Chega ao fim esta colecção da Lenoir, distribuída com o jornal Público, com o título em epígrafe.
Eis a sinopse da editora:
Pistoleiro, Encantadora, Beladona, Capitão Bumerangue e Tigre de Bronze são alguns dos vilões que, sob a coordenação do Coronel Rick Flagg Jr., formam o Esquadrão Suicida, um grupo secreto do governo americano. Constituído por supercriminosos recrutados em troca da redução das suas penas, o Esquadrão é usado para missões suicidas, de cuja existência o governo pode facilmente negar ter conhecimento, em caso de fracasso. John Ostrander e Luke McDonnell mostram-nos as primeiras missões do Esquadrão Suicida no tempo da Guerra Fria, dando a conhecer ao leitor português um dos mais originais conceitos de supergrupo da DC, e o primeiro dessa editora a chegar ao cinema.
O Esquadrão Suicida, também conhecido como Task Force X, é um nome de duas organizações fictícias no Universo DC. A primeira versão estreou em The Brave and the Bold # 25 (1959), mas os protagonistas ainda alinhavam pelo diapasão da época, que ditava que todos os heróis fossem apolíneos e impolutos. A segunda foi em Legends # 3 (1987) e um original Esquadrão Suicida deu continuidade à sua existência em Secret Origins # 14, a fim de formar uma conexão entre as duas equipas.
John Ostrander foi o argumentista responsável por esta segunda série, que conheceu uma popularidade bem maior do que a primeira, tendo muitas vezes escrito as histórias (66 números da revista) em parceria com a sua mulher Kim Yale, com quem reintroduziu a paraplégica Barbara Gordon como Oráculo no #23. Ostrander, que estudou teologia e tinha sido actor, começou a escrever BD em 1983, ano em que co-criou com Timothy Truman o violento Grimjack para a First Comics. Três anos depois, estreou-se na DC, precisamente com o argumento da mini-série Legends, a que se seguiu Suicide Squad. O desenho da série ficou, na maioria dos casos, a cargo de Luke McDonnell, que ganhara reputação na casa a ilustrar a Liga da Justiça.
O conceito lembra o filme Doze Indomáveis Patifes de Robert Aldrich, em que um grupo de super-criminosos aceitam participar em missões suicidas em troca de redução ou anulação de penas. Vilões em missões mais ou menos oficiais, mais ou menos secretas, é um conceito intrigante, mas Ostrander ainda o fez mais interessante, ao incluir representantes do governo americano na equipa.
Sob o comando do instável e desequilibrado Rick Flag Jr, o grupo era formado por uma mistura de personagens muito diversas. Os mais populares eram o pistoleiro Deadshot, o Capitão Bumerangue, que era um dos principais inimigos do Flash desde o início da década de 60, o Tigre de Bronze, que foi popularizado nas revistas de artes marciais dos anos 70, a super-espia Nightshade, e o mestre do disfarce Nemesis, criado em 1980, que tenta com aquelas missões espiar os pecados dos crimes que cometeu quando foi vítima de lavagem cerebral. A natureza das personagens assentava, por isso, que nem uma luva naquilo que parecia ser o interesse principal dos leitores na época: personagens amorais, muita violência, ação trepidante, doses valentes de humor negro, reviravoltas inesperadas e imprevisibilidade no desfecho.
E é esta análise que torna a série tão especial: não por seguir o mesmo conceito que o filme famoso, Doze Indomáveis Patifes, mas por ser uma obra que retrata um tempo muito especifico que apesar de não se poder duplicar, será com certeza divertido conhecer ao ler este volume.
Super-Heróis DC Comics #15 - Esquadrão Suicida: Nós que vamos morrer, John Ostrander (argumento) e Luke McDonnell (desenho), Levoir, 152 pp., 9,90 €
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