6 de outubro de 2025

Corpo de Cristo, de Bea Lema — o peso da memória e o amor que cura

Corpo de Cristo é uma novela gráfica autobiográfica criada por Bea Lema (A Coruña, 1985), editada originalmente em galego como O Corpo de Cristo e agora publicada em português pela Iguana, com tradução de Maria Mata

Bea Lema conta a história da sua infância em contacto com uma realidade que muitos preferem esquecer ou ignorar: a doença mental da sua mãe. Quando Vera, a protagonista, era pequena, a sua casa era assombrada por aquilo que a mãe acreditava serem demónios. Sessões de exorcismo até ela ficar de cama, depois psiquiatria, superstições que vão cedendo lugar ao diagnóstico… Mas a transição não é linear, nem limpa. O sofrimento, as excentricidades, o estigma social, o abandono, o amor — tudo isso convive de formas incómodas e poderosas.  

Através dos olhos de Vera, a narrativa explora também as expectativas impostas às mulheres — o papel da filha, da mãe, da esposa — numa sociedade católica, pobre, patriarcal.

O que torna Corpo de Cristo particularmente marcante é não só o conteúdo, mas como Bea Lema escolhe contá-lo.

Corpo de Cristo não ficou despercebido na opinião pública, sendo distinguido com o Premio Nacional de Cómic de Espanha em 2024, tendo vencido, em 2017, o XII Prémio Castelao de Banda Deseñada da Deputación da Coruña

Ao terminar Corpo de Cristo, não ficam apenas imagens ou cenas fortes — o que permanece é uma sensação de presença. Do silêncio, das vozes que cochicham na casa, do corpo que adoecer, do amor que cuida. Fica uma pergunta: como carregamos as verdades que nos moldaram?

Também fica uma esperança, discreta, mas clara. Que reconhecer, nomear, contar — mesmo que com dor — possa ser parte de cura. Que empatia e cuidado sejam meios ativos de relação nesta realidade.

Corpo de Cristo, Bea Lema, Iguana, 184 pp., cor, capa mole, 20,45€

Grão-Mestre do Demonismo #5

Wei Wuxian, movido pela determinação e pela dor, recorre ao poder da Empatia para desvendar a misteriosa causa da morte de Xiao Xingchen. Nesta busca, somos transportados ao passado, a um período de paz frágil: Xiao Xingchen encontrava refúgio no campo, onde conhece A-Jing e desfruta de uma calmaria que parece utópica. 

Essa serenidade é entretanto brutalmente interrompida quando salvam um homem gravemente ferido — Xue Yang, figura que traz consigo charmes e segredos sombrios. Ele vai infiltrando-se na vida do grupo, semeando mentiras, manipulações e preparando o terreno para um confronto que envolverá amizade, rivalidade, lealdades antigas e traições. 

Grão-Mestre do Demonismo #5, Luo Di Cheng Qiu e Mo Xiang Tong Xiu, Editorial Presença, 224 pp., p&b, capa mole, 16,90€


O indispensável de Snoopy

O universo da banda desenhada não seria o mesmo sem Snoopy, o famoso cão beagle criado por Charles M. Schulz. Desde a sua primeira aparição em 1950, Snoopy evoluiu de um cão aparentemente comum para uma das personagens mais ricas, complexas e adoradas da história da cultura popular.

Snoopy surgiu a 4 de Outubro de 1950 na tira Peanuts. Inicialmente, era apenas o cão de Charlie Brown, desenhado de forma simples e comportando-se como um animal de estimação tradicional. No entanto, Schulz rapidamente percebeu o potencial da personagem e, ao longo da década de 1950, começou a dotá-lo de uma vida interior e de uma imaginação que se tornariam a sua marca registada.

Com o tempo, Snoopy deixou de ser apenas um cão e tornou-se um verdadeiro protagonista da tira cómica. A sua personalidade multifacetada cativou leitores de todas as idades:

Sonhador e imaginativo: Snoopy é conhecido pelas suas fantasias, nas quais assume papéis variados — desde aviador na Primeira Guerra Mundial até escritor, advogado ou dançarino.

Independente: raramente age como um “cão obediente”. Snoopy é dono de si, vive de acordo com as próprias regras e nunca perde a sua liberdade.

Divertido e irónico: o humor nasce muitas vezes da sua visão peculiar do mundo e das situações absurdas que cria com a sua imaginação.

Leal à sua maneira: embora egocêntrico, demonstra carinho e fidelidade a Charlie Brown e aos amigos quando mais precisam.

Criativo: adora escrever histórias (que quase sempre começam com “Era uma vez numa noite escura e tempestuosa…”), dançar ou encenar aventuras impossíveis.

Carismático e confiante: ao contrário de Charlie Brown, inseguro e melancólico, Snoopy transborda autoconfiança e estilo.

Neste volume comemorativo, celebra-se os 75 anos dos Peanuts com uma selecção das melhores tiras protagonizadas pelo Snoopy e os seus inseparáveis companheiros — Charlie Brown, Woodstock, Linus, Lucy, Sally e tantos outros. Organizadas por décadas, estas tiras dão-nos o prazer de reencontrar as múltiplas facetas do Snoopy: o ás da aviação da Primeira Guerra Mundial, o escritor fracassado de máquina em riste, o amigo fiel (mas nem sempre obediente), o filósofo do alto do telhado da sua casota.

O indispensável de Snoopy, Charles M. Schulz, Iguana, 384 pp., p&b, capa dura, 30,95€



Um Homem em Declínio

Um Homem em Declínio é talvez a obra mais conhecida de Osamu Dazai, publicada em 1948, pouco antes do suicídio do autor. 

A obra é um romance semiautobiográfico de Osamu Dazai, considerado o Dostoiévski japonês, troca o seu cenário original pré-guerra pelo admirável mundo novo dos anos 1920 nesta adaptação do enfant terrible da manga. 

Retratando-se como um fracasso, o protagonista desta obra narra uma vida aparentemente normal, apesar de se sentir incapaz de compreender os seres humanos. As tentativas de Oba Yozo de se reconciliar com o mundo ao seu redor começam na infância, continuam na adolescência, em que se torna um «palhaço» para mascarar a sua alienação, e eventualmente levam a uma tentativa frustrada de suicídio na idade adulta. Sem sentimentalismos, Yozo regista as crueldades casuais da vida e os seus momentos fugazes de conexão humana e ternura.

Um Homem em Declínio, Usamaru Furuya, Distrito Manga, 608 pp., p&b, capa mole, 23,95€

3 de outubro de 2025

"Astérix na Lusitânia" é apresentada pelos autores no dia 27 em Lisboa

Os heróis gauleses mais famosos do mundo vão finalmente pisar terras lusitanas! O novo álbum de banda desenhada “Astérix na Lusitânia” será apresentado em Lisboa no próximo dia 27 de Outubro, no espaço cultural do El Corte Inglês, com a presença dos autores Fabcaro (argumentista) e Didier Conrad (desenhador). O evento contará ainda com a apresentação do humorista Hugo van der Ding.

A obra chega às livrarias portuguesas e ao mercado internacional já no dia 23 de Outubro, publicada em simultâneo em 19 línguas e dialectos. Este é o 41.º volume da série criada por René Goscinny e Albert Uderzo, que, desde 1959, conquistou gerações de leitores em todo o mundo.

Pela primeira vez, Astérix e Obélix viajam até à antiga Lusitânia, trazendo consigo não só a habitual resistência ao Império Romano, como também referências à História e cultura portuguesas.

Na capa, os gauleses aparecem a subir uma rua de calçada portuguesa, ladeada por casas coloridas, com um rio ou mar ao fundo, repleto de embarcações – uma clara homenagem à paisagem e identidade de Portugal.

Segundo o argumentista Fabcaro, a escolha do nosso país para cenário desta aventura não foi por acaso:

Procurei um destino onde os nossos amigos nunca estiveram, mas também um sítio onde eu quisesse mergulhar enquanto escrevia. Queria um álbum ensolarado, luminoso, num país mediterrânico que remetesse para férias.

Nesta nova história, regressa também uma personagem que os leitores mais atentos recordarão de “O Domínio dos Deuses” (1971): um antigo escravo lusitano que vem pedir ajuda aos intrépidos gauleses.

A expectativa em torno do lançamento é enorme: a tiragem mundial será de cinco milhões de exemplares, dos quais 80.000 chegam a Portugal. Até ao final de setembro, 2.000 exemplares já estavam reservados em pré-venda.

A série Astérix já vendeu mais de 400 milhões de livros em todo o mundo, tornando-se um dos maiores fenómenos da banda desenhada. Criado em 1959, o pequeno gaulês de bigode e o inseparável Obélix continuam a resistir às legiões de Júlio César com a ajuda da poção mágica do druida Panoramix — e agora trazem essa energia para o coração da Lusitânia.

Datas importantes:

13 de Outubro: apresentação oficial em Paris com os autores.

23 de Outubro: lançamento mundial do álbum.

27 de Outubro: apresentação em Lisboa, no El Corte Inglés, com Fabcaro, Didier Conrad e Hugo van der Ding.


30 de setembro de 2025

Entradas na minha biblioteca de BD no mês de Setembro de 2025

 





Impenetrável, de Alix Garin

Alix Garin, autora belga jovem, oferece-nos com Impenetrável (Impénétrable, 2024) um testemunho brutalmente honesto sobre dor, vulnerabilidade, sexualidade e cura.

No centro da narrativa está o vaginismo — um distúrbio sexual caracterizado pela incapacidade de penetração, acompanhado de dor física ou angústia —, que Alix sofreu durante cerca de dois anos.

A partir dessa experiência pessoal, Impenetrável mostra o seu percurso para reconquistar o corpo e, com ele, o desejo. Não é apenas um registo de sofrimento: é também uma viagem de auto-descoberta, de reconstrução emocional, de confrontar o passado, as normas sociais, a culpa e a solidão. 

A obra divide-se mais ou menos em duas grandes partes: a parte de “sofrimento/estagnação” — onde Alix revela o impacto físico e psíquico do vaginismo — e a parte de “cura/avançar”, com tentativas de diálogo, tratamento, enfrentamento de expectativas pessoais e sociais.

O estilo gráfico de Alix Garin é intimista; ela não busca efeitos chocantes ou exagerados, mas sim construir uma narrativa delicada, que torna visíveis os estados emocionais: angústia, vergonha, desejo, medo, esperança. As cenas de silêncio, o traço expressivo nos rostos, e a forma como o “interior” da personagem se manifesta (memórias, dúvidas, pensamentos) são centrais. 

Impenetrável é uma obra corajosa — uma novela gráfica que não apenas relata dor, mas mostra o caminho para recuperar o corpo, o desejo, e a própria voz. Alix Garin oferece muito mais do que uma autobiografia dolorosa: oferece esperança, autenticidade, e uma chamada à empatia. É leitura recomendada para quem procura obras que desafiam silêncios, elevam vozes invisibilizadas e renovam o sentido de que o corpo também conta a história da alma.

Impenetrável, Alix Garin, ASA, 304 pp., cor, capa mole, 32,90€

29 de setembro de 2025

One Piece #10 – Wyper, o demónio da guerra

A aventura em Skypiea continua a aquecer neste 10.º volume de One Piece publicado em Portugal. O título, Wyper, o demónio da guerra, já dá o tom: aqui entramos de cabeça no conflito entre os guerreiros Shandia, os habitantes do céu e, claro, os Chapéus de Palha que se meteram no meio desta confusão..

Neste volume, Oda mostra todo o peso do passado de Skypiea e a luta dos Shandia pela sua terra. Wyper é o grande destaque: impetuoso, destemido e sem medo de arriscar tudo, ele encarna a revolta de um povo contra a opressão. A alcunha de “demónio da guerra” não é gratuita — a sua presença em batalha é quase avassaladora, e cada página com ele carrega intensidade.

Ao mesmo tempo, Luffy e a sua tripulação vão aprofundando os mistérios da ilha do céu. O tom de aventura mantém-se leve em alguns momentos, mas há um peso crescente no ar: a história de Skypiea não é apenas uma luta de territórios, é também sobre memória, sacrifício e liberdade.

Oda equilibra bem o humor típico dos Chapéus de Palha com cenas de acção épicas. É neste contraste que One Piece se torna tão viciante: conseguimos rir com Usopp e Chopper num momento, e logo a seguir sentir a tensão de uma guerra antiga que está prestes a explodir.

Se a saga de Skypiea começou em tom quase mítico, este 10.º volume mostra que há muito mais em jogo do que tesouros escondidos ou aventuras no céu. É aqui que percebemos que One Piece é, acima de tudo, uma história sobre sonhos, justiça e a luta de cada povo pela sua liberdade.

One Piece #10: Wyper, o demónio da guerra, Eiichiro Oda, Devir, 588 pp., p&b, capa mole, 23€

Betty Bum: Uma série cheia de imaginação e encanto

A Bertrand Editora lançou os dois primeiros volumes de Betty Bum (Betty Boum no original francês), uma série de banda desenhada infantil, criada pelas autoras Chiara Baglioni (ilustrações) e Capucine Lewalle (argumento). Publicada pela coleção Mini BD Kids, da editora BD Kids (do grupo Bayard Jeunesse), a série conta actualmente com três volumes.

Betty Boum destaca-se por trazer a energia e curiosidade típicas da infância ao mundo da BD. Com uma heroína cativante de apenas seis anos, capaz de transformar o quotidiano em aventura, cada álbum é uma aposta segura para os leitores que ainda guardam frescor no olhar. Chiara Baglioni e Capucine Lewalle criaram um universo que celebra a imaginação e o interrogação com leveza e criatividade — o verdadeiro abraço da infância em forma de banda desenhada.

Betty Bum, Tomo 1 – Quero lá saber! e Tomo 2 – Votem por mim!, Chiara Baglioni e Capucine Lewalle, Bertrand Editora, 48 pp., cor, capa mole, 9,90€ cada

28 de setembro de 2025

A Bela Casa do Lago #2

O segundo volume de A Bela Casa do Lago, editado em português pela Devir, mergulha-nos ainda mais fundo no mistério criado por James Tynion IV. Se o primeiro livro nos apresentou o grupo de amigos e a surpreendente revelação de que aquela casa isolada no lago seria o último refúgio da humanidade, aqui a narrativa torna-se mais densa, mais claustrofóbica… e muito mais emocional.

A convivência forçada entre personagens tão diferentes revela segredos, ressentimentos e dilemas morais que colocam à prova o que significa ser humano quando o mundo inteiro desapareceu. O argumento de Tynion IV é certeiro ao explorar não apenas o horror do desconhecido, mas também as fragilidades e falhas de cada pessoa dentro da casa.

A arte de Álvaro Martínez Bueno continua magnífica — detalhada, expressiva e capaz de alternar entre a beleza tranquila da paisagem e a inquietação crescente entre os personagens. Já as cores de Jordie Bellaire dão vida à tensão psicológica: contrastes fortes, paletas que oscilam entre o acolhedor e o perturbador, refletindo perfeitamente os estados de espírito da história.

Este segundo volume confirma A Bela Casa do Lago como uma das séries mais inteligentes e impactantes da BD atual. Não é apenas uma história de fim do mundo, mas uma reflexão sobre amizade, confiança e o que fazemos quando confrontados com o fim inevitável.

Para quem gostou do primeiro volume, este é leitura obrigatória — e aviso já: o desfecho deixa-nos a roer as unhas para o próximo.

A Bela Casa do Lago #2, James Tynion IV, Álvaro Martínez Bueno e Jordie Bellaire, Devir, 184 pp., cor, capa dura, 20€

27 de setembro de 2025

Chainsaw Man #12 – O início da segunda parte

O volume 12 de Chainsaw Man, editado em português pela Devir, marca um ponto de viragem na série de Tatsuki Fujimoto. Depois de um final explosivo na primeira parte, esta nova etapa abre portas a novos personagens, novos dilemas e uma atmosfera ainda mais imprevisível.

Neste volume, conhecemos Asa Mitaka, uma estudante aparentemente comum que carrega dores muito humanas — solidão, ressentimento e o peso de não se sentir integrada. É a partir dela que o enredo se reconfigura: Denji continua presente, mas a perspectiva muda, trazendo um olhar fresco sobre o universo de Chainsaw Man.

Fujimoto mantém a sua marca registada: uma narrativa que mistura violência brutal, humor inesperado e uma sensibilidade quase poética para explorar as fragilidades humanas. Entre monstros grotescos e cenas de acção intensas, há espaço para reflectir sobre identidade, desejo e as contradições de crescer num mundo caótico.

Se os primeiros 11 volumes nos prenderam pela intensidade quase anárquica de Denji e da sua luta como Chainsaw Man, o volume 12 prova que Fujimoto ainda tem muito para contar — e que sabe reinventar a sua própria história sem perder a chama.

Para quem acompanha a edição portuguesa, este é o momento ideal para voltar a mergulhar no caos brilhante de Chainsaw Man.

Chainsaw Man #12, Tatsuki Fujimoto, Devir, 192 pp., p&b, capa mole, 9,99€

26 de setembro de 2025

My Hero Academia #27 – A guerra começa

O 27.º volume de My Hero Academia, publicado pela Devir em Portugal, é daqueles que nos cola às páginas do início ao fim. Depois de muitos preparativos, chega finalmente o momento que os fãs mais esperavam: o início da Guerra da Libertação Paranormal.

Este volume é pura intensidade. Os heróis profissionais, acompanhados pelos alunos da U.A., lançam uma operação em larga escala contra a organização dos vilões liderada por Tomura Shigaraki. É uma ofensiva arriscada, cheia de tensão e com um clima de “ponto sem retorno”.

Kohei Horikoshi mostra aqui toda a sua habilidade em equilibrar acção espectacular com o peso emocional de uma batalha que vai mudar para sempre o rumo da história. Cada personagem tem o seu momento de destaque, e é impossível não sentir o crescimento dos jovens heróis diante de um desafio que os obriga a ir além dos seus limites.

Este volume 27 é, em essência, o início de um arco épico. Se até aqui My Hero Academia explorava sobretudo o crescimento e a formação dos jovens heróis, agora entramos num terreno mais sombrio, onde cada escolha pode custar vidas.

My Hero Academia #27, Kohei Horikoshi, Devir, 184 pp., p&b, capa mole, 9,99€

25 de setembro de 2025

Tintin, c’est l’aventure #25: “Qui sont les Tintin d’aujourd’hui ?”

Acaba de sair o n.º 25 da revista Tintin, c’est l’aventure, com a edição especial intitulada “Qui sont les Tintin d’aujourd’hui ?”.  O presente número será a última publicação série, inicialmente prevista para 24 números.

A revista é uma celebração do legado de Tintin, mas também uma reflexão contemporânea: quem são, hoje, os “Tintins” — estas figuras aventureiras, curiosas, corajosas — que percorrem o mundo explorando, questionando e partilhando histórias? 

Nesta edição, encontramos entrevistas com 23 aventureiros contemporâneos, que de certo modo espelham o espírito de Tintin ao embarcar em projectos reais, desafios sociais ou expedições pessoais. 

São apresentados arquivos e croquis inéditos de Hergé, oferecendo um olhar nos bastidores do processo criativo, quatro bandas desenhadas inéditas para os leitores, ampliando o universo de Tintin com novas histórias e um suplemento especial chamado “Le Vestiaire de Tintin”, em parceria com a GEO, que revisita o guarda-roupa de Tintin e os seus trajes ao longo das aventuras — cruzando moda, cultura e simbolismo.

Tintin, c'est l'aventure #25, 146 pp., cor, 23,98€

dBD nº 196: uma nova fórmula e olhares pessoais na BD

Saiu recentemente o n.º 196 da revista dBD, e este número marca uma viragem interessante: apresenta uma “nova fórmula” editorial que dá mais espaço à criação dos autores e ao percurso pessoal por trás das obras.

Neste número, a revista convida autores como Cosey, Dominique Hé, David B. e Alison Bechdel a reflectirem sobre o próprio trajecto — as suas dúvidas, inspirações e motivações. 

O número tem cerca de 130 páginas e segue equilibrando continuidade (críticas, atualidade BD) e mudança (maior profundidade nos perfis dos autores).

dBD #196, septembre/octobre 2025, 132 pp., cor, 13,40€

Joy, de Etsuko

Joy é um manga do género BL (Boys’ Love), escrito e desenhado por Etsuko. Lançado originalmente em 2018, destaca-se não só pelo tema romântico, mas também pelos dilemas pessoais, pela suavidade narrativa e pela forma como explora emoções interiores com naturalidade.

Etsuko é uma criadora japonesa conhecida por obras com temas de amor, amizade, identidade e relacionamentos, muitas vezes ambientadas em contextos quotidianos, com delicadeza emocional. Destacam-se entre os seus trabalhos In the Apartment, More than Words, Super Natural / Jam e Joy.  

O protagonista da obra Gô Okazaki é um mangaka especializado em shôjo, cujas histórias tradicionalmente visam emocionar leitoras, com romance e ternura. Trabalha com Yusuke Akune, que é o seu ajudante, também envolvido no mundo dos mangás. descobre que Yusuke é homossexual. A partir daí, ao ser convidado pela editora a fazer uma obra BL, começa um processo de fingir um amor platónico por Yusuke, inicialmente para inspiração criativa. Mas aos poucos, os sentimentos fingidos começam a confundirem-se com algo mais real. A narrativa acompanha esse crescimento emocional, o conflito interno de , as expectativas sociais, e os sentimentos reais de Yusuke

Etsuko utiliza um estilo que, embora simples, é muito eficaz. O traço tem delicadeza, expressividade nos rostos, nas reacções, e o ritmo visual favorece momentos de pausa e reflexão, não apenas de romance ou tensão.

Originalmente, Joy foi publicado em dois volumes, optando a Distrito Manga pela edição integral num único tomo.

Joy, Etsuko, Distrito Manga, p&b, capa mole

24 de setembro de 2025

AmadoraBD 2025: já há nomeados e muitas novidades!


O AmadoraBD está de volta e a 36.ª edição promete ser especial. Os livros “Borboleta”, de Madeleine Pereira, e “Os Filhos de Baba Yaga”, de Luís Louro, são alguns dos mais nomeados para os prémios deste ano — e já dão o mote para uma edição cheia de talento.

Ao todo, 25 obras estão a concurso em cinco categorias. A mais cobiçada é a de Melhor Obra de BD de Autor Português, que vem com um prémio de 5.000 euros. Aqui brilham nomes como Madeleine Pereira, Osvaldo Medina, Nunsky, Xico Santos & Audrey Cailllat… e claro, o veterano Luís Louro, que comemora 40 anos de carreira com dupla nomeação.

Madeleine Pereira, que conta em “Borboleta” uma história familiar sobre emigração em tempos de ditadura, também está indicada ao Prémio Revelação. Já na BD estrangeira publicada em Portugal, os franceses levam a dianteira com álbuns como “O Meu Irmão”, de Jean-Louis Tripp, e “Na Cabeça de Sherlock Holmes”, de Cyril Liéron e Benoît Dahan.

Os vencedores serão anunciados a 26 de Outubro. 

De 23 de Outubro a 2 de Novembro, a Amadora transforma-se na capital portuguesa da BD. Serão 13 exposições, entre elas retrospetivas de Alice Geirinhas e Diniz Conefrey, e mostras dedicadas a artistas como Paco Roca, Bea Lema, Luís Louro, Zeina Abirached e os gémeos brasileiros Fábio Moon & Gabriel Bá.

Haverá ainda espaço para grandes celebrações: os 150 anos do Zé Povinho, os 85 anos de Spirit, os 75 anos de Peanuts e os 65 da Liga da Justiça. É a desculpa perfeita para revisitar clássicos!

E este ano há novidades que os fãs vão adorar: o horário das sessões de autógrafos vai ser alargado e estreia-se a “Hora da BD”, com descontos em livros.

Desde 1990, o AmadoraBD tem sido o ponto de encontro para autores, leitores e curiosos. Mais do que um festival, é uma festa para todos os apaixonados pela nona arte.

Monster #6

O sexto volume de Monster, de Naoki Urasawa, representa uma viragem na narrativa, tanto ao nível da tensão psicológica como no avanço da perseguição de Tenma a Johan. Urasawa mantém a mestria narrativa que o caracteriza, entrelaçando suspense, dilemas éticos e uma profunda reflexão sobre a natureza do mal.

Neste volume acompanhamos o aprofundar da perseguição a Johan, enquanto o Dr. Kenzo Tenma se aproxima cada vez mais da figura enigmática do seu antigo paciente e actual antagonista. Entre os acontecimentos principais, destacam-se:

  • A investigação de Richard Braun, um ex-polícia alcoólico contratado como detective privado, que se vê progressivamente envolvido nos mistérios em torno de Johan. A sua luta contra os vícios pessoais funciona como contraponto à luta moral de outros personagens.

  • O retrato das consequências dos crimes de Johan, que manipula e destrói vidas sem recurso à violência directa. Urasawa evidencia como o mal pode ser exercido de forma subtil, através da influência psicológica e da exploração das fragilidades humanas.

  • O aproximar inevitável do confronto entre Tenma e Johan, com o médico a debater-se cada vez mais com a questão central: até que ponto está disposto a ir para travar o “monstro” que ele próprio salvou no passado?

O sexto volume é fundamental porque aprofunda a dimensão psicológica da narrativa. A introdução de Richard Braun enriquece a galeria de personagens que, de diferentes formas, ilustram o modo como Johan envenena tudo o que toca. Ao mesmo tempo, coloca Tenma perante o espelho da sua própria identidade: será ele apenas médico, ou estará destinado a transformar-se em assassino?

Monster #6, Naoki Urasawa, Devir, 400 pp., p&b, capa mole, 20€

Unico #2: Perseguido

Unico, criado por Osamu Tezuka, é um mangá clássico de fantasia que mistura inocência, aventura e temática emocional, originalmente publicado entre 1976 e 1979. A personagem titular é um unicórnio que pode trazer alegria aos outros, mas está sujeito às adversidades e à vingança dos deuses. 

Em 2024-2025, surge uma nova versão/reboot, desenvolvida em colaboração entre a Tezuka Productions e artistas contemporâneas — com argumento de Samuel Sattin e desenho pelo estúdio Gurihiru. O segundo volume desta série é Unico: Hunted (ou Perseguido, conforme a edição portuguesa). 

Neste segundo tomo, Unico desperta “perdido no tempo e no espaço” numa cidade fabril abandonada dominada por uma grande fábrica sinistra. Conhece Chiko, uma menina humana frágil e solitária, que está doente e presa sob o domínio do sistema opressor.  Uma força má (representada por uma máquina robótica — “Mother”) controla a fábrica e ameaça acabar com os seres vivos. Enquanto Unico tenta salvar Chiko, também enfrenta a perseguição da deusa Vénus, que enviou um guerreiro lendário para o caçar.

Unico #2: Perseguido, Gurihiru e Samuel Sattin, Distrito Manga, 224 pp., p&b, capa mole

23 de setembro de 2025

Alix Senador #13: O antro do Minotauro

A história passa-se em Roma, no ano 12 a.C., sob o império de Augusto, que domina com poder absoluto. Alix é agora um senador, já com mais de 50 anos. 

Neste episódio, Alix parte em busca da Atlântida, viagem essa que o leva ao arquipélago de Thera. Lá, descobre vestígios sombrios do templo do Minotauro — um local que ele já explorara quando era jovem.

Durante a viagem, uma tempestade obriga o barco de Alix a fazer escala numa ilha de piratas. O chefe dos piratas, sedento de riquezas, planeia saquear o templo do deus canibal, ignorando advertências do mal presente no interior da caverna do Minotauro. 

Elementos sobrenaturais / mitológicos entram em cena: as bolas de fogo incrustadas nas paredes do templo castigam quem profana o lugar. Há perigo oculto, mistério, tesouros e também consequências para a ambição desmedida.

Alix Senador #13: O antro do Minotauro, Valérie Mangin e Thierry Démarez, Gradiva, 56 pp., cor, capa dura, 20,99€

Amável, o Pugilista Gentil: a BD de Ozzy que reinventa o boxe

Na encruzilhada entre força e sensibilidade, nasce Amável, o Pugilista Gentil, a mais recente criação do português Ozzy no universo da banda desenhada. A obra traz uma nova perspectiva sobre o boxe — não apenas como desporto de impacto, mas também como metáfora para a vida, os afectos e a superação pessoal.

Amável é um boxeur diferente. Em vez da agressividade que normalmente associamos ao ringue, ele destaca-se pela sua gentileza, empatia e humanismo. Treina duro, enfrenta adversários fortes, mas nunca perde o sentido de respeito pelo outro. A sua maior luta não é apenas contra rivais, mas contra a ideia de que a força deve ser sinónimo de violência.

Miguel Fernandes, ou Ozzy, nasceu em Castelo Branco, sendo licenciado em Artes Plásticas e mestre em Ilustração e Animação. Atualmente, reside em Braga, onde é cofundador do Ateliê Cobalto.

O autor e ilustrador, conjuga um traço expressivo com um ritmo narrativo cinematográfico. As pranchas jogam com contrastes visuais: a dureza do ringue versus a delicadeza das expressões de Amável, a explosão dos socos versus o silêncio introspectivo nos bastidores. O resultado é uma obra que prende tanto pelo olhar artístico como pela densidade emocional.

O seu trabalho criativo foca-se muito em ilustração e banda desenhada que procura envolver o leitor, através de personagens cativantes, provenientes do seu imaginário, muitas das vezes utilizando o humor como ferramenta principal para enfatizar as diferentes inquietações que aborda nas suas obras. Dos diferentes trabalhos publicados, é co-autor do livro infantojuvenil As Iludências Aparudem (2024), bem como da edição gráfica do álbum «A 13 Palmos da Sorte», da banda Wakadelics.

Num mundo em que a agressividade muitas vezes domina os discursos, Amável, o Pugilista Gentil propõe uma visão alternativa: a de que é possível ser firme sem perder a humanidade. É uma banda desenhada que dialoga com leitores jovens e adultos, desportistas e não-desportistas, trazendo uma reflexão necessária sobre valores e identidade.

Amável, o Pugilista Gentil, Ozzy, Iguana, 173 pp, p&b, capa dura, 20,95€

22 de setembro de 2025

Mafalda, a pequena filósofa

Mais um volume da colecção da editora Iguana da série criada por Quino. Para este volume foram escolhidas algumas tiras que ilustram o "pensamento filosófico" da Mafalda.

Com apenas seis anos, a Mafalda questiona o mundo com uma lucidez que desarma adultos e crianças. Entre perguntas desconcertantes e reflexões bem-humoradas, ela denuncia injustiças, desafia o status quo e exige respostas — sempre com um laço no cabelo e uma dose saudável de sarcasmo.

O livro reúne as tiras mais filosóficas da Mafalda — as que nos fazem rir e, ao mesmo tempo, pensar. Questões sobre a paz, o papel da mulher, a escola, os pais, a comida, o planeta e a humanidade são abordadas com a franqueza desarmante que só uma criança (muito perspicaz) poderia ter.

Mais do que uma banda desenhada, este é um convite à reflexão. A Mafalda não nos dá respostas, mas levanta perguntas que continuam a ser surpreendentemente atuais. E talvez seja isso que faz dela uma verdadeira pensadora do nosso tempo.

Mafalda, a pequena filósofa, Quino, Iguana, 112 pp., capa mole, p&b, 14,65€

Céleste e Proust

Céleste e Proust é um romance gráfico em dois volumes escrito e ilustrado por Chloé Cruchaudet, publicado pela editora francesa Soleil. O primeiro tomo, lançado em Junho de 2022, intitula-se Bien sûr, Monsieur Proust, e o segundo, lançado em Novembro de 2023, Il est temps, monsieur Proust.

A Iguana optou por lançar no mercado português um integral com os dois volumes.

A história acompanha Céleste Albaret, que foi servente, confidente e importante colaboradora de Marcel Proust entre 1913 e 1922. Ela não é apenas retratada como uma serviçal, mas como figura essencial na vida e no processo criativo do autor .

Tendo vindo de um meio rural e simplório, Céleste adaptou-se ao universo sofisticado de Proust, desenvolvendo uma profunda amizade complexa com o escritor. Cruchaudet explora essa relação com sensibilidade, destacando tanto a devoção quanto os desafios quotidianos entre os dois.

O traço de Cruchaudet é leve, elegante e evocativo. Ela utiliza aquarela, cores suaves e técnicas que mesclam os planos realistas com elementos quase fantasmagóricos. A narrativa visual flui de forma livre, com composições que fogem do quadrado tradicional, reflectindo a atmosfera emocional e poética da história.

A inspiração inicial de Cruchaudet surgiu de um programa de rádio na France Culture em 2019, onde ouviu pela primeira vez o timbre de voz de Céleste Albaret e ficou fascinada pela sua naturalidade e emoção ao lembrar Proust.

Para reunir material, Cruchaudet mergulhou na obra de Proust — especialmente À la recherche du temps perdu — estudou entrevistas, vídeos e fez uso das notas deixadas por Proust a Céleste, muitas das quais estão preservadas em arquivo no estado do Texas e disponíveis online.

Céleste e Proust, Chloé Cruchaudet, Iguana, 256 pp., cor, capa dura, 25,95€

21 de setembro de 2025

Acredita ou então faz como os Desencantados

Uma novela gráfica irreverente, com um toque sombrio, humorístico e inovador, que subverte a imagem tradicional das fadas.

Algumas histórias dizem-nos que as fadas são criaturas doces e bondosas. Bem, essas histórias estão ERRADAS. As fadas são sorrateiras e tão mágicas como as lesmas.? E teimosas… E espontâneas… E conflituosas… E muitíssimo divertidas.

Descobre o seu mundo (des)encantado numa aventura emocionante cheia de mistérios, rivalidades e segredos muito reveladores sobre estas criaturas.

Huw Aaron é um autor, cartoonista e ilustrador galês. Após uma breve e decepcionante carreira como contabilista, Huw trabalhou como cartoonista de revistas, começando depois a fazer banda desenhada e a ilustrar livros infantis na sua língua materna, o galês. Vive em Cardiff com a sua mulher, Luned, e as duas filhas, igualmente apaixonadas por banda desenhada.

Acredita ou então faz como os Desencantados, Huw Aaron, Nuvem de Letras, 256 pp., cor, capa mole

19 de setembro de 2025

História de Uma Gaivota e do Gato Que a Ensinou a Voar

O clássico do escritor chileno Luis Sepúlveda numa nova versão com desenhos apelativos de Cever, que amplificam a magia de uma história intemporal.

Junto ao porto de Hamburgo, Zorbas, um gato grande, preto e gordo, promete a uma gaivota que veio morrer na varanda de sua casa que não só chocará o ovo que esta acabara de pôr, como criará a pequena gaivota e ensiná-la-á a voar. Comprometidos pela mesma promessa, o bando dos gatos do porto vai mobilizar-se para o ajudar, por muito difícil que a invulgar tarefa seja...

As aventuras de Zorbas, o gato, de Ditosa, a jovem gaivota, e dos seus amigos foram imaginadas pelo grande escritor chileno Luis Sepúlveda, tendo conquistado milhões de leitores em todo o mundo, tocados pela poesia e pelos valores universais desta história que tem a graça de uma fábula e a força de uma parábola.

Cever, que se «apaixonou» por este texto, oferece-nos uma magnífica personificação desenhada da improvável amizade entre um felino e um pássaro, conseguindo combinar na perfeição o humor e a fantasia com temas muito actuais como o ambiente, o respeito pela diferença e a solidariedade.

História de Uma Gaivota e do Gato Que a Ensinou a Voar, Cever, Porto Editora, 104 pp., cor, capa dura, 19,99€

18 de setembro de 2025

Jardim aos Quadradinhos

 


O Silêncio de Didier Comès: uma obra-prima da banda desenhada europeia

Publicada em 1979, Silêncio é uma das obras mais emblemáticas de Didier Comès, autor belga reconhecido como um dos grandes nomes da banda desenhada contemporânea. Trata-se de um livro que combina poesia, misticismo e crítica social, tudo envolto numa atmosfera profundamente humana e melancólica.

A história acompanha Silêncio, um jovem camponês surdo-mudo e com uma mente simples, que vive numa aldeia marcada por preconceitos, violência e superstições. É através dele — um ser frágil aos olhos dos outros, mas dotado de uma sensibilidade rara — que o leitor entra num universo onde a dureza da vida rural se cruza com o fantástico, a magia e a tragédia.

O contraste entre a inocência de Silêncio e a crueldade daqueles que o rodeiam dá ao livro uma força particular. Comès usa o protagonista como espelho de uma sociedade que marginaliza os diferentes e, ao mesmo tempo, como veículo para uma narrativa carregada de simbolismo. Há no enredo ecos da tradição oral, do xamanismo e do folclore europeu, mas também uma crítica à intolerância e à exclusão.

Do ponto de vista gráfico, o preto e branco de Comès é deslumbrante. Cada página é trabalhada com uma intensidade expressiva que reforça a atmosfera sombria da história. A ausência de cor não é uma limitação, mas sim uma escolha estética que amplia a profundidade emocional e poética da obra.

Mais de quatro décadas depois da sua publicação, Silêncio permanece atual e tocante. É um livro que fala da diferença, da opressão, mas também da ternura e da possibilidade de ver o mundo através de outros olhos. Um clássico da banda desenhada que continua a comover leitores e a inspirar novos autores.

Silêncio, Didier Comès, Devir, 144 pp., p&b, capa dura, 22€

16 de setembro de 2025

Os livros Stitch! de Yumi Tsukirino

A série de mangás Stitch!, criada por Yumi Tsukirino, faz parte da linha Disney Manga publicada pela Tokyopop, onde adapta o universo de Lilo & Stitch, reposicionando Stitch num cenário diferente—uma ilha próxima a Okinawa, Japão—onde vive novas e divertidas aventuras com uma amiga japonesa chamada Yuna.

O mangá é organizado em histórias curtas e divertidas, ideais para crianças, nas quais Stitch realiza pequenas tarefas ou “boas acções", como pescar, assar um bolo ou até aprender a usar hashis. Depois, há também um bloco de histórias ambientadas no Hawai, com Lilo, Nani e a restante família.

A D. Quixote edita os dois primeiros volumes, apresentando as seguintes sinopses:

Volume 1: Tu conheces e adoras as aventuras havaianas do Stitch… por isso, junta-te à tua criatura alienígena preferida enquanto visita uma ilha japonesa perto de Okinawa, onde faz amizade com uma menina chamada Yuna, que é uma craque no karaté. Vem daí, enquanto a Yuna e o Stitch vão pescar, participam num concurso de máscaras e até tentam fazer um bolo! Nunca se sabe em que sarilhos se metem a seguir!

Volume 2: Adoraste-o em Lilo & Stitch. Agora, as aventuras do Stitch continuam numa ilha japonesa perto de Okinawa, com a sua nova amiga, Yuna. Junta-te ao Stitch enquanto ele aprende a cortar a relva, tenta fazer de babysitter e esforça-se por se tornar num verdadeiro ninja japonês. As suas travessuras hilariantes são literalmente de outro mundo! 

Stitch!, Livros 1 e 2, Yumi Tsukirino, D. Quixote, 160/176 pp., cor, capa mole, 11,90€ cada volume

15 de setembro de 2025

O Homem de Negro

Grégory Panaccione, ilustrador e autor que já se destacou por obras como Um oceano de amor e Alguém com quem falar, lança O Homem de Negro,  versando o pesadelo social do abuso sexual de crianças. 

Mattéo é um rapaz que tem tudo para ser feliz. Vive numa casa encantadora rodeado pelo carinho dos pais e Tommy, o seu cão e companheiro favorito. No entanto, todas as noites, tem o mesmo pesadelo angustiante: um homem de negro aterroriza-o até ele acordar. Ele ainda não sabe que só um confronto lhe permitirá que se liberte das suas garras... 

O Homem de Negro, Grégory Panaccione e Giovanni Di Gregorio, ASA, 112 pp., cor, capa dura, 22,90€