Dakota, 1880. Acompanhado por Hank Bully e pelo jovem Baldwin, Lucky Luke acompanha uma diligência até à Califórnia. Uma viagem do norte ao oeste dos Estados Unidos, contada em sete histórias e outros tantos encontros. Escravos libertos, mulheres românticas ou impetuosas, um fotógrafo visionário, pistoleiros experientes, poetas e nativos americanos cruzam-se com Lucky Luke e os seus companheiros.
Antes de encontrar Jolly Jumper e defrontar os irmãos Dalton, Lucky Luke foi guarda de diligência e atravessou o Oeste, sobrevivendo a um enforcamento (o que lhe valeu a alcunha de “Lucky”). Uma longa viagem, em que, além de índios e desperados, enfrentou a fúria da Natureza selvagem e encontrou personagens históricas como Louis Riel, Annie Oakley, os poetas Paul V. Sullivan e John Arthur Cullingam, o fotógrafo Curly Wilcox e o escritor Baldwin Chenier, cujos relatos inspiraram as sete histórias curtas deste livro, onde a História e a lenda se confundem, criadas pelo argumentista Appollo e pelo artista Brüno, duas importantes vozes da nova banda desenhada franco-belga, e que nos mostram um Lucky Luke na sua juventude, antes de ser o Luke que conhecemos, numa homenagem que nos apresenta um herói mais realista.
O desenho de Brüno, característico pelo uso de formas simples, composições geométricas e contrastes fortes, imprime à obra uma estética quase cinematográfica. O seu traço depurado, próximo de um noir despojado, reforça a aridez dos ambientes e a crueldade crua de uma época em que cada gesto podia significar vida ou morte. A economia de linhas e a ausência de excessos visuais criam uma atmosfera que lembra tanto o western crepuscular como a banda desenhada de género mais contemporânea.
Apesar da ambientação histórica, Dakota 1880 não é um exercício nostálgico. Pelo contrário, trata-se de um western desromantizado, que olha para a fronteira como um espaço de conflito, cobiça e reconstrução permanente. A narrativa convida a reflectir sobre temas como a ocupação territorial, a violência estrutural e a formação de identidades num cenário onde quase tudo se encontra em disputa.
A Seita continua a sua colecção de homenagens Lucky Luke visto por... com o magnífico Dakota 1880, de Brüno e Appollo que recolhe sete histórias curtas de um jovem Lucky Luke, passadas imediatamente antes de Morris começar a contar as suas aventuras no álbum Arizona 1880, de 1946. Uma recolha de sete histórias curtas, seguindo o modelo de Sept Histoires de Lucky Luke, álbum de Morris e Goscinny, de 1974, que reúne uma das mais prestigiadas duplas de autores da moderna BD franco-belga. A edição portuguesa d’A Seita, lançada em simultâneo com a edição francesa, conta com duas capas diferentes, uma delas exclusiva da Wook, e dois ex-libris separados, um para a edição normal, para os 100 primeiros compradores no nosso site, e outro para os primeiros 100 da versão da Wook.
Natural da Tunísia, onde nasceu em 1969, Olivier Appollodorus, que assina Appollo, cresceu na África do Norte e na ilha da Reunião. Por entre uma carreira como professor de literatura e escritor, sempre viveu a paixão da BD. Em adolescente ajudou a fundar uma revista de banda desenhada, em 1986, publicada até ao início do século XXI, e mais tarde colaborou com o desenhador Mad, que conheceu quando estudava em Paris, e com quem assinou três álbuns que o lançaram como autor de BD. Desde então colaborou com muitos dos grandes desenhadores da BD francesa, como Lewis Trondheim ou Manu Brughera, entre outros, mas sobretudo com Brüno, que passou a ser o seu principal colaborador. A dupla assinou muitos álbuns, entre os quais este Dakota 1880. Em 2012, Appollo foi laureado com o prémio Jacques Lob, que recompensa um argumentista pelo conjunto da sua obra.
Nascido em 1975, Brüno estreou-se como autor de BD em 1996, com alguns álbuns publicados em editoras pequenas ao longo dos anos seguintes, antes de passar para a Vents d’Ouest em 2001, onde assinou a série Inner city blues, com argumento de Fatima Ammari-B. Mas é o seu encontro com Appollo em 2007 que vai mudar a sua carreira. Assina com ele pela Dargaud vários álbuns de sucesso, incluindo L'homme qui tua Chris Kyle, uma BD/reportagem sobre o soldado americano que inspirou o filme American Sniper, de Clint Eastwood, e colabora com argumentistas vários, incluindo Fabien Nury, com quem cria a série série Tyler Cross. As suas colaborações com estes dois argumentistas continuaram a bom ritmo, e Dakota 1880 é o seu mais recente trabalho com Appollo.
Uma homenagem a Lucky Luke criado por Morris: Dakota 1880, Appollo e Brüno, A Seita, 64 pp., cor, capa dura, 19€












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