11 de maio de 2022

Lançamento A Seita - Lucky Luke: Os Choco-Boys

Já está nas livrarias por todo o país a novidade "Lucky Luke: Os Choco-Boys", de Ralf König, mais um volume da colecção Lucky Luke visto por... de homenagens ao cowboy de Morris. Desta feita, o autor é o alemão Ralf König, um dos nomes grandes da BD europeia, um ícone da BD gay e também um dos grandes autores humorísticos actuais. O seu Lucky Luke é, obviamente, irreverente e pouco tradicional, mas é também respeitoso com a personagem, e muito, muito divertido!

Os Choco-Boys é o quinto (e o último!) dos volumes da colecção Lucky Luke visto por..., a colecção de homenagens ao cowboy que dispara mais rápido do que a sombra, criadas por alguns dos nomes maiores da BD franco-belga e... alemã, o que diz muito da imensa popularidade da personagem na Alemanha, e da vontade dos criadores alemães de trabalharem com ela. Depois de Matthieu Bonhomme, Mawil e Guillaume Bouzard, encerramos a colecção com chave de ouro e com um livro de um dos ícones da BD gay, humorística e irreverente, Ralf König, que há mais de três décadas defende os direitos dos homossexuais, não sem gozar com eles e com todos os mitos à sua volta.

Mas desenganem-se os leitores que estão à espera de uma “desconstrução” do herói de Morris, ou de uma BD que não seja fiel à sua memória, e que não o trate com a simpatia e respeito devidos. Mesmo rodeado de cowboys gays, Índias queer, pistoleiros com nomes como Cliff Hanger e Ness Quick, ou vacas lilases, Lucky Luke não deixa de ser Lucky Luke.

Não, na verdade nunca imaginei o Lucky Luke como homossexual, mesmo que apenas reprimido. Para mim, ele é alguém que reprime os sentimentos todos em relação a todas as pessoas. Gosta apenas da solidão, do Jolly Jumper e dos pores-do-sol. E para ele chega. Os homens desse tipo estão em vias de desaparecer... Acho-os irresistíveis! Poderia facilmente apaixonar-me pelo Lucky Luke... e ia sofrer terrivelmente!”, ironiza König. E neste volume Lucky Luke vai enfrentar os machistas e os moralizadores todos que aterrorizam o Velho Oeste, e devolver a todas as personagens o direito ao amor e à diferença!

Nascido em 1960 em Soest, Ralf König desenhou demasiados Patos Donald na infância e, após um período demasiado curto como aprendiz de carpinteiro (isto de acordo com os pais), foi inesperada e subitamente admitido na Escola de Artes de Düsseldorf, onde conseguiram que se portasse bem ao longo de 5 anos, fornecendo-lhe aguarelas, plasticina e livros para colorir. Os professores nem deram por ele, mas fartou-se de ilustrar banda desenhada. Apesar de uma predisposição para o mesmo sexo e um excesso de imaginação comprovados, libertaram-no após dez semestres. Desde então, tem massacrado o público alemão e do estrangeiro com as suas figuras hedonistas e desinibidas de nariz abatatado, o que, em 1993, lhe mereceu a acusação do Escritório do Bem-Estar da Juventude Bávaro de normalizar a homossexualidade e discriminar a heterossexualidade (a liberdade artística safou-o dessa). Ralf König vive e faz os seus rabiscos em Colónia, felizmente sem ser molestado pelas autoridades.

A população do faroeste era bem mais heterogénea do que se pensa. O mito da promessa de liberdade do Oeste atraiu pessoas de todas as cores do mundo inteiro, entre as quais os que tiveram de abandonar a sua pátria por este ou aquele motivo, ou decidiram tentar a sorte noutras paragens. Cowboys homossexuais existiram, de facto, bem como pistoleiras lésbicas e nativo-americanos de afins preferências sexuais. Em suma, o faroeste era um lugar bem colorido. As histórias de Bud e Terry, Sitting Butch e Calamity Jane e Buffalo Bitch, podiam perfeitamente ter acontecido. Só a parte das vacas suíças em vales viçosos é que é capaz de ter sido inventada.”

Ralf König

Lucky Luke visto por...: Os Choco-Boys, Ralf König, A Seita, 64 pp, cor, capa dura, 16,95€







Sem comentários:

Enviar um comentário