A acção decorre em Paris nos anos 1920, num cenário onde o fantástico e o absurdo se misturam com crítica social e política. Uma estranha epidemia transforma pessoas em vacas após consumirem determinados produtos farmacêuticos e bebidas “milagrosas” criadas pelo sinistro doutor Chou. Paralelamente, surgem clones de Adèle, usados como instrumentos explosivos em jogos de poder e manipulação — um enredo que combina sátira, humor negro e ironia à maneira de Tardi.
Visualmente, o álbum mantém o traço detalhado e expressivo do autor, recriando um Paris entre guerras povoado por figuras grotescas, cientistas loucos e políticos sem escrúpulos. Tardi continua a explorar temas como a ciência descontrolada, o fanatismo ideológico e a condição feminina, sempre com uma mordacidade irresistível.
Embora a crítica tenha recebido o livro com opiniões diversas — alguns elogiaram o regresso de Adèle e o tom subversivo, enquanto outros apontaram um certo desequilíbrio narrativo —, O Bebé das Buttes-Chaumont é um encerramento digno e coerente de uma série que marcou gerações de leitores.
Tardi despede-se de Adèle Blanc-Sec sem concessões, fiel ao seu espírito rebelde e inconformista. Uma conclusão que é, ao mesmo tempo, uma homenagem à personagem e ao próprio imaginário da banda desenhada europeia.


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