27 de novembro de 2025

Chainsaw Man #13

O volume 13 de Chainsaw Man reúne os capítulos 104 a 112 foi publicado originalmente no Japão a 4 de Janeiro de 2023. Este volume mergulha na vida de Denji e Asa, mostrando como os seus desejos, fragilidades e escolhas se cruzam com a crescente ameaça dos demónios.

Denji continua obcecado com a ideia de revelar ao mundo que é o Chainsaw Man, acreditando que isso lhe trará reconhecimento e uma vida mais plena. Porém, várias pessoas à sua volta tentam travá-lo, conscientes das consequências devastadoras que essa exposição poderá provocar num mundo dominado pelo medo e pelo poder dos demónios. Paralelamente, Asa Mitaka desenvolve uma amizade com Yuko, uma colega aparentemente tímida, mas que esconde um segredo perturbador. Sobrecarregada pelo bullying e por um profundo sentimento de injustiça, Yuko confessa a Asa que selou um pacto com o Justice Devil, adquirindo assim poder para castigar aqueles que a atormentavam.

A situação rapidamente descamba quando Yuko, guiada por um sentido distorcido de justiça, começa a assassinar colegas e transforma a escola num cenário de horror. Asa, dilacerada entre a amizade e o dever, tenta impedi-la, mas o caos intensifica-se: Yuko acaba por sofrer uma mutação grotesca, tornando-se num demónio monstruoso e lançando ainda mais pânico entre estudantes e civis.

Este volume é marcado por um forte conflito emocional, onde temas como a culpa, o desespero, o desejo de aceitação e a fronteira entre justiça e vingança são expostos de forma crua. Enquanto Yuko sucumbe ao peso das suas dores e escolhas extremas, Denji luta com a necessidade de afirmar a sua identidade, mesmo quando isso o coloca no centro de perigos cada vez maiores. O resultado é um capítulo intenso da narrativa, onde o terror sobrenatural e o drama humano se entrelaçam, preparando o terreno para confrontos e revelações ainda mais sombrios.

Chainsaw Man #13, Tatsuki Fujimoto, Devir, 186 pp., p&b, capa mole, 9,99€

O Mercenário - Volumes 7 e 8

Ainda que a série tenha nascido nos anos 80 do século XX, os volumes 7 e 8 marcam um ponto alto da aventura. O tomo 7, intitulado A Viagem, leva o nosso herói a atravessar o Oceano Índico montado no seu dragão voador e desembarcar numa ilha desconhecida. Este lugar, que à primeira vista parece um paraíso exótico, aproxima-se mais dum cenário de sonho: criaturas fantásticas, paisagens estranhas, uma atmosfera de mistério e promessa de riqueza. Mas depressa a beleza se revela enganadora: a ilha esconde um veneno mortal, e as costas escuras desse mundo escondem segredos sombrios. O Mercenário, sozinho e longe de casa, terá de lutar contra as forças da natureza e contra armadilhas traiçoeiras — numa mistura de fantasia épica e toques de ficção científica.

Já o tomo 8,  Ano Mil, O Fim do Mundo, insere a narrativa num contexto dramático e apocalíptico. A tradição — ou o temor — de que o ano mil da nossa era marcaria o fim do mundo move monges da misteriosa Ordem do Cráter, que se preparam para o desastre. Por acaso — ou destino —, O Mercenário acaba por ser transportado para um planeta quase idêntico à Terra, mas devastado e semi-abandonado. Lá descobre vestígios de uma civilização antiga e terríveis seres que outrora dominaram a Terra; compreende que a catástrofe não é apenas simbólica, mas real. Assistimos a uma fusão entre heroic-fantasy, ficção científica e horror — o herói confronta-se com forças maiores do que a mera ambição humana, com o destino de mundos inteiros em jogo.  

Em termos editoriais, o volume 7 foi publicado originalmente em 1995 sob o título El Viaje e o volume 8 seguiu em 1996, sob o nome Año 1000 (ou Año mil. El fin del mundo). 

Quanto às edições em Portugal, ambos os volumes foram publicados nos anos finais do século passado pela extinta Meribérica-Líber.

Estes dois tomos representam — além de histórias profundamente imaginativas — um ponto de viragem na série: combinando o estilo visual meticuloso e pictórico de Segrelles com narrativas cada vez mais audaciosas, misturando fantasia, mistério, ficção científica e temáticas existenciais.

O Mercenário #7: A viagem, Vicente Segrelles, Ala dos Livros, 64 pp., cor, capa dura, 21,90€
O Mercenário #8: Ano Mil. O Fim do Mundo, Vicente Segrelles, Ala dos Livros, 64 pp., cor, capa dura, 21,90€

26 de novembro de 2025

El Diablo

El Diablo, de Lewis Trondheim (argumento) e Alexis Nesme (ilustração) alia humor sombrio, fantasia e um olhar mordaz sobre o comportamento humano. Inserido no projecto Monstres, o livro retoma a tradição de revisitar criaturas lendárias, mas sempre com uma abordagem autoral e irónica, típica de Trondheim.

As coisas estão a correr mal no galeão do capitão espanhol Santoro, nestes dias aventurosos do século XVI. Os mantimentos esgotaram-se, por isso escolheu um grumete... para o comer! O jovem José, agora na ementa da tripulação, avista felizmente uma terra desconhecida e escapa à morte culinária! Nessa terra desconhecida, irá descobrir um animal estranho — amarelo, com manchas negras e uma longa cauda — que Santoro fere, e que quase mata José.

Acolhido pelos índios Chahuta, o grumete descobre que se tornou uma espécie de parente espiritual do Marsupilami, o "espírito da floresta", ao qual está de agora em diante ligado por um elo mágico. Os dois vivenciarão, assim, o sofrimento e as emoções um do outro...

O início de uma relação especial que rapidamente se complicará por causa da desbragada sede de ouro do Capitão Santoro, determinado a deitar as mãos ao suposto El Dorado dos Chahuta...

A narrativa, construída como uma fábula obscura, alterna momentos de franca comicidade com situações de tensão quase grotesca. Trondheim desmonta lugares-comuns das histórias de monstros, aproximando-se, por vezes, do espírito de sátira que se encontra nas aventuras do Marsupilami de André Franquin — não pela inocência ou pelo ritmo slapstick, mas pela habilidade em mostrar como o ser humano reage de modo caótico quando confrontado com o desconhecido e o extraordinário.

A arte de Alexis Nesme reforça esta ambivalência: o traço é minucioso, expressivo, cheio de cor e textura, capaz de misturar encanto e inquietação numa mesma vinheta. Tal como em A Fera, de , onde a criatura funciona como espelho das fragilidades humanas, também em El Diablo o “monstro” é menos importante do que o que ele revela sobre a comunidade — os seus medos, preconceitos e impulsos irracionais.

Longe de ser apenas uma história sobrenatural, El Diablo funciona como comentário social. A facilidade com que o pânico se instala, a busca apressada por culpados e a necessidade de justificar o inexplicável são temas centrais. Com humor negro e uma certa ternura disfarçada, Trondheim e Nesme constroem uma obra que entretém e, ao mesmo tempo, questiona a natureza das crenças colectivas.

O resultado é uma leitura envolvente, visualmente rica e cheia de camadas, que agradará tanto aos leitores de fantasia como aos apreciadores de narrativas irónicas e inteligentes — uma obra que dialoga com a tradição da banda desenhada franco-belga, mas com voz própria e inconfundível.

El Diablo, Alexis Nesme e Lewis Trondheim, A Seita, 64 pp., cor, capa dura

5.ª Edição do Mercado do Contra

No próximo dia 29 de Novembro, entre as 10h e as 19h, realiza-se a 5.ª edição do Mercado do Contra, um evento dedicado à edição independente e à auto publicação, com especial enfoque na Banda Desenhada. Nesta edição, há um reforço na aposta em transformar o mercado num pequeno encontro de celebração, reflexão e partilha em torno da BD contemporânea, dando espaço a autoras, autores, editoras e projetos de todo o país.

Ao longo do dia, o público poderá contar com um programa completo de apresentações, conversas e inaugurações, bem como com um mercado repleto de criadores e editoras independentes.

Programa Completo

11:00 – Apresentação de Circus Minimus, de Daniela Duarte (desenho) e Ricardo Henriques (argumento), pela Isabel Carvalho. Publicação da colecção BEDETECA (Gorila Sentado / Turbina Associação Cultural).

14:30 – Apresentação de Canalha Borrado (A Seita / Mundo Fantasma), com o autor Zé Lázaro Lourenço.

15:00 – Apresentação do fanzine Serigaitos #1, acompanhada de mini-exposição e presença de Marco Mendes e das autoras Juliana Meira, Mariana Santos Matos e Sara Filipe.

15:30 – Apresentação da revista Umbra #5, pelo editor Filipe Abranches.

16:00 – Inauguração da exposição de BD de Diniz ConefreyPashmina e apresentação do seu livro Estância do Sino Coberto (Quarto de Jade).

16:30 – Apresentação do livro Zé Povinho nos dias de hoje (Tentáculo), com Filipe Duarte e Ana Saúde.

17:00 – Apresentação da exposição Os muitos mundos da Gorila Sentado e dos novos lançamentos da editora: King of Bones #1 — Sérgio Hortelão; Last Call #3 — Gonçalo Fernandes; A Requiem on Stage #1 Pedro Nascimento e Miriam Franco.

18:00 – Apresentação de Terrea (A Seita), com Ricardo Cabral e o editor José Hartvig de Freitas.

Programação Extra:

15:00 – 18:00 – Mostra de portfólios com José Hartvig de Freitas (A Seita).

Mercado | 10h00 – 19h00 | Autores, editoras e colectivos presentes: Gonçalo Fernandes, Gonçalo Sobral, Filipe Abranches, Filipe Duarte, Ana Saúde, Pedro Branco Mendes, Atelier Not Found, Ricardo Cabral, Daniel da Silva Lopes, Serigaitos, Rita Fernandes, Bedeteca, Paraíso do Livro (alfarrabista), Vítor Hugo Rocha, Marta Espírito Santo, Quarto de Jade

Sessões de autógrafos com os autores presentes.

Marvila Comics 2025

Marvila Comics é um festival de BD organizado pela Kingpin Books em parceria com a cervejaria Dois Corvos, combinando lançamentos de banda desenhada, exposições, debates e a cultura da cerveja artesanal.  


25 de novembro de 2025

Blake e Mortimer: A dupla exposição

Blake & Mortimer – A Dupla Exposição é um álbum que integra a colecção Le Nouveau Chapitre da série Blake & Mortimer. Os autores são James Huth (argumento) e Laurent Durieux (desenho e cor), com a colaboração de Sonja Shillito

O capitão Francis Blake e o professor Philip Mortimer são apanhados numa intriga de ficção científica/pulp situada num evento de Feira Mundial de 1964. Uma invenção de escala reduzida transforma-os em miniatura ou reduz as suas dimensões, levando-os a um micro-mundo futurista ou maquetado, onde terão de enfrentar adversários e esquemas dos habituais “vilões” da série. Presos em um modelo futurista, conseguirão eles salvar a humanidade dos planos maquiavélicos de seus piores inimigos?

A Dupla Exposição mostra a série Blake & Mortimer sob um prisma diferente: mantém o encanto da aventura, o espírito retro-anos 60 e os heróis clássicos, mas introduz uma invenção original (a máquina que reduz à escala) e um formato visual marcante graças a Laurent Durieux. É uma leitura indicada tanto para fãs de longa data como para novos leitores que queiram experimentar o universo da dupla Blake e Mortimer de forma menos “canónica”.

Blake e Mortimer: A dupla exposição, James Huth e Laurent Durieux, ASA, 72 pp., cor, capa dura, 20,90€

Blake e Mortimer #31: A Ameaça Atlante

A Ameaça Atlante (originalmente em francês: La Menace atlante) é o 31.º álbum da série Blake & Mortimer, com argumento de Yves Sente e desenhos de Peter van Dongen. Foi publicado no mercado francófono no passado dia 21 de Novembro.

Os autores retomam o universo de aventura e ficção científica iniciado por Edgar Pierre Jacobs, nomeadamente fazendo uma sequela ao álbum de 1957,  O Enigma da Atlântida.

Neste álbum, o professor Philip Mortimer é incumbido de uma missão governamental de grande importância: partir para a Escócia para estudar antigas terras vulcânicas e testar a viabilidade de uma instalação geotérmica. 

Enquanto isso, fenómenos terríveis assomam no mar do Norte: nuvens de gases tóxicos surgem, um gigantesco tsunami é provocado por explosões inexplicadas, e corpos momificados provenientes do Doggerland — o leito antigo do mar do Norte — emergem após cerca de 10 000 anos de submersão. 

Perante este cenário, o capitão Francis Blake tem de juntar-se a Mortimer para investigar — o que os conduz a uma exploração submarina onde o seu submersível é avariado, deixando-os vulneráveis. 

Entre os antagonistas destaca-se o sempre sinistro Olrik, mas também o enigmático Magon, que aproveita a crise energética que assola a “Nova-Atlântida” para tentar fugir da sua prisão terrestre e regressar ao seu povo — e, antes, acumular o máximo de “oricalco” (um misterioso metal Atlante) mesmo que isso signifique destruir a Europa do Norte. 

O regresso à Atlântida e aos seus mistérios permite explorar não só a nostalgia da série original de Jacobs como também temas contemporâneos: mudança climática, submersão de terras, exploração geotérmica, impactos ambientais e geo-políticos.

Como habitualmente, haverá uma edição exclusiva para as lojas FNAC com uma capa diferente.

Blake e Mortimer #31: A Ameaça Atlante, Yves Sente e Peter van Dongen, ASA, 64 pp., cor, capa dura, 15,90€