29 de agosto de 2025

Mais de 60 livros de BD e ilustração vão ter edição estrangeira com apoio público

Mais de 60 obras de ilustração e banda desenhada de autores portugueses vão ser traduzidas e editadas em 24 países, através de uma linha de apoio financeiro da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).

Na sua página oficial, a DGLAB indica que a Linha de Apoio à Ilustração e BD (LAIBD) irá abranger este ano 44 editoras estrangeiras e 61 livros de ilustradores portugueses, com um investimento global de cerca de 88 mil euros.

Entre os nomes de ilustradores mais representados estão Catarina Sobral, André Letria e André Carrilho, mas também são contempladas obras de António Jorge Gonçalves, Joana Estrela, João Vaz de Carvalho, Madalena Matoso e Mariana Rio, entre outros.

Os livros a serem apoiados têm também a assinatura de autores como Adélia Carvalho, Inês Fonseca Santos, Isabel Minhós Martins, José Jorge Letria, Ricardo Henriques ou Tatiana Salem Levy.

Entre as obras a editar, incluem-se o premiado “Balada para Sophie”, de Filipe Melo e Juan Cavia, na Bélgica, “Capital”, de Afonso Cruz, “A menina com os olhos ocupados”, de André Letria, na Dinamarca, em Espanha e na Macedónia do Norte, “Pardalita”, de Joana Estrela, em França, “A Guerra”, de José Jorge Letria e André Letria, na Arménia, “Dita Dor”, de António Jorge Gonçalves, na Argentina e na Coreia do Sul.

Brasil é o país com maior número de contemplados – oito -, nomeadamente, “Isto não é”, de Marco Taylor, “Como criar uma biblioteca”, de Inês Fonseca Santos e André Letria, “Virar o medo ao contrário, como a Paula Rego”, de Catarina Sobral, ou “O tempo do cão”, de Ondjaki e António Jorge Gonçalves.

Segue-se Espanha, com sete obras ilustradas a serem apoiadas, entre as quais “People are weird”, de Victor D. O. Santos e Catarina Sobral, “Foxy & Meg encontram um Mas-mas”, de Ricardo Henriques e André Letria, ou “A menina com os olhos ocupados”.

Criada em 2005, a LAIBD tem por principais objetivos divulgar no estrangeiro a produção portuguesa nas áreas da ilustração e banda desenhada, contribuir para a angariação de novos públicos e de novos mercados para autores e editores, e estimular a criação e valorizar o trabalho dos autores.

in LUSA

Colecção 25 Imagens

 


Levoir
Julho/Agosto 2025

  1. A Floresta, Thomas Ott
  2. Marguerite, Joe Pinelli
  3. Ter 20 anos em Maio de 1871, Jacques Tardi
  4. Rumo ao Sul, Landis Blair
  5. A Restauração, Nina Bunjevac
  6. Nachave, Lucas Harari
  7. O cabo de 2.102.400 km, Vasco Colombo

Colecção 25 Imagens #7: O Cabo de 2.102.400 km, de Vasco Colombo

Na última edição da colecção 25 Imagens, lançada pela Levoir em colaboração com o jornal Público, surge uma obra que encerra esta série com uma força visual singular. O Cabo de 2.102.400 km, de Vasco Colombo, não é apenas uma novela gráfica — é uma leitura silenciosa, que fala através de imagens, sem uma única palavra.

Vasco Colombo, natural de Lisboa, é um ilustrador e artista visual que se notabilizou nas áreas do design editorial e da banda desenhada. Após um período dedicado a projectos gráficos, retoma simbolicamente ao universo da banda desenhada com esta obra.

A narrativa visual acompanha um homem que encontra um cabo escondido e decide segui-lo até ao seu fim — uma viagem literal, mas também profundamente metafórica. Trata-se de um percurso que desvela os vínculos humanos com o planeta, a nossa relação com a Terra e a existência.

O título, 2.102.400 km, contém uma lógica matemática oculta, sugerindo múltiplas interpretações que só se revelam ao leitor que “puxa o fio à meada”.

O ponto mais fascinante da obra é o seu total silêncio textual. Constituída por apenas 25 imagens, esta narrativa desafia a linguagem convencional e convida o leitor a decifrar sentidos, emoções e conexões apenas pelo poder do visual. Este método minimalista é fiel ao conceito da colecção 25 Imagens — cada fotografia, ilustração ou página fala por si, evocando interpretações múltiplas.

Colecção 25 Imagens #7: O Cabo de 2.102.400 km, Vasco Colombo, Levoir, 32 pp., p&b, capa dura, 15,90€

28 de agosto de 2025

Batman de Grant Morrison – Volume Dois

O segundo volume da celebrada saga de Grant Morrison continua a desbravar os territórios sombrios e inovadores do universo Batman. É editado em Portugal pela Devir, com 176 páginas, reunindo arcos como Three Ghosts of Batman e prelúdios para The Resurrection of Ra’s al Ghul

Colecta as edições das revistas BATMAN #664, #665 e #667 a #671, com a participação de artistas como Andy Kubert, J.H. Williams II e Tony S. Daniel reconhecidos pela sua criatividade na caracterização gráfica do Cavaleiro das Trevas

Este volume marca a transição de legado e identidade:

Após Final Crisis e Batman R.I.P., Bruce Wayne desaparece; Dick Grayson assume a capa enquanto Damian Wayne torna-se o novo Robin, trazendo tensão familiar e novíssimo dinamismo à vigilância urbana.

Em Three Ghosts of Batman, o herói é desafiado por refletores distorcidos do seu próprio ser — um thriller psicológico que joga com percepções de identidade.

A iminente ressurreição de Ra’s al Ghul inaugura uma nova era de caos e renovação para Gotham, ampliando a mitologia já consolidada da série.

Batman de Grant Morrison – Volume Dois é uma viragem emocionante na mitologia de Batman: suspense psicológico, reconfiguração dos mantos de heróis e ameaças renascentes. Entre fantasmas, ligações familiares e caos iminente, este volume promete redefinir Gotham de forma audaciosa e inesquecível.

Batman de Grant Morrison – Volume Dois, Colectivo, Devir, 176 pp., cor, capa dura, 20€

Crianças do mar #3

Crianças do Mar (Children of the Sea), de Daisuke Igarashi, é uma série que reflecte a profundidade mística e a ligação oceânica.

Neste volume, Ruka presencia o desaparecimento de Sora nas águas escuras — um acontecimento que a traumatiza profundamente. No entanto, algo mais persiste: o meteorito que Sora fez engolir não está em silêncio — sussurra dentro dela e a leva, junto a Umi e Anglade, a aventurar-se nas profundezas do oceano.

O terceiro volume de Crianças do Mar é um mergulho profundo numa narrativa que une ecologia, mito e a busca existencial. À medida que Ruka segue os sussurros do meteorito que carrega, o leitor é levado a desvendar memórias antigas e os laços que conectam os seus misteriosos amigos. A arte sublime de Igarashi e a sua ambição poética fazem deste volume uma experiência sensorial e filosófica memorável — especialmente para quem busca mangás que convidam à contemplação e à reflexão.

Crianças do mar #3, Daisuke Igarashi, Devir, 338 pp., p&b, capa mole, 20€

Boa noite, Punpun #4

O volume 4 de Boa Noite, Punpun marca um ponto de inflexão: a transição de criança para jovem adulto traz a solitude plena, a rotina fria e a chegada de Sachi, cujo aparecimento disruptivo muda o rumo de sua rotina. A obra respira candura, caos e a fragilidade humana.

Neste volume, Punpun passa a viver por conta própria, tentando escapar dos traumas familiares — o seu pai está ausente e a sua mãe morreu.

Punpun está em baixa total: trabalha em empregos precários, passa grande parte do tempo prostrado em seu quarto e parece incapaz de se reerguer emocionalmente. Contudo, o encontro com Sachi instiga um deslocamento abrupto na narrativa, introduzindo esperança, curiosidade e perturbadoras dinâmicas afectivas.

Boa noite, Punpun #4, Inio Asano, Devir, 448 pp., p&b, capa mole, 20€

27 de agosto de 2025

ASTÉRIX, OBÉLIX E IDEIAFIX CHEGAM À LUSITÂNIA EM 23/10/2025!

 


Oshi No Ko #4

O quarto tomo da série foi editado originalmente no Japão em Maio de 2021. Neste volume, os gémeos Aqua e Ruby começam a consolidar suas carreiras no showbiz.

Aqua participa num programa de reality show romântico, formando par com Akane Kurokawa.

Ruby prepara-se para a estreia do grupo B-Komachi, agora formado por ela, Aqua e a YouTuber Mem-cho, no prestigiado Japan Idol Fest.

Este volume encerra o arco do primeiro concerto, alinhando-se com o final da 1.ª temporada do anime — ideal para os leitores que queiram recuperar o ponto da história.

Oshi No Ko #4, Aka Akasaka e Mengo Yokoyari, Devir, 192 pp., p&b, capa mole, 9,99€€

26 de agosto de 2025

Jujutsu Kaisen #16: Incidente em Shibuya – Fechai o Portão

Este volume conclui o tenso e explosivo arco do Incidente de Shibuya, marcando um ponto de viragem decisivo na série.

Após consumir a alma de Mahito, Geto revela um plano maléfico aos protagonistas, despertando o ódio de Choso, que reconhece uma presença sinistra no corpo do seu aliado. A identidade desse feiticeiro maléfico, e a sua ligação com Choso, são reveladas — pondo tudo em causa.

Com Gojo preso, o suporte da sociedade dos feiticeiros cai por terra. O mundo mergulha no caos e na desordem, enquanto ninguém sabe se resistirá a esse colapso.

Jujutsu Kaisen #16: Incidente em Shibuya – Fechai o Portão, Gege Akutami, Devir, 192 pp., p&b, capa mole, 9,99€

Peças — Um Jogo de Vida, Amor e Cor

Peças, de Victor L. Pinel, publicado este mês pela Ala dos Livros, é uma novela gráfica que mistura drama, romance e reflexão existencial num retrato vívido das relações humanas. Com 176 páginas, capa dura e um visual cuidado, o livro apresenta uma história envolvente onde os protagonistas se entrecruzam como peças num tabuleiro de xadrez.

A narrativa começa com um encontro fugaz: ao entrarem num eléctrico, um jovem olha para uma mulher que se tornará inolvidável — uma paixão instantânea e evasiva. A história desenrola-se mostrando personagens cujas relações pessoais se encontram em crise: todos são como peças no xadrez da vida, cada um com seus movimentos e dilemas.

Os peões ponderam sacrificar algo importante para seguirem em frente;

Os bispos se cruzam sem conexão real;

O cavalo, embora livre para saltar por cima de obstáculos, permanece vulnerável, pois até ele pode ser derrubado por um simples peão,

Essa metáfora xadrezística serve para explorar temas como destino, fragilidade, desejo, isolamento e a busca humana por conexão — numa história que nos convida a refletir sobre como nos movimentamos nas complexas redes da vida.

Peças, Victor L. Pínel, Alas dos Livros, 176 pp., cor, capa dura, 27,50€

SpyxFamily #15

O presente volume traz-nos uma poderosa história paralela que ilumina o passado dos personagens Henry Henderson e Martha.

Devido à guerra entre Leste e Oeste, Henry e Martha separam-se sem nunca terem declarado os seus sentimentos. Martha alista-se no conflito e sobrevive por pouco a uma batalha sangrenta em Westalis. Agora, determinada, a sua única missão é retornar a Ostania — e, esperançosa, reencontrar Henry.

Este arco reforça o equilíbrio emocional da série, alternando o drama intenso e momentos de luz com a família Forger, e aprofunda personagens secundários muitas vezes negligenciados

Na capa, vemos Martha Marriott sentada numa cadeira de pavão, junto de uma mesinha com uma carta e uma xícara de chá — símbolos que remetem ao seu passado e caráter refinado. Os seus pés, na pose típica de bailarina, revelam indícios da sua formação e dos seus sonhos interrompidos.

SpyXFamily #15, Tatsuya Endo, Devir, 212 pp., p&b, capa mole, 9,99€  

25 de agosto de 2025

Ataque dos Titãs #8

O presente volume inicia logo após o fracasso da expedição além das muralhas, com a Titã Fêmea solta novamente, e a equipa de Eren gravemente abalada. Ele é chamado à corte real, enquanto Mikasa e Armin enfrentam dilemas sobre lealdade e amizade.

A narrativa culmina em grandes revelações: a identidade da Titã Fêmea é finalmente desvendada, e um segredo perturbador sobre a própria estrutura das muralhas de protecção da humanidade vem à tona — colocando em xeque tudo que era tido como certo.

Neste volume, Isayama eleva a série do mero survival horror a um enredo com profundidade política, mistério e moralidade ambígua. A transição narrativa é clara: a história, que até então girava em torno da sobrevivência, agora ganha camadas de conspiração institucional e reviravoltas sombrias.

Ataque dos Titãs #8, Hajime Isayama, Distrito Manga, 178 pp., p&b, capa mole,10,95€

Caderno Azul, de André Juillard

Se há obras que mudam a forma como olhamos para a banda desenhada, Caderno Azul (Le Cahier Bleu, no original francês) é uma delas. Publicada em 1994 na prestigiada colecção Aire Libre, da editora Dargaud, este álbum tornou-se um clássico imediato e deu a André Juillard o prémio Alph-Art de Melhor Álbum em Angoulême (1995).

O enredo começa de forma quase banal: Arno, um jovem pianista, observa pela janela a sua vizinha, Louise. Fascinado por ela, passa a anotar no seu caderno azul tudo o que sente, pensa e imagina.

O que poderia ser apenas um diário romântico transforma-se numa narrativa ambígua, em que realidade e desejo se confundem. O leitor nunca tem a certeza do que aconteceu de facto e do que pertence apenas ao mundo íntimo de Arno.

É precisamente aí que Juillard nos prende: na fronteira entre o visto e o imaginado.

Juillard já era conhecido como mestre do desenho realista, mas em Caderno Azul atinge uma subtileza rara, apresentando xxpressões delicadas revelam emoções que muitas vezes as palavras não dizem, conjugando com cores suaves e composições limpas criam um ambiente intimista. Juillard torna o leitor sente-se cúmplice, quase voyeur, como se também estivesse a espreitar pela janela.

O Caderno Azul é complementado com Depois da Chuva, outra história inesperada e envolvente de amor e mistério, que absorve o leitor até às páginas finais do livro.

Caderno Azul, André Juillard, Devir, 144 pp., cor, capa dura, 22€

22 de agosto de 2025

“O Verão em que Hikaru morreu” – Quando a amizade encontra o sobrenatural

Imagine um verão comum numa vila rural japonesa, dois amigos inseparáveis, e um segredo perturbador: Hikaru saiu para uma caminhada nas montanhas… e voltou diferente. Ele parece o mesmo — rosto, voz, memórias —, mas não é mais o Hikaru verdadeiro. Yoshiki, o seu melhor amigo, tem apenas uma escolha: enfrentar a entida­de que assumiu o lugar de Hikaru e lidar com uma amizade marcada pela incerteza e pelo medo.

A obra do japonês Mokumokuren (O nome significa "olhos múltiplos" ou "olhos contínuos". Os Mokumokuren são descritos como inúmeros olhos que aparecem em buracos em shōji danificados, ou até em paredes) traz-nos um suspense emocional, em que o terror não vem de sustos, mas da sensação perturbadora de que alguém amado mudou — e pode não ser humano.

O anime estreou em Julho de 2025, animada pelo estúdio CygamesPictures e está disponível na Netflix.

O Verão em que Hikaru morreu, Mokumokuren, Editorial Presença, 184 pp., p&b, capa mole, 11,90€

17 de agosto de 2025

Coleção 25 Imagens #6: Nachave, de Lucas Harari

Editada em Outubro de 2022 pelas Éditions Martin de Halleux, Nachave integra a colecção 25 Imagens da Levoir e do jornal Público.  Tratam-se de narrativas curtas, em preto e branco, sem texto e com apenas 25 ilustrações — o clássico “romance sem palavras” moderno.

Lucas Harari, nascido em Paris em 1990, estudou arquitectura antes de se formar em imagem impressa na Arts Décoratifs de Paris em 2015. Iniciou a carreira com fanzines e estreou-se no universo das bandas desenhadas com L’Aimant (2017), seguindo-se La Dernière rose de l’été (2020) e, mais recentemente, Le cas David Zimmerman (2024).

O termo Nachave vem do romani manouche e significa, em argot, “vai-te embora, foge, parte” — uma conjunção de ordem, ansiedade e urgência que antecipa o clima da história.

Em apenas 25 pranchas, Harari usa a linguagem da imagem para relatar uma jornada trágica: um adolescente marginalizado na periferia, confrontado com o abandono e a invisibilidade, tenta escapar de um destino que lhe chega cedo demais. A ausência de texto convida o leitor a mergulhar nas emoções e atmosferas visuais — com luzes cruas e sombras densas — e a construir o significado cena a cena.

O traço de Harari, limpo e expressivo, acentua o contraste entre obliquidade e profundidade. As composições remetem-nos aos cenários que marcaram a sua infância em zonas urbanas periféricas e ecoam um estilo noir urbano cheio de tensão visual.

Coleção 25 Imagens #6: Nachave, Lucas Harari, Levoir, 30 pp., p&b, capa dura, 13,90€



14 de agosto de 2025

Casemate #193

Já se encontra disponível o número de Agosto/Setembro da revista francesa Casemate. Eis o seu sumário:

P.6-10 Jack Palmer renaît grâce à Larcenet, sous le regard de Pétillon fils
P.12-14 Vitkine se frotte aux triades et à ses redoutables têtes de dragon
P.16-20 Ulis, une odyssée en milieu scolaire auprès d’enfants en difficulté
P.22-24 Journorama, revue de presse de l’actu BD
P.26-28 L’Écho des Rézos, le meilleur de Facebook, X, Bluesky, Instagram…
P.32-37 Trondheim et Biancarelli remontent le temps dans Green Witch Village (+4 planches)
P.38-43 L’Ogre terrible de Dufaux et Landa, au service de Jeanne d’Arc (+4 planches)
P.44-49 Ferrandez ravive les Orients perdus de Napoléon Bonaparte (+4 planches)
P.50-59 L’Undertaker de Dorison et Meyer joue à la roulette russe avec les fanatiques (+4 planches)
P.60-69 Une sélection de 25 BD à découvrir en septembre
P.70-75 Agenda : les 332 sorties de septembre, les festivals et les expos
P.76-79 À l’origine des républiques bananières, avec Manini et Park (+2 planches)
P.80-85 Micol transforme le Louvre en vaisseau spatial dans Mimésia (+4 planches)
P.86-91 Fauvel multiplie les nus masculins pour Les Yeux d’Alex (+4 planches)
P.92-95 Alessandra sur les traces de Rimbaud et de son ultime poème
P.96-97 Robin rejoint les pirates patibulaires de N. C. Wyeth
P.98 Le courrier du mois à la loupe

Casemate #193, aout-septembre 2025, 100 pp., 9,95€

12 de agosto de 2025

Colecção 25 Imagens: A Restauração

Nina Bunjevac nasceu em 1973 em Welland, Ontário (Canadá), de pais sérvios oriundos da então Jugoslávia. Com apenas dois anos, muda-se com a mãe e uma irmã para Zemun, na Jugoslávia, para escapar a um ambiente familiar conturbado. O seu pai, um nacionalista sérvio radical, morre tragicamente num acidente em Toronto, relacionado com a explosão de uma bomba que estava a montar.

Em 1990, regressou ao Canadá, onde frequenta a Central Technical School em Toronto e forma-se em Desenho e Pintura pela OCAD em 1997.

Inicialmente pintora, escultora e professora de arte, Bunjevac redescobre a sua paixão pela BD em 2004. A narrativa em arte serve de ponte para a criação de bandas desenhadas em tinta-da-china, revelando-se o formato ideal para as suas histórias intensas e expressivas.

Dentro da sua bibliografia, destaca-se:

Heartless (2012): A sua estreia editorial ganhou o prémio Doug Wright, na categoria de melhor estreia;

Fatherland (2014): Uma obra autobiográfica aclamada internacionalmente, integrada na lista de best-sellers do New York Times, vencedora do Doug Wright Award para Melhor Livro.

Bezimena (2018/19): Uma narrativa sombria, que combina o mito grego de Ártemis com experiências pessoais traumáticas, distinguida em Angoulême, com os prémios Artemisia (desenho) e Best Book Jury Prize em Lucca. O seu traço é notável pelo uso de “stippling” — hachuras muito densas e precisas — que conferem profundidade emocional e densidade visual às suas narrativas.

As suas histórias abordam experiências autobiográficas, violência, identidade, patriarcado e trauma, muitas vezes sob uma perspectiva feminista e provocadora.

Numa viragem significativa, Nina deixou o Canadá — onde enfrentava dificuldades económicas e falta de retorno financeiro — e muda-se para Niš, na Sérvia, onde encontra condições mais favoráveis para viver e trabalhar, beneficiando de apoios e custos de vida mais baixos.

Além disso, envolveu-se num novo projeto: a criação de um baralho de Tarot com respetivo livro-guia, através do qual explora simbolismo, auto-reflexão e misticismo — um formato que revelou ser mais gratificante e rentável do que a bandeja tradicional.

A obra que apresenta nesta colecção é um álbum muito pessoal sobre uma ferida de infância, mergulhando nas suas memórias, relatando graficamente a violência de sua mãe.

Coleção 25 Imagens #5: A Restauração, Nina Bunjevac, Levoir, 32 pp., p&b, capa dura, 13,90€

8 de agosto de 2025