Edgar Pierre Jacobs faleceu a 20 de Janeiro de 1987, a um mês de contar 77 anos de idade.
Jacobs desde muito cedo se entusiasma pela música e pelo desenho. Contudo, até entrar no mundo do desenho, Jacobs desdobrou-se em vários ofícios, como desenhador de jóias e retocador de fotografias. Com apenas 15 anos, começa a colaborar em trabalhos publicitários, desenhando vários catálogos para grandes armazéns da época, como Le Bon Marché ou o Lê Grand Bazar.
Mas a outra paixão do criador de Blake & Mortimer começava a despontar e em 1921 inicia-se no teatro como figurante do Théâtre Royal de la Monnaie e, mais tarde, como lírico na Opéra de Lille.
A actividade de ilustrador era muito intensa, levando Jacobs a abandonar a arte da ópera no ano de 1940. Um ano depois, é convidado pela revista Bravo a desenhar as aventuras de Gordon l'Intrépide (o Flash Gordon de Alex Raymond), cujas pranchas não chegam à Bélgica ocupada. Porém, semanas mais tarde, os alemães proíbem a série, obrigando Jacobs a criar a sua primeira grande obra: "O raio U" (1941), uma epopeia de ficção cientifica.
Segue-se uma intensa colaboração com ilustrações em vários jornais e revistas, como A.B.C., Lutin, Bimbo, etc.
Em 1944, Hergé contrata-o para desenhador e colorista, trabalhando na transformação dos primeiros episódios de Tintin (Tintin no Congo, Tintin na América, Lótus Azul e o Ceptro de Ottokar), agora coloridos e limitados a 62 páginas.
Em Setembro de 1946, nasce uma das mais emblemáticas revistas da BD franco-belga: Tintin. Jacobs é um dos primeiros timoneiros deste projecto de Raymond Leblanc, criando o primeiro episódio da série Blake & Mortimer, "O Segredo do Espadão", em mais uma incursão na ficção cientifica. São dele as mais belas capas da revista, ilustrando também a famosa "A Guerra dos Mundos" de H. G. Wells. Em 1947, abandona a colaboração com Hergé e dedica-se exclusivamente às aventuras da famosa dupla britânica até à sua morte em 1987. Paralelamente, refaz a sua obra "O raio U" para versão álbum (1973) e escreve as suas memórias (Un opéra de papier) com a ajuda de Pierre Lebedel.
Abandona a editora Lombard e cria a Editions Blake et Mortimer, revendo todos os álbuns já editados, com novas cores e legendas. A sua última aventura de Blake & Mortimer (o segundo tomo de "As três fórmulas do professor Sato") fica inacabada, devido à sua saúde (doença de Parkinson), sendo Bob de Moor a terminá-lá.
Ao contrário de Hergé, Jacobs permite que após a sua morte as aventuras de Blake & Mortimer prossigam (com Jean Van Hamme, Ted Benoît e Yves Sente), continuando com igual sucesso, apesar da qualidade dos seus argumentos sentir a falta do seu criador.
Em Portugal, está editada toda a obra de Jacobs, com álbuns da Livraria Bertrand, Meribérica, Asa e uma luxuosa colecção do jornal Público, além de episódios nas revistas Titã (pioneira no lançamento da série Blake & Mortimer), Cavaleiro Andante, Foguetão, Nau Catrineta (suplemento do Diário de Notícias), Tintin e Selecções BD. A história completa «O segredo de Toutankamon» foi publicada no Pim-Pam-Pum (suplemento do Diário Popular), no Mundo de Aventuras Especial e nas Selecções Tintin. O Boletim do Clube Português da BD publicou uma pequena biografia em BD de Edgar Pierre Jacobs, intitulada «E.P.Jacobs: o desenhador vocalista» da autoria de Dino Attanasio.
A preservação da obra da Edgar Pierre Jacobs é feita pela Fondation Jacobs e pela associação "Les Amis de Jacobs", que semestralmente lança uma revista de estudos sobre o autor. Aproveitando o sucesso da série Blake & Mortimer, a Hachette está a editar quarenta fascículos e outras tantas miniaturas das viaturas e objectos fantásticos da série.
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