Para lá do arco-íris (A place beyond), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #19
  • Enjaulada (Caged), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #20
  • Os caçadores de cabeças (The headhunters), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #21
  • Um grito vindo do abismo (Cry from the depths), 1968, TTom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #22
  • A montanha ataca (The mountain strikes), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #23
  • A vespa gigante (The giant wasp), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #24
  • Às portas da morte (Portal of death), 1968, Tom Massey e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #25
  • Feras salvadoras (Savage saviors), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #26
  • Viva o Rei! (Long live the King!), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #27
  • Segredo inviolável (Fiery secret), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #28
  • Meru regressa (Meru returns), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #29
  • Prendam-na, é ladra! (Stop, thief!), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #30
  • O rapto (Kidnapped), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #31
  • Os raptores (The Looters), 1969, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #38
  • A cobiça do tesouro (Bungler), 1970, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #32
  • Os intrusos (The intruders), 1970, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #33
  • O intrometido (The Intruder), 1970, Nat Edson e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #34
  • O homem fera (The Beast-Man), 1970, Dan Spiegle e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #35
  • Gorashi desapareceu! (Gorashi Has Gone!), 1970, Dan Spiegle e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #36
  • A salvação de cristal (The Rescue of Crystal), 1970, Dan Spiegle e Gaylord Du Bois, Tarzan (1ª série) #38
[actualizado em 10.11.2024]

16 de novembro de 2024

Solo Leveling #10

Chegou o décimo volume do fenómeno da manhwa que já tem milhões de leitores em todo o mundo!

Depois do ataque à ilha de Jeju, Seong Jinu está determinado em criar a sua própria guilda, juntamente com Yu Jinho.

Mas, como todas as guildas precisam de ter pelo menos três pessoas, um mestre, um vice-mestre e um funcionário, Seong Jinu terá de recrutar um novo membro de confiança para se juntar a eles.

Há uma candidata inesperada que pode vir a ser o terceiro elemento… será que Seong Jinu a vai aceitar?

No entanto, quando um novo portal se abre deixando em perigo a sua família, Seong Jinu tem de pôr esta missão em espera.

Continua a saga Solo Leveling, que já conquistou milhares de leitores portugueses e que já tem anime e videojogo.

Solo Leveling #10, Dubu e Chugong, Presença, 264 pp., p&b, capa mole, 16,90€

14 de novembro de 2024

Tokyo Ghoul: re #14

Neste novo tomo, Kaneki ken, que se tinha transformado numa forma de dragão depois de comer um grande número de “Oggai”, abandona o distrito 24.  

Para restaurar Tóquio, que se encontra num caos sem precedentes, a C.A.G. e os ghouls tomam uma decisão. 

Tokyo Ghoul: RE #14, Sui Ishida, Devir, 204 pp., p&b, capa mole, 9,99€

One Piece #7: Rebelião

Neste novo tomo, instigada pela Baroque Works, a batalha entre os rebeldes e o Estado está prestes a iniciar-se. 

Luffy e os seus companheiros dirigem-se para Rain Base, onde está Mr. Zero, de modo a deterem a revolta o mais rápido possível. Mas ficam presos, caindo numa armadilha… 

Romance da aventura marítima em volta do “grande tesouro ONE PIECE”! 

One Piece #7: Rebelião, Eiichiro Oda, Devir, 604 pp., p&b, capa mole, 19,99€

Murena #12 - Morte de um sábio

Lançada em 1997, a série decorre na Roma Antiga, mergulhando os leitores numa história repleta de intrigas políticas, poder, violência, amor e traição. Murena é conhecida pelo rigor histórico, o seu estilo visual detalhado e o seu enredo dramático, que explora o período da ascensão de Nero ao poder.

Neste tomo, finalmente, Lucius Murena voltou ao palácio. Sua memória ainda vacila, mas as drogas que a Lemúria lhe impôs estão se dissipando gradualmente, assim como as dúvidas de Nero sobre o envolvimento de seu amigo na conspiração contra ele. O segredo que envolve a identidade da Hidra, este formidável guerreiro, porém, desconcerta o imperador, vítima de delírios cada vez mais frequentes que lentamente o levam à beira da loucura. A sombra da conspiração, que continua a estender-se sobre Roma, também contribui para abalar a razão de Nero: enquanto o laço se aperta, ele oferece a Tigelino, seu ambicioso "escudeiro", plenos poderes. Preso entre uma mulher possessiva e um imperador que pode mais uma vez duvidar da sua sinceridade, Murena tomará as decisões certas?

Murena #12: Morte de um Sábio, Jean Dufaux e Theo Caneschi, ASA, 52 pp., cor, capa dura, 17,90€

Monster #3

O terceiro volume desta série de Naoki Urasawa está hoje nas livrarias.

O “Johan”  terá duas personalidades distintas? Não será ele Jekyll-e-Hyde

Tenma pede ao Dr. Gillen, uma autoridade em psicologia criminal, para psicanalisar “Johan”. 

No entanto, o Dr. Gillen conclui que não foi “Johan” mas Tenma quem cometeu os assassínios em série e tenta atraí-lo para várias armadilhas. 

Tenma sente-se cada vez mais encurralado! 

Monster #3, Naoki Urasawa, Devir, 432 pp., p&b, capa mole, 20€

Chainsaw Man 08

Neste volume, à medida que a batalha por Denji continua entre Quanxi e a 4ª divisão, o assustador Pai Natal começa a aproximar-se do seu verdadeiro objetivo! 

Quando um contrato proibitivo é assinado, a porta abre-se para um mundo de desespero, onde até os demónios estão aterrorizados. 

Chainsaw Man 08, Tatsuki Fujimoto, Devir, 204 pp., p&b, capa mole, 9,99€

13 de novembro de 2024

Lucky Luke: A Mina de Ouro de Dick Digger

A Mina de Ouro de Dick Digger (La Mine d’or de Dick Digger) é o primeiro álbum da série Lucky Luke, criado por Morris em 1949. Esse álbum marca a estreia do famoso cowboy solitário, que mais tarde se tornaria um dos personagens mais icónicos da BD franco-belga. Com a edição deste tomo, todos os álbuns da série estão publicados em português.

Na enredo, Lucky Luke ajuda um velho garimpeiro chamado Dick Digger a encontrar uma mina de ouro que havia descoberto há anos, mas que havia perdido o rastro. A história desenrola-se com perseguições, perigos e o tradicional humor característico de Morris, ainda em sua fase inicial. Esse álbum apresenta uma versão de Lucky Luke bem diferente daquela que o público conheceria nos anos seguintes: aparece com um visual um pouco mais rústico e a história segue um ritmo mais simples, ainda longe da complexidade e dos personagens mais bem definidos que surgiriam nos álbuns posteriores.

Esse primeiro volume já estabelece a ambientação no Velho Oeste, com as suas paisagens áridas, bandidos e a corrida pelo ouro — temas recorrentes na série. A Mina de Ouro de Dick Digger introduz a essência do que viria a ser Lucky Luke: um herói que defende a justiça com um toque de humor e ironia, sem perder a sua característica de “cowboy que atira mais rápido que a própria sombra.

Lucky Luke: A Mina de Ouro de Dick Digger, Morris, ASA, 48 pp., cor, capa dura, 12,90€

Thorgal Saga #1

Adeus Aaricia é o primeiro título de Thorgal Saga, uma colecção que permite a autores conhecidos criar a sua interpretação do universo de Thorgal. Histórias fora da continuidade da série original, mas que respeitam o espírito do mito construído por Jean Van Hamme e Grzegorz Rosinski.

O tempo é o mais cruel dos deuses. Aaricia suspirou pela última vez. Sozinho na margem, no crepúsculo da sua vida, Thorgal observa o barco que transporta a sua amada para a sua última viagem, esmagado pela dor. É nesse momento que Thorgal vê ser-lhe oferecido pelo seu velho inimigo, a serpente Nidhogg, o anel de Ouroboros... Se o colocar no dedo, poderá voltar ao passado e rever o amor da sua vida. Uma tentação terrível, à qual nem o herói mais sensato consegue resistir. Começa então para Thorgal uma perigosa aventura cujo desafio não será apenas a sua vida e a daqueles que amou, mas a própria existência do seu destino.

Robin Recht é uma das estrelas actuais da BD francesa. Nascido na geração que se estreou nos role-playing games, como Dungeons & Dragons, e na fantasia heróica, Recht adora Thorgal, uma das séries da sua infância, e criou com este álbum uma história que tem as suas raízes no amor que une o herói a Aaricia. Graficamente, o desafio de assinar um álbum desta personagem está mais que conseguido, seguindo nos passos de Rosinski, com um desenho talvez ainda mais majestoso. Recht sai do formato clássico do álbum de 48 páginas franco-belga, libertando-se dessa limitação, com um livro que conta com cerca de cem pranchas belíssimas, no formato maior da BD franco-belga, com uma planificação generosa e imponente.

Quanto ao cenário, utiliza muitos elementos conhecidos, antes de virar para uma direcção inesperada. E o início não poderia ser melhor, dando-nos a ver um Thorgal idoso a contracenar com um Thorgal jovem, num enredo onde o amor e a aventura surgem interligados num maravilhoso cenário nórdico. A inclusão de uma viagem no tempo confere originalidade ao enredo e representa, de certa forma, um piscar de olhos à longevidade da saga. Jogando em dois espaços temporais diferentes, o autor permite contrapor um Thorgal solitário, no crepúsculo da sua vida, desgastado, mas mais maduro, com a essência da personagem, o Thorgal mais jovem, fresco e imaturo.

Quer gráfica, quer narrativamente, Adeus Aaricia destaca-se como um dos melhores títulos de Thorgal dos últimos anos. Tal como os álbuns mais recentes, este livro pode ser lido sem grande conhecimento prévio da série, e os fãs podem mergulhar directamente na leitura emocionante de uma narrativa que não se limita a copiar o original.

A edição portuguesa d’A Seita inclui um caderno final inédito na versão normal francesa, com uma dúzia de páginas, que inclui esboços e estudos gráficos, exemplos de planificação e ilustrações várias, e um conjunto de observações do autor.

Nascido em 1974, Robin Recht ingressou na École nationale supérieure des Arts Décoratifs de Paris, mas ainda antes de obter o seu diploma abandonou os estudos para se dedicar inteiramente à BD. Depois de alguns álbuns iniciais, em 2010 desenhou Julius (com Alex Alice e Xavier Dorison) uma prequela da famosa tetralogia O Terceiro Testamento. Aventurou-se também na escrita em 2012, assinando a adaptação do clássico Notre-Dame de Paris de Victor Hugo, com Jean Bastide como desenhador. Graficamente virtuoso e capaz de adoptar estilos muito variados, tornou-se mais conhecido ainda com os seus álbuns de heroic fantasy, em séries como Elric (com Didier Poli, série que obteve grande sucesso junto do público) ou A Filha do Gigante do Gelo (notável adaptação de um conto de Conan), mas também com um estilo menos realista de BD com Désintégration - Journal d'un conseiller à Matignon (com Matthieu Angotti em Delcourt em 2017), entre outros. Com Thorgal Saga: Adeus Aaricia, Recht regressa à sua paixão pela fantasia fantasia medieval.

Thorgal Saga #1: Adeus Aaricia, Robin Retch, A Seita, 120 pp., cor, capa dura, 28€

12 de novembro de 2024

Crime no Expresso Oriente - Romance Gráfico

A obra-prima de Agatha Christie, Crime no Expresso do Oriente, tem uma nova adaptação para romance gráfico, agora com magníficas ilustrações de Bob Al-Greene.

«O assassino está aqui, neste comboio… e é um de nós!»

Pouco depois da meia-noite, o famoso Expresso do Oriente vê-se forçado a parar devido à acumulação de neve nos carris.

De manhã, um dos passageiros — o milionário Samuel Edward Ratchett — aparece morto no seu camarote, tendo sido esfaqueado doze vezes, com a porta trancada por dentro.

Não resta qualquer dúvida, um dos seus companheiros de viagem é o assassino.

Isolado pela tempestade, o detective Hercule Poirot tem de encontrar o culpado entre uma dúzia de inimigos da vítima, antes que o assassino decida atacar novamente.

Esta fantástica adaptação para romance gráfico dá vida a um dos mistérios mais apreciados da autora — sendo perfeita tanto para fãs de longa data como para novos leitores.

Crime no Expresso Oriente - Romance Gráfico, Bob Al-Greene, ASA, 288 pp., cor, capa mole, 22,50€

Macho-Alfa - Livro 3

David Ferreira: cem vezes mais forte que o normal, pesa 980kg e estima-se que seja praticamente invulnerável. Exerce um constante auto-controlo para não magoar ninguém, evitando mesmo  apertar mãos ou dar abraços. David é o super-herói Macho-Alfa, a única pessoa com superpoderes em todo o mundo, mas... é desempregado, não tem amigos, e foi renegado por uma sociedade que sempre se aproveitou dos seus poderes para travar as suas guerras e tratar dos seus problemas mais complicados... será que alguma vez será aceite pela sociedade? Haverá lugar no mundo para um super-herói reformado? E a terapia, será uma solução para os seus super-problemas? E... pior que tudo... os super-heróis têm MESMO de pagar segurança social??   

O terceiro volume de uma das mais originais séries de BD de super-heróis recentes, da dupla Filipe Duarte Pina (BRK) e Osvaldo Medina (Kong the King, A Fórmula da Felicidade) marca uma viragem tremenda nesta saga: o tom mais humorístico (mesmo que de humor negro!) começa a dar lugar a uma atmosfera mais séria, e começam a revelar-se alguns dos segredos do passado de David, enquanto surge também pela primeira vez... a sua némesis, o vilão da série! Uma saga super-heróica, super-divertida e super... trágica! Sim, Macho-Alfa é uma tragicomédia em 4 tomos, com um final que ninguém imagina e que irá surpreender, previsto lá para o Outono de 2025.  Mas até lá, aproveitem para ler os primeiros três volumes de diversão, de humor negro e situações caricatas, hilariantes e tristes, do caminho de um herói trágico. Tudo está já em cena para o desenlace final no volume 4!

“...Pina e Medina começam esta saga como uma comédia, disparando alegremente em várias direcções da sociedade portuguesa, desde os media à natureza patriarcal e machista deste recanto. Mas depressa a “leveza” se revela ilusória - e Macho-Alfa, uma criatura de aparência épica e triunfal, torna-se, aos nossos olhos incrédulos, neste chocante anti-herói narcisista que acredita que fazer o Bem envolve naturalmente danos colaterais - até percebermos que a carreira deste super-socio-talvez-psicopata acaba por ser composta, sobretudo, por danos colaterais...”

- do prefácio de Nuno Markl

Os editores agradecem a Nuno Markl ter baptizado a dupla criativa do Macho-Alfa com aquele que será o seu nome definitivo, Pina & Medina, capaz de evocar as mais tugas das séries TV dos anos 1980!

Nascido em Angola, em Novembro de 73, Osvaldo Medina chega a Portugal no verão de 75. Vive em Lisboa desde então. Começa a desenhar e a ver as BDs que havia em casa muito antes de começar a primária. Ainda no ensino secundário começa a fazer "biscates" de ilustração que uma das suas professoras lhe encomendava. Em 1997 faz um pequeno curso de animação na produtora Animanostra (onde trabalha até hoje). Lança a sua primeira BD em 2009, A Fórmula da Felicidade, escrita por Nuno Duarte (e recentemente reeditada numa excelente edição integral pela Kingpin Books). Começa a dar aulas de animação em 2016 na Universidade Lusófona, isto sem deixar nunca de trabalhar em BD, animação, publicidade, ilustração, e em basicamente tudo o que envolva desenho.  

Filipe Duarte Pina nasce em 1979, e cedo pôs as mãos em videojogos, programando em BASIC algumas experiências para o ZX Spectrum. Co-fundador da Seed Studios e da Nerd Monkeys, produziu e lançou videojogos para Playstation, Nintendo DS, PC e mobile. Foi um dos pioneiros da moderna BD portuguesa, na sua qualidade de escritor e argumentista, com destaque para BRK, a BD que assinou com arte de Filipe Andrade e que marcou os anos 2000 do mercado da BD nacional. Venceu em 2018 o Prémio Amadora BD para Melhor Argumento de Álbum Português, pela sua curta Monstros (publicada na antologia The Lisbon Studio Series vol. 2: Silêncio), em conjunto com o desenhador Nuno Lourenço Rodrigues

Macho-Alfa - Livro 3, Osvaldo Medina e Filipe Duarte Pina, A Seita, 72 pp., cor, capa dura, 18,95€ 

Blake e Mortimer #30: Assinado "Olrik"

O 30º volume da série criada por Edgar Pierre Jacobs chegou às livrarias portuguesas.

Neste novo álbum, Blake e Mortimer procuram frustrar os ataques de um pequeno grupo independentista com a ajuda de um aliado essencial e inesperado.

Um novo grupo independentista da Cornualha, o Free Cornwall Group, está a operar na pequena cidade de Sainte Corineus. Enquanto protestam contra o fluxo de novos migrantes económicos, o grupo procura o lendário tesouro do Rei Artur e a sua famosa espada, Excalibur. Blake é então enviado para o local para desmantelar a organização e impedir o triste desígnio de seu líder, um certo “Grande Druida”.Ao mesmo tempo, no Centro de Investigação Científica e Industrial de Londres, o Professor Mortimer apresentou uma das suas novas novas invenções revolucionárias: uma escavadora de bolso, “The Mole”.

Para testar a resistência deste feito tecnológico, a imprensa britânica anuncia que “a Toupeira” será enviada para a Cornualha.

Este episódio foi o último assinado por André Juillard.


Paralelamente à edição normal, existe uma versão numerada exclusiva das lojas FNAC, em formato italiano.

Blake e Mortimer #30: Assinado Olrik, André Juillard e Yves Sente, ASA, 64 pp./192 pp. [ed. FNAC], cor, capa dura, 15,90€/29,90€ [ed. FNAC]

As novas aventuras de Lucky Luke segundo Morris #11: Cowboy sobre pressão

Passados dois anos após o lançamento do último volume de Lucky Luke, aí está um novo volume, intitulado Cowboy sobre pressão, escrito por Jul (Julien Berjeaut) e ilustrado por Achdé (Hervé Darmenton). 

A atmosfera é sombria em Nova Munique, uma pequena vila em Dakota fundada por colonos alemães.

A razão? A escassez de cerveja causada pela greve geral que paralisa todas as cervejarias do país! Assim, Lucky Luke é chamado para o resgate, terá de ir a Milwaukee, a capital americana da cerveja, para aliviar as tensões entre os sindicalistas marxistas e os barões industriais.

E se o nosso cowboy solitário já está dominado pelos espasmos do conflito social, isso sem contar com os Daltons que vêm se envolver no jogo.

As novas aventuras de Lucky Luke segundo Morris #11: Cowboy sobre pressão, Jul e Achdé, ASA, 48 pp., cor, capa dura, 12,90€

11 de novembro de 2024

Christian Godard [1932-2024]

 


RIP





O Arauto #1

As planícies do Velho Oeste sempre foram palco das mais estranhas aventuras, e foram por vezes percorridas pelas criaturas e personagens mais surpreendentes e assustadoras... mas poucas tão estranhas e temíveis como as que seguem o Arauto, um pistoleiro sepulcral, e que incluem: o seu cavalo, Sombra, vindo de um tempo imemorial; um Corvo misterioso e que parece agir como observador e líder deste pequeno grupo; e um cão infernal e gigante, chamado Blasfémia. Este estranho cavaleiro percorre a vastidão da América, e tem um passado terrível, que mergulha na Antiguidade clássica e bíblica... e enfrenta inimigos quase sobrenaturais, e que se opõem à sua busca.  

O que persegue? Que segredo intemporal, vindo da passado, é o seu? E quem é o inimigo que o confronta quando menos espera?  O Arauto é o primeiro álbum de Ruben Mocho, uma saga em três volumes com um visual arrojado e dinâmico, e que nos mergulha num mundo sobrenatural, que não é bem o nosso. 

Ruben Mocho é um jovem artista de banda desenhada proveniente de Lisboa, com uma extensa experiência na produção visual de jogos de computador. Tem já vários trabalhos de BD publicados em formato comic nos Estados Unidos, nas séries Postmasters, com argumento de Garret Gunn e Christina Blanch, e Worlds Forgotten, escrito por John Schell. O Arauto,  lançado no 35º FIBDA, é o seu primeiro trabalho a solo (com apoio de Allen Dunford), e o início de uma saga de fantasia contemporânea, ambientada no Velho Oeste (e não só!). Previsto inicialmente para publicação em mini-série de comic nos EUA, os primeiros capítulos foram reunidos e publicados em português pel’A Seita/Comic Heart. A série está prevista para um total de seis comics, e um total de três álbuns de capa dura, o segundo dos quais sairá no Outono de 2025.

A edição d’A Seita inclui também um caderno extenso de extras, desde capas variantes e ilustrações especiais, até uma secção de esboços e estudos criada pelo autor para esta álbum.

O Arauto #1, Ruben Mocho, A Seita, 72 pp., cor, capa dura, 18,95€

A língua do diabo - Novidade da Escorpião Azul

Estamos em Sciacca, Sicília, no ano de  1831. Os irmãos Salvatore e Vincenzo, órfãos, vivem da pesca e do trabalho no campo. Num dia de faina, vêem de repente, um vulcão a surgir do mar em plena actividade. Em poucos dias o material em erupção formou uma pequena ilha. Salvatore é o primeiro a lá chegar, convencido, que ao fazê-lo, se tornará o seu legítimo proprietário. Em vez disso, terá de lutar contra os britânicos, os franceses e os espanhóis. Na verdade, os espanhóis foram os últimos a intervir na disputa, nomeando Salvatore governador da ilha em nome de Fernando II.  Inspirado num facto histórico – a existência efémera da Ilha Ferdinandea – o autor tece uma história onde a aventura e o romance psicológico se entrelaçam. Como um vulcão que emerge do Mediterrâneo, todos estão agitados, mas permanecem prisioneiros da ordem e das convenções sociais que acabarão por engoli-los. Esta é uma novela gráfica de grande fôlego que nos conta uma história mágica e bizarra sobre uma alucinação colectiva, uma natureza feroz e sonhos desfeitos.  

O autor Andrea Ferraris nasceu em Génova em 1966. Depois de se formar em artes, frequentou um curso de design gráfico e cenografia dado pelos formadores Gianni Polidori e Emanuele Luzzati. Em Milão trabalhou como cenógrafo assistente para a Casa da Ópera e para a televisão. A paixão pelo fumetti levou-o a instalar-se em Bolonha onde teve, como ele próprio diz, “a oportunidade de conhecer mestres como Vittorio Giardino, Andrea Pazienza e Marcello Jori”. Em 1992, começou a colaborar com a Disney Itália, para quem trabalha há mais de 30 anos. Publicou ilustrações e banda desenhada para várias revistas como Alias, La Lettura e Internazionale, bem como encartes para os jornais Il Manifesto e Il Corriere della Sera. Em 2011 produziu com Giacomo Revelli, uma biografia em BD sobre Ottavio Bottecchia, o primeiro italiano a vencer a Volta à França em bicicleta. Entre 2013 e 2016 viveu em Paris onde concluiu a sua primeira obra a solo, Churubusco, uma história verídica sobre o Batalhão de São Patrício. Seguiu-se em 2017 A Cicatriz - Na Fronteira Entre os Estados Unidos e o México com o argumento do seu amigo Renato Chiocca. Em 2018 volta a solo com a obra A Língua do Diabo. Um Mosquito no Ouvido é o seu livro mais autobiográfico, no qual conta a história da adopção da sua filha Sarvari, publicado em 2021. Temporale, publicado em 2024, é o seu novo e mais recente livro de banda desenhada.  

A língua do diabo, Andrea Ferraris, Escorpião Azul, 232 pp., p&b, capa mole, 27€

10 de novembro de 2024

O Atendimento Geral

Nesta novela gráfica, Paulo J. Mendes explora a história de um tímido escriturário cuja vida é subitamente transformada ao ser incumbido de abrir uma sucursal numa vila do interior. Esta vila, outrora cenário das suas férias de infância, traz-lhe memórias intensas, especialmente de um último ano traumático, quando a tia que o acolhia o expulsou subitamente.

Ao regressar após três décadas, o protagonista encontra-se num ambiente fechado e hostil, confrontando-se com antigos amigos que se tornaram inimigos e com a elite local que o desdenha. A sua tarefa de instalar a nova sucursal revela-se uma missão quase impossível, pressionado por apetites imobiliários gananciosos e expectativas inatingíveis.

No entanto, é o reencontro com a casa antiga e os terrenos que desperta nele um apego profundo e memórias há muito enterradas. No meio desta turbulência, uma antiga paixão reaviva-se, mas com ela surge um bloqueio emocional que o paralisa sempre que tenta um novo envolvimento físico. Uma história sobre reencontro e superação, O Atendimento Geral é uma reflexão sobre o poder das memórias e as complexidades dos laços humanos.

O Atendimento Geral, Paulo J. Mendes, Escorpião Azul, 272 pp., p&b, capa mole, 29€

8 de novembro de 2024

dBD #188

Já está em circulação o número de Novembro da revista francesa dBD, cuja capa é dedicada à obra Le Cas David Zimmerman. Eis o sumário do número:

LUCAS & ARTHUR HARARI / À LA UNE
Se questionner sur la notion d'identité au sens large et, surtout, au premier degré, tel est le sujet du déjà indispensable Cas David Zimmerman.
ACTUALITÉS/ QUOI DE NEUF ?
La sélection du mois
MORRIS / VENTE AUX ENCHÈRES
Courez voir les cinquante pièces extraites des aventures de Lucky Luke, que la maison de ventes Christie's met à l'encan.
MANGA ET PRÉPUBLICATION / MANGA
Plongée passionante dans les magazines japonais de prépublication qui firent au fil des années jaillir les génies du 9e art.
FRANK PÉ / ARTBOOK
IQuand il ne dessine pas un Marsupilami ou un Broussaille, Frank Pé se pose des questions sur le dessin. Dessine ! est le fruit de ses réflexions.
MARTIN VEYRON / ONE-SHOT
Les nouveautés de Martin Veyron sont si rares qu'il nous était inconcevable de ne pas mettre en avant la dernière, d'autant qu'elle est excellente !
CRITIQUES / Chroniques & Journal des sorties 
Par nos journalistes
CA VAUT LE DÉTOUR / CHRONIQUES
Une sélection de Ronan Lancelot
MANGA / CHRONIQUES
La sélection de Géant Vert
THÉO GROSJEAN / INTERVIEW JEUNESSE
C'est assurément une des nouvelles séries phare du moment. Son Elliot au collège justifie à lui seul un retour à l'école.
JEUNESSE / Chroniques 
Par Philippe Peter

dBD #188, novembre 2024, 100 pp., 9,80€

Colecção Novela Gráfica #10: Tati e o Filme Sem Fim

O penúltimo livro da oitava série da colecção Novela Gráfica da Levoir e do Público, hoje nas bancas, é a história de um homem que tinha um sonho: ser palhaço, mas acabou por ser um dos maiores cineastas franceses do século XX.

Tati e o Filme sem Fim conta a história de Jacques Tati que começou a sua vida profissional como moldureiro e a sua visão da sétima arte foi fortemente influenciada pela moldura. Aluno medíocre estava destinado a tomar conta do negócio da família, mas tinha um olhar especial para captar as situações burlescas da vida quotidiana. A partir dos anos 30, sublimará esta visão do mundo no music hall.

Ao ver Tati em palco, a actriz francesa Colette disse que ele tinha criado "algo que era parte desporto, parte dança, parte sátira e parte tableau vivant".

Privilegiando o gesto sobre o diálogo, reelaborando o som como um verdadeiro maestro, Tati inventou um mundo próprio e, em apenas seis filmes, tornou-se um dos mestres incontestáveis do cinema francês e internacional. Foi galardoado com o César do cinema em 1977 pelo conjunto da sua obra.

Arnaud le Gouëfflec e Olivier Supiot mergulham na vida e na obra do lendário cineasta. Desde a sua infância até à sua ascensão como mestre do burlesco e poeta do quotidiano, o álbum traça a carreira de Tati com uma ternura infinita. A estrutura narrativa inventiva leva-nos de cena em cena, fazendo lembrar os filmes do próprio Tati.

Cada página é um convite para redescobrir o mundo através dos olhos travessos e excêntricos do Senhor Hulot. Os autores conseguem captar a essência de Tati, o seu génio criativo e a sua humanidade, tornando este tributo simultaneamente comovente e inspirador.

O estilo gráfico de Olivier Supiot é flexível e delicado, com cores que lembram os cartazes dos filmes de Tati. Os desenhos, simples, mas elegantes, enquadram-se perfeitamente no universo burlesco de Tati, esbatendo habilmente as fronteiras entre o artista e a sua obra. Cada quadro exala poesia e calor, mergulhando-nos numa nostalgia agridoce.

Tati e o Filme sem Fim é uma bela homenagem a Jacques Tati, um realizador único que transformou a vida quotidiana em poesia visual. Esta novela gráfica dá-nos vontade de redescobrir os seus filmes e de ver o mundo através dos seus olhos travessos. Um verdadeiro prazer para ler!

Tati e o Filme Sem Fim, Arnaud le Gouëfflec e Olivier Supiot, Levoir, 144 pp.,cor, capa dura, 14,90€

5 de novembro de 2024

Chernobyl - A queda de Atomgrad

O que levou à catástrofe de Chernobyl, em Abril de 1986, é uma questão complexa: políticas autoritárias rígidas, prazos impossíveis de cumprir, falta de dinheiro e de materiais, burocracia generalizada e corrupção política desempenharam o seu papel na maior catástrofe nuclear da história.

Este relato gráfico e angustiante do desastre segue as dezenas de histórias humanas cruelmente afectadas pela tragédia.

Dos engenheiros e bombeiros aos médicos e soldados, das crianças e famílias das cidades e das aldeias vizinhas aos animais nas florestas — todos compõem a história de Chernobyl, um mosaico de vítimas que pagaram o preço da ambição e da arrogância de políticos que manobravam à distância.

Chernobyl - A queda de Atomgrad, Matyás Namai, Minotauro, 112 pp., cor, capa mole, 21,90€

Daniel Ceppi - Ensaio de quadriculografia portugusa

Argumentista, Desenhador
(Suíça) Genéve, 3 de Abril de 1951 - 4 de Novembro de 2024

É conhecido principalmente pela criação da série Stephane Clément, Chroniques d’un Voyageur (As aventuras de Ernesto), que explora o universo das aventuras e viagens, sempre com uma perspectiva crítica sobre questões sociais e culturais. Ceppi é amplamente reconhecido por seu estilo realista e detalhista, bem como por sua habilidade de entrelaçar temas políticos e sociais, abordando temas como o conflito entre culturas e questões de direitos humanos.

A série Stephane Clément é inspirada pelas próprias experiências de viagem do autor a vários países, desde o Médio Oriente até a África e o Sudeste Asiático. Esse realismo é uma das marcas de Ceppi, que sempre se preocupou em representar os cenários e contextos políticos, abordando questões complexas como o tráfico de armas, o colonialismo e as dinâmicas de poder internacionais.

Além de Stephane Clément, Ceppi também trabalhou noutros projetos gráficos e em arquitetura, área em que se formou, chegando a fundar a sua própria editora para publicar alguns de seus trabalhos.

Séries publicadas em Portugal:
Ernesto (As aventuras de)

One-shots publicados em Portugal:
  • Abusus non tollit usum (Abusus non tollit usum), 1978, Ceppi e Vepy, Jornal da BD #73
  • As noites de Unica (Les nuits d'Unica), 1980, Ceppi e Fariñas Henrique Martinez, Jornal da BD #71
  • A sombra de Jaipur (L'ombre de Jaipur), 1980, Daniel Ceppi e Fariñas Henrique Martinez, Jornal da BD #107
[actualizado em 04.11.2024]

4 de novembro de 2024

As Grandes Batalhas Navais: Lepanto

Está disponível um novo tomo da série As Grandes Batalhas Navais com o título Lepanto, com desenho de Jean-Yves Delitte e texto de Federico Nardo. A edição é da Gradiva.

O Império Otomano estava em expansão desde o século XV, conquistando territórios na Europa Oriental, no Norte da África e no Médio Oriente. Em 1570, os otomanos atacaram o Chipre, que estava sob controle da República de Veneza, com o objectivo de expandir o seu domínio pelo Mediterrâneo. Como resposta, o papa Pio V organizou a Liga Santa, formada por várias potências católicas, incluindo Espanha, Veneza, e o Papado, com o objectivo de deter o avanço otomano.

Travou-se, então, em 7 de Outubro de 1571 a Batalha de Lepanto. Foi um confronto naval decisivo entre a Liga Santa, uma coligação de forças cristãs liderada pelo Reino da Espanha e pelos Estados Papais, e o Império Otomano. A batalha ocorreu no Golfo de Patras, próximo ao porto de Lepanto, na Grécia, e foi uma das maiores e mais importantes batalhas navais da época. A vitória cristã marcou o fim da expansão otomana no Mar Mediterrâneo e teve implicações duradouras na geopolítica europeia.

As Grandes Batalhas Navais: Lepanto, Jean-Yves Delitte e Federico Nardo, Gradiva, 64 pp., cor, capa dura, 20,99€

1 de novembro de 2024

O novo Lucky Luke de autor já chegou: "Os Indomados", de Blutch

Chegou um dos mais esperados lançamentos do ano, o novo álbum da colecção Lucky Luke visto por..., desta feita pelo grande Blutch, um dos mais conhecidos autores de BD franco-belga contemporânea, e já galardoado com o Grande Prémio da Cidade de Angoulême, o principal e mais prestigiado prémio de BD francesa. “Lucky Luke: Os Indomados” é o sexto volume da colecção, e talvez o que mais de perto homenageia os autores clássicos do cowboy que dispara mais rápido que a sombra, numa aventura divertida, cheia de piscares de olhos aos vilões e personagens e situações dos álbuns mais conhecidos de Morris. Pobre cowboy solitário, longe do seu lar...

Para Lucky Luke, é o descanso. Uma última missão, e finalmente a paz... Pelo menos é nisso que acredita, antes de uma miúda obstinada o ameaçar com uma arma, gritando "Mãos para cima, coiote!" Lucky Luke vai descobrir que esta menina, Rose, vive sozinha numa cabana isolada com o seu irmão Casper, depois dos seus pais terem desaparecido. Lucky Luke decide levá-los de volta ao xerife da cidade... Mas rapidamente percebe que até lá terá de brincar às "amas" com estas crianças particularmente endiabradas! Um papel totalmente inesperado para ele...

Blutch é um dos maiores nomes da banda desenhada franco-belga que cultiva uma visão algo alternativa e sonhadora na nona arte. Com este álbum, presta homenagem a uma das suas personagens preferidas, que o ajudou a definir-se como autor, numa história original e invulgar, em que o cowboy que “dispara mais depressa do que a sua própria sombra” é promovido a “cara pálida que atira primeiro e vê depois”!

Cheia de piscares de olhos aos livros de Morris e de Goscinny, e cheio de personagens divertidos, desde os dois endiabrados miúdos que vão tornar a vida de Lucky Luke infernal, aos xerifes mais preocupados com a burocracia e a papelada, passando pelo índio que rebaptiza o nosso herói e pelo gang de bandidos clássicos, este álbum é talvez o mais próximo dos originais, num desenho ao mesmo tempo clássico, mas subtilmente cheio do traço mais aventuroso de Blutch. Blutch que admite ter colocado em cena os seus próprios filhos, incluindo o seu mais novo, autista, que inspira a desarmante personagem de Casper

Como sempre, a edição inclui um extenso caderno de extras, inédito na versão francesa, com esboços, exemplos de planificação, uma biografia e uma entrevista com o autor. Mais ainda, e de especial interesse para os fãs da Blutch (ou para aqueles que acabam de descobrir a sua obra), incluímos uma história curta de 5 páginas criada em 1989, de Pecos Jim, uma personagem de western, num episódio em que ele se encontra com um tal de... Luke, o Sortudo! Deste álbum fizeram-se duas edições distintas, uma normal, e uma com uma capa exclusiva da Wook, de 200 exemplares, 100 dos quais serão vendidos numa caixa que inclui um ex-libris e dois prints, numerados de 1 a 100.

Os Indomados, Blutch, A Seita, 72 pp., cor, capa dura, 17,90€

As minhas leituras de BD no mês de Outubro de 2024