Três irmãos, enquanto limpavam o sótão da casa da mãe falecida em São Francisco, encontraram uma caixa de cartão coberta de pó, jornais antigos e teias de aranha. Lá dentro, repousavam silenciosamente algumas raridades que tinham pertencido à família desde os anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Entre elas, estava aquele que viria a tornar-se o exemplar de BD mais caro alguma vez leiloado.
A descoberta não foi totalmente inesperada: a mãe sempre lhes dissera que tinha uma coleção de banda desenhada valiosa, mas nenhum deles a tinha visto. Só quando decidiram preparar a casa para venda é que resolveram explorar a cave e o sótão em busca de memórias familiares — e o que encontraram superou qualquer expectativa.
O vice-presidente de banda desenhada da Heritage Auctions, Lon Allen, voou até São Francisco quando recebeu a mensagem dos irmãos. O especialista confirmou que estavam perante um raro exemplar de Superman nº 1 (1939), lançado originalmente pela Detective Comics Inc. Uma revista que não só marcou o início da era dourada dos super-heróis, como ajudou a cimentar o Homem de Aço como primeiro grande ícone pop do género.
Allen sublinha o quão improvável foi a sobrevivência da revista:
“Poderia facilmente ter sido deitada fora ou destruída de mil maneiras. Estava simplesmente numa caixa no sótão.”
O clima frio do norte da Califórnia desempenhou um papel crucial na preservação do objecto, mantendo intactos a lombada, as cores vibrantes e até os cantos — um feito raro para uma edição com mais de 80 anos.
Um pequeno anúncio no interior da revista permitiu aos especialistas confirmar que se tratava de um exemplar da primeira impressão, originalmente composta por 500.000 unidades. Estima-se que menos de 500 tenham sobrevivido até aos dias de hoje.
O recorde anterior para a BD mais valiosa tinha sido estabelecido no ano passado com um exemplar de Action Comics nº 1, vendido por 6 milhões de dólares. Em 2022, outro Superman nº 1 tinha alcançado 5,3 milhões. Os números falam por si: o Homem de Aço continua a voar alto no mundo dos coleccionadores.
Os três irmãos, que preferiram manter o anonimato — tal como o comprador — destacaram o lado emocional desta descoberta.
“Nunca se tratou apenas de um item de colecção. É um testemunho de memória, família e das formas inesperadas como o passado encontra uma forma de voltar até nós.”
Uma história de fortuna, acaso e preservação — e um lembrete perfeito para qualquer leitor ou coleccionador: nunca subestimar o que pode estar escondido no sótão.


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