A narrativa inicia-se com uma frase de Saramago: «O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever». Essa frase serve de porta de entrada para o livro, que assume o neto do “homem mais sábio” (o avô de Saramago, Jerónimo Melrinho) como guia simbólico.
A história entrelaça a vida do avô Jerónimo com a vida de Saramago desde a infância na Azinhaga (Ribatejo) até ao exílio voluntário em Lanzarote, e envolve ainda a presença do heterónimo de Saramago, Ricardo Reis (criado por Saramago), numa conversa ficcional com o avô.
Graficamente, a obra revela-se como uma “viagem” visual pela obra e personalidade de Saramago, fazendo homenagem tanto ao escritor como à literatura portuguesa em geral.
Adicionalmente, o prefácio de Valter Hugo Mãe elogia a obra por “intimar” com Saramago de modo surpreendente, e pela sua lisura narrativa.
O estilo gráfico de Tomás Guerrero é marcado pela ilustração cuidada, pela composição visual que conjugam texto e imagem de forma fluida. A estrutura de novela gráfica permite que a narrativa se desdobre entre painéis visuais, diálogos e legendas, o que torna a leitura diferente de um romance tradicional, oferecendo outra experiência estética e cognitiva.
O neto do homem mais sábio - Uma biografia de José Saramago, Tomás Guerrero, Porto Editora, 152 pp., cor, capa dura, 19,99€


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