Numa pitoresca vila costeira, vivem-se os últimos dias do seu decrépito serviço de eléctricos. Elviro Bolacho, entusiasta de velhos veículos de transporte público, aproveita as férias de Verão com a esposa Ataílde para registar tudo o que pode desses derradeiros instantes. Uma zanga entre o casal leva a que passem a estadia separados: Ao longo de sete dias, ela toma banhos de sol com um amigo de ocasião numa praia infestada de mirones, enquanto ele passa o tempo à volta dos eléctricos, entre os seus registos e um esforço para tentar salvar o que resta, sem suspeitar que a sua atracção por uma jovem doceira irá desencadear precisamente o oposto.
Paulo J. Mendes nasceu no Porto em 1965, tendo desenvolvido desde cedo o gosto pelo desenho. Frequentou a Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, sendo dessa altura os primeiros e toscos esforços em banda desenhada que publica no recém-aparecido fanzine “Comicarte”, com cuja estrutura associativa colaboraria na organização das primeiras edições do saudoso Salão de Banda Desenhada do Porto. Participaria ainda em algumas publicações de efémera duração, como o “Jornal de Ramalde” ou o descabelado fanzine “Düdü”, que cria com mais dois amigos. A vida profissional e o aparecimento de outros interesses irão afastá-lo por algumas décadas do universo da BD, tanto como praticante como leitor. Trabalhou como desenhador publicitário em listas telefónicas e também como pintor de azulejaria, tendo de permeio experiências tão diversas como a ilustração de temática ferroviária, desenho de medalha e de ex-líbris, ou ainda a pintura em aguarela. Em 2014, começou a praticar em diário gráfico o desenho de observação, habitualmente designado “Urban Sketching”; pratica diariamente, expõe os trabalhos e também orienta workshops, estando os seus desenhos publicados em vários livros sobre o tema. Em 2017, com a leitura de alguns álbuns de BD emprestadas por um amigo, dá-se o ressurgir do interesse pela banda desenhada e consequente vontade de voltar à mesa de trabalho. Desse exercício de retoma nasceu “O Penteador”, primeira obra publicada em 2020 pela editora Escorpião Azul, e agora o recém-chegado “Elviro”.
Sem comentários:
Enviar um comentário