15 de outubro de 2025

Kaiju Nº 8 #9: Preparar para a Catástrofe

Este nono volume de Kaiju Nº 8 continua a desenrolar os preparativos da Força de Defesa do Japão face a ameaças kaiju cada vez mais intensas, ao mesmo tempo que aprofunda os conflitos internos e os dilemas dos personagens. 

No presente tomo Reno torna-se o primeiro utilizador compatível do Kaiju Nº 6 na história, o que o coloca numa posição inédita de poder e responsabilidade.  Por outro lado, Kafka Hibino continua o seu treino sob orientação de Hoshina, aprendendo técnicas de combate em esquadrão, algo que vai muito além do seu papel anterior como responsável pela limpeza no campo de batalha. 

Kikoru ganha autorização de Narumi para herdar uma arma poderosa que pertencia à sua mãe — um momento que ressoa emocionalmente, ligando passado e legado. Também paira sobre todos o espectro do Kaiju Nº 9, cuja ameaça cresce e obriga a Força de Defesa a se reorganizar, treinar, preparar-se para algo que pode ser catastrófico.   

Kaiju Nº 8 chega num momento em que temas como crise climática, desastres naturais e deslocações (físicas ou morais) assumem cada vez mais relevância. Ver “monstros gigantes” atacar terrenos humanos é uma metáfora potente – para quem vive num país que já sente os efeitos ambientais ou extremos climáticos, isso pode ressoar.

A noção de “defender” terras ameaçadas, de enfrentar algo que parece maior do que nós, ou “preparar-se para o pior” através de cooperação, treino, sacrifício — esses são temas universais, mas que ganham significado diferente num contexto português, onde há debates sobre resiliência, desastre natural (incêndios, cheias), responsabilidade coletiva.

Também o legado, a herança, a memória são conceitos muito presentes na cultura portuguesa – pensar em família, nas gerações anteriores, no peso da história. Momentos como o de Kikoru herdar algo da mãe trazem uma ressonância extra num leitor português que valoriza esse elemento identitário.

No campo da banda desenhada/manga, Kaiju Nº 8 representa bem o que muitos leitores procuram: acção bem construída, monstros, visuais fortes, mas também personagens com motivações reais, dilemas morais – não só “lutar para vencer”, mas “lutar para preservar”, “lutar para ser quem sou”.

Kaiju Nº 8 #9, Naoya Matsumoto, Devir, 192 pp., p&b, capa mole, 9,99€




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