O enredo começa de forma quase banal: Arno, um jovem pianista, observa pela janela a sua vizinha, Louise. Fascinado por ela, passa a anotar no seu caderno azul tudo o que sente, pensa e imagina.
O que poderia ser apenas um diário romântico transforma-se numa narrativa ambígua, em que realidade e desejo se confundem. O leitor nunca tem a certeza do que aconteceu de facto e do que pertence apenas ao mundo íntimo de Arno.
É precisamente aí que Juillard nos prende: na fronteira entre o visto e o imaginado.
Juillard já era conhecido como mestre do desenho realista, mas em Caderno Azul atinge uma subtileza rara, apresentando xxpressões delicadas revelam emoções que muitas vezes as palavras não dizem, conjugando com cores suaves e composições limpas criam um ambiente intimista. Juillard torna o leitor sente-se cúmplice, quase voyeur, como se também estivesse a espreitar pela janela.
O Caderno Azul é complementado com Depois da Chuva, outra história inesperada e envolvente de amor e mistério, que absorve o leitor até às páginas finais do livro.
Caderno Azul, André Juillard, Devir, 144 pp., cor, capa dura, 22€
Sem comentários:
Enviar um comentário