Janeiro de 1940. Um inverno particularmente rigoroso abateu-se sobre Bruxelas. Enquanto todos aguardam com apreensão a chegada iminente da guerra, Fantásio alista-se no exército belga. Colocado no forte de Ében-Émael, aguarda impacientemente o início dos confrontos com a certeza absoluta de que os exércitos francês e britânico esmagarão o exército alemão…
Quanto a Spirou, continua a ser paquete e a viver o mais normalmente possível. O seu encontro com Félix, um pintor judeu alemão cuja obra foi considerada degenerada pelos nazis, e Felka, a sua mulher, vai dar a conhecer a Spirou a questão judia e a complexidade da situação internacional.
Quando a guerra eclode, Fantásio tenta servir a pátria o mais heroicamente possível. Spirou, por seu turno, tenta compreender a complexidade da situação através de encontros com personagens profundamente humanas e procura tornar-se útil mantendo-se fiel aos seus valores.
Escrita por uma das figuras mais destacadas do atual panorama da banda desenhada em França, esta é uma obra de grande fôlego (sendo este volume o primeiro de quatro), que constitui um verdadeiro romance literário em BD onde se misturam acção, humor, verdades históricas e reflexões filosóficas.
Émile Bravo nasceu em 1964, em Paris, de pais espanhóis. Cresceu a ler todo o panteão da BD franco-belga (Astérix, Spirou, Tintin, Lucky Luke…) e cedo se sentiu ligado a esse universo. Segue, no entanto, estudos técnicos.
Contudo, quando descobre Pratt e toma consciência de que a vida é só uma, decide por fim lançar-se na banda desenhada. Depois de uma autoformação, Émile Bravo encontra o seu grande cúmplice, Jean Regnaud, com o qual publica o seu primeiro álbum de BD, Ivoire, em 1990. A dupla haverá de lançar vários outros álbuns ao longo das próximas décadas.
Em 1992, juntou-se ao Atelier Nawak, com Lewis Trondheim, Christophe Blain, David B., Joann Sfar e Fabrice Tarrin. Mais tarde, em 1995, foi um dos fundadores do Atelier des Vosges, juntamente com a maioria dos membros do Atelier Nawak e Frédéric Boilet, Mariane Satrapi e Marc Boutavant.
Próximo de vários autores importantes da editora L’Association, Émile Bravo distingue-se pelo grande respeito que nutre pela tradição e pelos cânones da BD de aventuras para jovens, nomeadamente pelos princípios da linha clara de Hergé, que contribui para reavivar.
É aliás nesse contexto que publica em 2008 o incontornável Diário de Um Ingénuo, onde imagina as origens do famoso paquete de hotel criado por Rob-Vel 70 anos antes. Esta aventura narra as aventuras do jovem Spirou no dealbar da Segunda Guerra Mundial e cativou tanto o público como a crítica, não só pela frescura gráfica e narrativa mas também pela sua virulenta e muito pedagógica crítica à guerra.
O álbum recebe inúmeros prémios e distinções e o autor decide dar-lhe continuidade em L’Espoir malgré Tout, mais de 300 páginas divididas por 4 álbuns que descrevem as aventuras de Spirou durante a ocupação nazi da Bélgica.
Spirou - A Esperança Nunca Morre... - Primeira Parte, Émile Bravo, ASA, 88, cor, capa dura, 19,90€
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