Antes de entrarmos em El Diablo, o novo álbum de Alexis Nesme e Lewis Trondheim, convém regressar a um lugar que, apesar de inexistente nos mapas, é central no imaginário da série: a Palômbia.
Mais do que um simples cenário exótico, a Palômbia é um dispositivo narrativo e político, criado por André Franquin nos anos 1950, que continua a ser reutilizado, reinterpretado e atualizado por autores contemporâneos.
A Palômbia é um país fictício situado na América do Sul, caracterizado por uma selva tropical abundante, cidades precárias e contrastantes, uma instabilidade política crónica com sucessivos golpes de Estado, palco de ditadores caricaturais, mas inquietantemente plausíveis.
Desde a sua criação, a Palômbia funciona como uma síntese satírica das chamadas “repúblicas das bananas”, permitindo aos autores falar de autoritarismo, corrupção, populismo e ingerência estrangeira sem apontar directamente a um país real.
A Palômbia é também o território de origem do Marsupilami, criatura mítica da BD europeia.
Em El Diablo, Nesme e Trondheim regressam à Palômbia, antes do próprio país existir, não como homenagem nostálgica, mas como território narrativo plenamente funcional.
Ler El Diablo sem conhecer a Palômbia é possível. Agora podemos saber a origem do seu nome: José Palombo, o protagonista desta história.


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